Com informações da TV Jornal
A estrutura levantada para ser uma policlínica na Rua Padre Henrique, Janga, em Paulista, no Grande Recife, abriga precariamente 50 famílias há cerca de 10 anos.
O terreno - cercado por um muro e grampos de segurança - abriga crianças, idosos e mulheres que não têm para onde ir. Com a promessa de uma moradia digna, as famílias sobrevivem no que deveria ser uma unidade de atendimento à saúde.
Sem saneamento, o grupo divide o espaço com lixo e animais. Nos tetos, é possível ver rachaduras e vazamentos. Quando chove, a situação piora ainda mais. O grupo teme que a estrutura ceda a qualquer momento.
Jaqueline é uma das que mora com os três filhos em um vão, que deveria ser uma das salas da policlínica. No espaço, se amontoam microondas, geladeira, uma cama de casal e outros móveis precários. Sem ventilação ou janelas, o único acesso ao ambiente externo do quarto improvisado é um buraco que serve como porta.
"Eles [a prefeitura] invadiram o barraco da gente prometendo mil coisas, disseram que iam resolver a nossa situação, mas não fizeram nada. Queremos o habitacional para botar a gente dentro, a nossa casa que eles prometeram, um aluguel digno. R$150 não dá pra nada", afirma Jaqueline.
Segundo a moradora, ela e outras pessoas da ocupação recebem um Auxílio Moradia de R$150. O valor é incompatível com o sustento de uma casa.
"A gente se vira aqui fazendo um bico ou outra coisa, alguns aqui catam latinha. Só os auxílios não dão para nada, a gente tem que pagar as contas", relata Késia do Nascimento, também moradora da habitação.
OBRA INACABADA É ABONDANA POR ANOS PELA PREFEITURA
O problema da obra inacabada pela prefeitura de Paulista é noticiada pelo JC desde 2012. Conforme matérias da época, a obra deveria ser entregue em 2010 para atender a 19 mil famílias, mas houve atrasos.
Dois anos depois, a gestão municipal seguiu com a promessa de entrega da unidade de saúde para o ano de 2013.
Em 2014, a reportagem retornou ao local e a obra continuou sem avanços. Ao lado da policlínica, uma creche também estava sendo erguida. Na época, sete famílias já habitavam as construções abandonadas.
O projeto havia recebido R$ 48 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para as obras, iniciado em 2008.
PREFEITURA DE PAULISTA DIZ QUE OBRAS SERÃO RETOMADAS
Procurada pela reportagem do JC, a prefeitura de Paulista disse que a conclusão da obra na policlínica foi comprometida pela invasão das famílias na estrutura.
Ainda de acordo com a gestão, a atual administração estaria elaborando um novo projeto para retomada dos serviços. Mas o início dos trabalhos depende do andamento do processo licitatório.
"Para viabilizar esse projeto, a Prefeitura do Paulista está agendando uma reunião com o Governo Federal, através da Caixa Econômica Federal, na tentativa de destravar recursos para retomada da obra", informou em nota.
Sobre as 50 famílias que ocupam o espaço, a administração municipal limitou-se a dizer que parte delas "já recebe o benefício do auxílio-moradia".