MOBILIDADE

Em dia de paralisação do metrô, rodoviários estacionam ônibus em avenidas do Centro do Recife em protesto por vacinas

Rodoviários se unem a metroviários para pedir vacinação para as categorias, cujos profissionais seguem expostos em ônibus e trens lotados

Cadastrado por

Marcelo Aprígio, Ana Maria Miranda

Publicado em 20/05/2021 às 7:14 | Atualizado em 20/05/2021 às 12:11
Rodoviários estacionaram os coletivos em avenidas do Centro do Recife - Dyandhra Monteiro/ TV Jornal

Matéria atualizada às 12h

Motoristas e cobradores do Sistema de Transportes Públicos de Passageiros da Região Metropolitana de Recife (STPP/RMR) realizaram uma manifestação desde as 6h30 desta quinta-feira (20) para reivindicar prioridade na campanha de vacinação contra a covid-19. Os rodoviários estacionaram os ônibus em vias do Centro do Recife, como Avenida Guararapes, Ponte Duarte Coelho, Rua do Sol e Avenida Conde da Boa Vista. O protesto foi encerrado por volta das 10h.

Um dos representantes do movimento, Genildo Pereira, disse que a categoria merece ser respeitada. "Diante da omissão e negligência do Governo do Estado é que nós viemos para a rua hoje fazer esse ato. Foram protocolados vários ofícios, Secretaria de Saúde, Grande Recife Consórcio, infelizmente, por falta de responsabilidade e comprometimento é que nós estamos aqui", disparou.

Genildo Pereira alertou para o recorde de casos confirmados em 24h desde o início da pandemia, registrado na quarta-feira (19) - 3.440 - , afirmando que os rodoviários estão inseridos nessa situação. "Esse trabalhador se encontra também em linha de frente. É ele que transporta o usuário diariamente, leva os usuários para as UPAs, para os hospitais, eles também estão correndo risco, estão levando o vírus para dentro de casa", lamentou.

Os rodoviários criticam o fato de os profissionais da educação básica, por exemplo, terem a imunização antecipada, enquanto os motoristas, cobradores e metroviários seguem expostos em ônibus e trens lotados, diariamente, em alguns horários do dia sem qualquer previsão de vacina. Em Pernambuco, somando as duas categorias seriam menos de 20 mil profissionais: 15 mil rodoviários e 2 mil metroviários.

No início do mês, o secretário estadual de Saúde, André Longo, afirmou que uma eventual antecipação da vacinação de motoristas e cobradores de ônibus dependeria da chegada de mais vacinas. No entanto, em ofício assinado pela secretária-executiva de Vigilância em Saúde, Patrícia Ismael de Carvalho, no dia 14, a SES nega que irá antecipar a imunização. A negativa foi informada oficialmente ao Ministério Público de Contas, após o órgão de controle estadual pedir explicações sobre a possível antecipação.

A Secretaria da Casa Civil de Pernambuco informou que uma comissão formada por rodoviários foi recebida nesta quinta-feira (20), no Palácio do Campo das Princesas, pelo secretário-executivo de Coordenação Estratégica, Adilson Gomes Filho.

De acordo com a pasta, o pleito dos rodoviários a respeito da prioridade no calendário de vacinação será encaminhado ao Comitê Socioeconômico de Enfrentamento ao Coronavírus, para análise e eventual deliberação.

Grande Recife e Urbana-PE criticam protesto

Em nota, o Grande Recife informou que foi surpreendido com o protesto, e disse que a manifestação teria sido organizada por um grupo de oposição do Sindicato dos Rodoviários. O consórcio disse que, para diminuir o impacto aos passageiros, os ônibus que vêm do Corredor Leste/Oeste em direção ao Centro do Recife estão sendo desviados a partir da Praça do Derby. Já os que vêm do Corredor Norte/Sul estão sendo desviados na Avenida Cruz Cabugá, na altura do Shopping Tacaruna. Até a divulgação da nota, por volta das 8h, os coletivos que têm como destino o Terminal de Santa Rita não estavam sofrendo os impactos da paralisação.

Já a Urbana-PE se referiu ao protesto como "atitude irresponsável" e lamentou a interrupção do serviço de ônibus no horário de pico. "Ao contrário do praticado pelos metroviários, o movimento ocorre no horário de pico e sem qualquer comunicação prévia, surpreendendo o setor e demonstrando total falta de compromisso com a população", diz nota enviada à imprensa.

O texto diz ainda que a Urbana-PE é a favor da priorização da categoria dos trabalhadores rodoviários na vacinação contra a Covid-19, que já consta como prioritária no PNI.

"A entidade vem mantendo contato com autoridades do Governo do Estado e prefeituras da RMR desde o início da vacinação, com vistas a viabilizar o início da imunização da categoria. O governo já informou que aguarda a chegada de novas doses e o avanço da vacinação das pessoas com comorbidades para poder contemplar os rodoviários".

Em resposta às críticas, o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Aldo Lima, afirmou que a entidade "está totalmente de acordo com a pauta de reivindicação e estamos buscando todos os meios para que seja garantido a vacinação dos trabalhadores rodoviários."

Também nesta quinta, metroviários do Grande Recife  se juntam aos do resto do país e cruzam os braços, denunciando a falta de perspectiva da imunização da categoria.

Protestos anteriores

Esta não é a primeira vez que a categoria se mobiliza cobrando a vacinação no Grande Recife. No dia 9 de março, os rodoviários realizaram um ato no TI Macaxeira, na Zona Norte da capital pernambucana, segurando placas de luto com fotos de motoristas e cobradores mortos em decorrência da covid-19. Eles pediam ainda o fim da dupla função.

Em 13 de abril, uma nova manifestação foi realizada, no Centro do Recife. Eles pediam prioridade na fila da vacinação e a volta da circulação de 100% da frota de ônibus. No dia 26 de abril, um outro ato foi realizado no Centro. Em uma carta endereçada ao governador Paulo Câmara, a categoria exigia o início da imunização até o dia 15 de maio, o que não aconteceu.

Mortes entre rodoviários

Em Pernambuco, o Sindicato da categoria afirma que são aproximadamente 50 mortes de profissionais da ativa desde o início da pandemia. Apenas no sistema da RMR. Mas a dissidência da atual diretoria sindical, entretanto, fala em 89 vidas perdidas no mesmo período. O sindicato alega que muitos são ex-profissionais do setor.

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