Com informações do repórter Adúlccio Lucena, da TV Jornal
Um homem de 19 anos foi preso em flagrante por suspeita de assassinar a ex-namorada asfixiada no bairro de Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, na noite dessa terça-feira (9).
Ele foi levado para a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro do Cordeiro, Zona Oeste da cidade, minutos após o crime.
De acordo com as investigações, os dois estavam bebendo juntos na casa da vítima, Fernanda Mirtes da Silva, 20, no dia do assassinato.
Os vizinhos chamaram a polícia ao ouvirem os gritos da vítima. Quando os policiais militares chegaram ao local, o suspeito estava dormindo ao lado do corpo.
De acordo com a Polícia Civil de Pernambuco (PCPE), o suspeito confessou o crime e disse que a motivação foi uma briga por causa de dinheiro. O boletim de ocorrência aponta que o homem estava sob efeito de entorpecentes.
Na chegada ao DHPP, o suspeito não quis dar detalhes à equipe de reportagem, mas disse que estava arrependido.
Apesar do homem ser ex-namorado da vítima, a Delegacia de Homicídios Da Região Metropolitana Sul registrou o crime como "Homicídio Consumado", não como feminicídio.
"Um inquérito policial foi instaurado e outras informações poderão ser fornecidas em momento oportuno", disse a nota da PCPE.
No Instituto Médico Legal (IML), a reportagem encontrou familiares de Fernanda, que estavam desolados. A mãe dela afirmou que a filha já havia comentado sobre as agressões que sofria do ex-companheiro.
O velório e sepultamento da vítima vão acontecer na tarde desta quarta (10) no Cemitério da Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes.
Mais um feminicídio registrado
Esse é pelo menos o segundo feminicídio que aconteceu na Região Metropolitana do Recife (RMR) em menos de uma semana.
No último sábado (6), a gerente Renata Alves da Costa, de 35 anos, foi morta a tiros no apartamento onde morava, em Campo Grande, Zona Norte do Recife.
O principal suspeito é o namorado da vítima, João Raimundo Vieira da Silva de Araújo, que foi preso na terça.
Violência contra a mulher em Pernambuco
A coluna Ronda JC mostrou que o balanço do primeiro semestre de 2022 da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS) trouxe que, entre janeiro e junho deste ano, a polícia somou 39 feminicídios no Estado. A média é de uma morte a cada quatro ou cinco dias.
O número é 27,8% menor em relação ao primeiro semestre de 2021, quando 54 feminicídios foram contabilizados em Pernambuco.
Também referente ao primeiro semestre deste ano, segundo SDS, 19.889 mulheres procuraram as delegacias de Pernambuco para prestar queixas de algum tipo de violência doméstica (como ameaça ou agressão, por exemplo).
Isso significa que, em média, cinco boletins de ocorrência foram registrados por hora. São 109 pedidos de socorro diários.
No mesmo período de 2021, a polícia somou 20.276 queixas de violência doméstica em Pernambuco. Houve queda de 1,91% nos registros neste ano.
Novas delegacias da Mulher, mas sem atendimento 24h
Em junho de 2022, a Polícia Civil inaugurou mais três delegacias da Mulher. Uma delas fica em Olinda, no Grande Recife. O endereço é Avenida Governador Carlos de Lima Cavalcanti, 2405, no bairro de Casa Caiada. As outras duas ficam nos municípios de Arcoverde e de Salgueiro, ambos no Sertão.
Agora, o Estado conta com 14 unidades especializadas no atendimento à mulher.
As três novas delegacias, no entanto, funcionam apenas durante o expediente comercial, ou seja, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.
As mulheres que precisarem de atendimento à noite e nos fins de semana e feriados não vão contar com o serviço. Devem procurar uma delegacia comum para registro de queixas.
Atualmente, a única Delegacia da Mulher que funciona 24 horas no Grande Recife é a que está localizada no bairro de Santo Amaro, na área central da capital.
Como pedir ajuda
A SDS reforça que há ainda o serviço gratuito da Ouvidoria Estadual da Mulher, por meio do telefone 0800-281-8187, para aquelas vítimas que precisam de orientações quanto à rede de proteção.
Em situação de emergência policial, a orientação é telefonar para o 190 (qualquer pessoa que presenciar o ato de violência pode ligar).