O casaquinho tem sido bastante requisitado pelos pernambucanos nas últimas semanas, e a previsão para os primeiros dias de agosto são de continuidade das temperaturas mais baixas em alguns pontos do Estado. Na madrugada desta segunda-feira (2), os municípios de Araripina e Triunfo, ambos no Sertão, chegaram a registrar 13,6ºC, a mais baixa temperatura de Pernambuco desde maio de 2020, quando Águas Belas, no Agreste, chegou aos 10,5ºC.
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"O mês de agosto é um dos meses que ocorrem as menores temperaturas no estado de Pernambuco, pois estamos dentro do 'inverno austral'. Neste mês é comum as massas de ar frio entrarem pelo sul do Brasil e atingirem, por um ou dois dias, o estado de Pernambuco. Isso provoca queda nas temperaturas", explicou o meteorologista da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), Roberto Pereira, em entrevista ao JC.
Também na madrugada desta segunda, Garanhuns e Buíque, no Agreste, chegaram aos 15,4ºC e 15,9ºC, respectivamente. Enquanto Custódia e Ibimirim, no Sertão, registraram 15,8ºC, e 16,3ºC. Já na Região Metropolitana, as temperaturas não caíram tanto assim e as mais amenas ficaram por conta do Recife, que registrou 20,7ºC, e Olinda, com 22,9ºC. Os dados são da Apac.
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Já em Taquaritinga do Norte, no Agreste, o termômetro localizado na praça central Padre Otto Sailler chegou a marcar 12ºC nesta madrugada. A temperatura, porém, não pode ser confirmada pela Apac, já que a agência não possui estação meteorológica na cidade. Além disso, de acordo com Roberto Pereira, tais equipamentos não informam a temperatura com exatidão.
Diferente de uma estação meteorológica, que precisa ser instalada, obrigatoriamente, em um ambiente com grama e com uma área de 10 km em volta, os termômetros de rua são instalados em pavimentação artificial e próximo de prédios, o que não lhes confere valores precisos.
"O objetivo principal desses tipos de termômetros é dar uma informação rápida dos centros urbanos, por tanto, não tem um padrão de onde devem ser instalados, diferente das estações meteorológicas, que precisam obedecer um padrão, e, por isso, detalham a temperatura com maior exatidão", explicou.
Em entrevista ao Passando a Limpo, da Rádio Jornal, no dia 28 de julho, o professor da Universidade do Vale do São Francisco e Doutor em meteorologia, Mário de Miranda revelou que até o dia 15 de agosto os termômetros podem registrar temperaturas ainda menores em Pernambuco.
"A gente espera que até o dia 15 de agosto essas temperaturas caiam ainda mais. Em 2016, a temperatura mínima em Pernambuco em 1º de agosto foi de 13,9ºC, o que é muito baixo pra região. Talvez cheguemos perto disso esse ano", contou.
Ainda segundo ele, a média diária do Oeste de Pernambuco chegou aos 21,9ºC no dia 24 deste mês, número bem abaixo dos 26ºC registrados geralmente. "Nós temos tido esse ano uma situação um pouco diferente, que é durante o dia estar nublado e a gente sentir frio. Na região Oeste de Pernambuco, nós já tivemos temperatura de 16,2ºC. É uma situação muito atípica pra essa nossa região, que enfrenta temperaturas mais elevadas", revelou.
Questionado sobre as mudanças climáticas que o planeta vem sofrendo, bem como as tempestades e incêndios catastróficos registrados em diversos países do globo, Miranda explicou sobre a não linearidade da radiação solar em todos os pontos da terra, e o quanto isso está ligado aos transtornos naturais.
"O sol não é bem comportado como a gente imagina, tem dia que ele manda mais radiação e dia que ele manda menos radiação. A principal fonte de energia é a emissão de radiação solar, essa radiação pode chegar em um ponto da superfície da terra e não chegar em outro", iniciou.
Por conta disso, enquanto em alguns lugares há muito calor, em outros há muito frio. "Nos Estados Unidos, por exemplo, está havendo incêndio com dificuldade de ser apagado, isso aquece a atmosfera e os ventos levam esse calor para vários espaços. É o que vem acontecendo no Canadá, nos Estados Unidos, na Alemanha, na China, na Finlândia e em outros países. Enquanto no próprio Hemisfério Norte uma parte está muito quente, em outra tá havendo muita chuva e a gente sabe que quando há um aquecimento, principalmente das águas superficiais dos nossos oceanos há uma grande formação de nuvens devido a evaporação e consequentemente, havendo essa fábrica de nuvens nós vamos ter muitas chuvas", completou.