Na manhã desta sexta-feira (24), véspera de Natal, familiares e amigos do adolescente Vitor Kauã Souza da Silva, 17 anos, bloquearam a Rua Manuel de Medeiros, no bairro de Dois Irmãos, na Zona Oeste do Recife, em protesto. Sob gritos de justiça, o grupo pedia agilidade nas investigações da morte do adolescente, que completa 15 dias.
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Vitor Kauã Souza foi morto no dia 11 de dezembro, no bairro de Sítio dos Pintos, Zona Norte do Recife. Segundo familiares, o disparo que atingiu o peito do jovem foi efetuado por um Policial Militar durante abordagem.
Com camisas brancas estampadas com a foto do adolescente, o grupo queimou pneus e fez uma corrente humana na via. Segundo a Autarquia de Trânsito e Transporte (CTTU), o trânsito na área foi liberado às 8h15.
Luiz Amâncio, pai do adolescente, descreve a dor da família e enfatiza o propósito da manifestação. “Não queremos confusão, queremos agilidade nas investigações. Esse é um protesto pacifico. Não queremos que ele seja mais um jovem morto que cai no esquecimento”, disse.
A dona de casa Janaina Silva falou do vazio que é passar o primeiro Natal sem o filho. “Hoje vai ser muito difícil sem ele, é duro até pensar. Não tenho mais plano nenhum. A noite de hoje será triste”, lamentou.
A redação do JC entrou em contato com as Polícias Civil e Militar para pedir esclarecimentos sobre o andamento da investigação, mas ainda não obteve resposta.
Entenda o caso
Segundo parentes, Vitor Kauã Souza da Silva estava na garupa a caminho de uma farmácia para comprar remédios para a mãe do amigo, que pilotava a moto. Em abordagem, policiais teriam pedido para que eles parassem, mas o motociclista não obedeceu por não ter carteira de habilitação. Então, os tiros foram efetuados.
Já a Polícia Militar afirma, em nota, que a equipe soube, por meio de populares, de uma dupla que estava praticando assaltos no local em uma motocicleta. "Os policiais seguiram em diligências e visualizaram os suspeitos, que ao perceberem a presença do efetivo policial efetuaram disparos de arma de fogo contra os PMs, que revidaram a injusta agressão, atingindo um dos suspeitos."
Vitor foi baleado no peito e chegou a ser encaminhado até uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas não resistiu ao ferimento. O amigo, maior de idade, não ficou ferido. "Está chorando e desesperado por causa do amigo, teve que tomar remédio para dormir. Foi prestar depoimento no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e foi liberado, mas deve voltar lá amanhã", contou um parente que preferiu não se identificar.
"Os policiais foram brutos com eles, tiro no peito é execução. Isso não é modo de abordar alguém. O menino não tinha passagem pela polícia, na minha família ninguém nunca se envolveu com droga, com nada. É uma dor muito grande, a gente sempre vê isso, mas achava que nunca ia acontecer na minha família. Hoje vou enterrar meu sobrinho, um menino novo, com um futuro brilhante pela frente, trabalhador, esforçado e estudioso", disse o tio, o vigilante Manoel José de Souza.