Com informações de Dyandhra Monteiro, da TV Jornal
Familiares de um adolescente de 17 anos morto, nesse sábado (11), em Sítio dos Pintos, Zona Norte do Recife, acusam policiais militares de tê-lo assassinado durante abordagem de rotina. Um inquérito foi instaurado pela Polícia Civil. A Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS) informou que está apurando o caso.
Segundo parentes, Vitor Kauã Souza da Silva estava na garupa a caminho de uma farmácia para comprar remédios para a mãe do amigo, que pilotava a moto. Em abordagem, policiais teriam pedido para que eles parassem, mas o motociclista não obedeceu por não ter carteira de habilitação. Então, os tiros foram efetuados.
Já a Polícia Militar afirma, em nota, que a equipe soube, por meio de populares, de uma dupla que estava praticando assaltos no local em uma motocicleta. "Os policiais seguiram em diligências e visualizaram os suspeitos, que ao perceberem a presença do efetivo policial efetuaram disparos de arma de fogo contra os PMs, que revidaram a injusta agressão, atingindo um dos suspeitos."
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Vitor foi baleado no peito e chegou a ser encaminhado até uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas não resistiu ao ferimento. O amigo, maior de idade, não ficou ferido. "Está chorando e desesperado por causa do amigo, teve que tomar remédio para dormir. Foi prestar depoimento no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e foi liberado, mas deve voltar lá amanhã", contou um parente que preferiu não se identificar.
Os familiares de Vitor estiveram no Instituto de Medicina Legal (IML) para realizar a liberação do corpo, que será sepultado às 15h deste domingo (12) no Cemitério de Casa Amarela, no bairro de mesmo nome. Segundo eles, o laudo da polícia apontava que o adolescente carregava uma arma no momento da abordagem e que houve uma troca de tiros. Quem convivia com ele, entretanto, defende que o objeto teria sido implantado, porque ele nunca se envolveu com crimes.
"Os policiais foram brutos com eles, tiro no peito é execução. Isso não é modo de abordar alguém. O menino não tinha passagem pela polícia, na minha família ninguém nunca se envolveu com droga, com nada. É uma dor muito grande, a gente sempre vê isso, mas achava que nunca ia acontecer na minha família. Hoje vou enterrar meu sobrinho, um menino novo, com um futuro brilhante pela frente, trabalhador, esforçado e estudioso", disse o tio, o vigilante Manoel José de Souza.
A irmã de Vitor, que também não quis se identificar, contou que ele já havia sido abordado diversas vezes na comunidade, mas que nunca foi encontrado nada. "A educação da minha mãe é muito boa. Se ele visse um policial, ele ficava quieto, não corria, só andava com documento. A gente sempre tinha medo dessas coisas. O laudo diz que uma arma foi achada com meu irmão, e que foi trocado tiros entre eles. Eu quero saber como foi essa troca de tiro. Quero exame, perícia, tudo. Quero saber cadê a pólvora, a digital. A gente só quer resposta, porque nada disso vai trazer ele de volta mais. O que resta agora para a gente é sofrimento", lamentou.
A família de Vitor disse que irá até a Corregedoria Geral da SDS, nesta segunda-feira (13), para denunciar o caso e pedir por justiça. Ainda disse que será feito um protesto no bairro de Dois Irmãos, Zona Norte da cidade, pelo mesmo motivo. "Quero que a justiça seja feita, que a gente vai lutar para que não fique mais um caso impune, que não venha acontecer com mais pessoas o que aconteceu", afirmou Manoel.
Reposta da Polícia Militar
Por meio de nota, a Polícia Militar informou que na tarde de ontem (11), Guarnições Táticas do 11º batalhão "estavam empenhadas em uma ocorrência no bairro de Dois Irmãos, quando se depararam com populares afirmando que uma dupla, em uma motocicleta, estava praticando assaltos no local".
"De posse das características dos suspeitos e da moto, os policiais seguiram em diligências e visualizaram os suspeitos, que ao perceberem a presença do efetivo policial efetuaram disparos de arma de fogo contra os PMs, que revidaram a injusta agressão, atingindo um dos suspeitos. Ele foi socorrido para a Unidade de Pronto Atendimento da Caxangá mas não resistiu aos ferimentos", continua.
"O segundo envolvido foi encaminhado para Central de Plantões da Capital e posteriormente ao DHPP para serem tomadas as medidas legais cabíveis. Durante a ação foi apreendido um revólver calibre 38 com seis munições", finaliza.