Logo após o governo ter soltado uma nota para desmentir o posicionamento do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de Pernambuco, que afirmou, após reunião nesta quinta-feira (3), que o decreto que suspende as aulas presenciais não seria renovado, o próprio governador Paulo Câmara (PSB) se posicionou. Para o socialista, não é momento para a retomada das aulas no Estado. "Não é uma decisão simples", disse.
Em praticamente todos os países do mundo, a volta às aulas tem dividido opiniões de especialistas diante das muitas variáveis sobre riscos e controle da circulação da covid, sobretudo em relação às crianças. Durante seu pronunciamento nesta quinta-feira (03), o governador do Estado, Paulo Câmara (PSB), disse que a suspensão das aulas presenciais do ensino básico em Pernambuco continuam mantidas. Câmara disse ainda que o retorno cotidiano nas escolas requer bastante cautela. As aulas presenciais estão suspensas desde o dia 18 de março.
“As escolas são espaços fundamentais para a sociedade. Garantem conteúdos, socialização, a rotina de trabalho para muitos pais, empregos, até mesmo refeições para milhares de estudantes, no caso das unidades públicas. Mas reabri-las significa colocar de volta em circulação e em convivência direta mais de dois milhões de estudantes no Estado, e o impacto dessa medida ainda não tem, no mundo, parâmetros científicos e precisos de controle”, afirmou Paulo Câmara.
O assunto voltou a ser comentado desde que o governo de Pernambuco autorizou, na última segunda (31), a volta das atividades presenciais das universidades. O anúncio foi feito pelo secretário de Educação e Esportes do Estado, Fred Amâncio, que comentou que esse retorno será feito de forma gradual. Daí, os donos de escolas intensificaram a cobrança ao governo sobre a volta das atividades para outros níveis de ensino.
Nesta quinta-feira, donos de escolas particulares e professores se reuniram em frente ao Palácio do Campo das Princesas, no bairro de Santo Antônio, área central do Recife, para pedir ao governo do Estado a volta das atividades presenciais nas instituições de ensino. Outros profissionais da educação formaram uma fila no entorno da Praça da República. Uma comissão integrada por dez diretores de escolas particulares também formalizou um ofício para tentar um diálogo com o governador Paulo Câmara. A mobilização contou com a presença de José Ricardo Diniz, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de Pernambuco (Sinespe-PE). A categoria afirmou que aguarda do governo uma resposta sobre a volta às atividades presenciais nas mais de 2.400 escolas de Pernambuco.
Depois do protesto, houve uma reunião com representantes do Sinespe-PE e o governo do Estado. Depois da conversa, a comissão recebida pelas secretarias da Casa Civil e da Educação havia informado que o decreto que proíbe a presença nos estabelecimentos educacionais não deveria ser renovado e que a retomada das atividades presenciais nas unidades de ensino seria feita a partir do dia 15 de setembro. Mas, à noite, o Governo de Pernambuco emitiu uma nota desmentindo a fala do Sinespe, dizendo que "não há definição de data para retomada das aulas presenciais na educação básica".
"A Secretaria de Educação e Esportes informa que não há definição de data para retomada das aulas presenciais na educação básica. O decreto que determina a suspensão segue até o dia 15 de setembro e a decisão pela prorrogação ou não depende da avaliação dos números da pandemia no Estado pela Secretaria de Saúde e de decisão do Governo de Pernambuco."
De acordo com o governador, o tema está sempre em pauta, em discussões permanentes no governo, observando dados científicos e evidências que possam garantir um retorno em condições realmente seguras. “Nenhum governante, trabalhador, empresário gostaria de estar enfrentando uma situação tão grave, que ameaça vidas. Temos obrigação de agir para proteger as pessoas. A educação é uma prioridade incontestável do meu governo desde o primeiro dia, e continuará sendo até o último, assim como a defesa da vida”, disse.
Embora o governador admita que todos desejem o retorno a uma vida normal, ele reafirma que hoje isso ainda não é possível. “Não é uma decisão simples, que poderia olhar apenas para a questão econômica, por exemplo”, frisou.
Paulo Câmara reforçou também que todas as equipes envolvidas no combate ao coronavírus continuam mobilizadas para que o Estado siga no caminho das evoluções gradativas. “Temos que pensar nas crianças, adolescentes, jovens e em toda a cadeia de profissionais que retornaria às suas atividades presenciais para atender às demandas desse universo. Vamos juntos encontrar caminhos, porque o único enfrentamento que queremos fazer é o do combate à doença e ao vírus”, concluiu o governador.
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