As autoridades de saúde francesas recomendaram nesta sexta-feira (12) "oferecer apenas uma dose" da vacina contra a covid-19 para pessoas "que já tiveram uma infecção" com o coronavírus, tornando-se assim o primeiro país a fazer tal recomendação.
Pessoas curadas da covid-19 "já desenvolveram memória imunológica durante a infecção. A dose única da vacina terá, portanto, um papel de lembrete", explicou a Alta Autoridade em Saúde (HAS) em seu parecer, que ainda não recebeu o aval do governo.
A autoridade também recomendou esperar "mais de três meses" após a doença, "e de preferência seis meses", antes de injetar essa dose única.
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"Até à data, nenhum país se posicionou claramente sobre uma vacinação de dose única para pessoas que contraíram a covid-19 antes da vacinação", ressaltou o organismo.
Nos últimos dias, essa solução foi mencionada em diversos estudos realizados nos Estados Unidos e na Itália, mas que ainda não foram avaliados por outros cientistas.
Além dos benefícios para a saúde, os pesquisadores por trás destes trabalhos apontaram que administrar uma única dose em pessoas que já estiverem doentes poderia economizar doses em um contexto de oferta restrita.
O governo francês geralmente segue o conselho da Autoridade de Saúde. No final de janeiro, porém, considerou que o tempo entre as duas doses da vacina Pfizer não poderia ser aumentado, contrariando a recomendação feita alguns dias antes pela HAS.
As autoridades sanitárias apostam muito no avanço da campanha de vacinação para enfrentar a situação epidêmica que continua complexa, mas o caminho ainda é longo: até quinta-feira, 2.135.333 pessoas haviam recebido pelo menos uma dose da vacina na França, das quais 535.775 pessoas receberam duas doses.
Desde o início da pandemia de covid-19, 3,4 milhões de casos de infecções confirmadas foram registrados na França. Provavelmente, mais pessoas contraíram o vírus, especialmente durante a primeira onda, quando os testes não estavam amplamente disponíveis.
As três vacinas contra a covid-19 atualmente autorizadas na União Europeia (Pfizer/BioNTech, Moderna e AstraZeneca/Oxford) exigem duas doses para serem totalmente eficazes em pessoas que nunca tiveram contato com o vírus.
Já a da Johnson & Johnson, em análise pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA), exige uma única injeção.