Deflagrada na manhã desta sexta-feira (28) pela Polícia Civil de Pernambuco, a Operação Locatário II busca por esclarecimentos de possível vínculo de amizade entre o prefeito de Paulista, Júnior Matuto (PSB), e empresários que teriam realizado transações bancárias suspeitas e depósitos suspeitos na conta do prefeito. Esses detalhes da investigação foram apresentados também nesta sexta, na sede da Polícia Civil. Ainda assim, na operação de hoje, Matuto não foi alvo dos mandados de busca e apreensão, apenas os empresários e as empresas.
Segundo o delegado Diego Pinheiro de Souza, responsável pelas investigações, a polícia apura se houve a prática do crime de lavagem de dinheiro e peculato. "A ideia principal foi colher informações para esclarecer justamente esse vínculo de amizade entre esses empresários e o prefeito, essas transferências bancárias suspeitas, bem como depósitos bancários que foram feitos na conta do prefeito", afirmou o delegado.
Entre as empresas que foram alvos da busca estão algumas que já prestaram serviço de fornecimento de alimento e uma construtora que ainda presta serviço para a Prefeitura de Paulista. Os nomes dos alvos da operação não foram informados.
Questionado sobre a possibilidade de haver fraude em licitação, o delegado disse que isso será visto mais à frente. "Serão instaurados outros inquéritos. Agora, a investigação é de peculato e lavagem de dinheiro, por meio dessas empresas. Mas, ao verificar os contratos, vamos analisar, pois há indícios de que esses contratos tenham sido fraudados", concluiu o delegado.
Além disso, há indícios de que um dos investigados seja uma espécie de operador financeiro de Matuto. "Conseguimos identificar transações bancárias suspeitas, envolvendo o empresário que locou as casas para a Prefeitura, bem como outras empresas e empresários que prestaram serviços para Prefeitura do Paulista", diz trecho do material da polícia distribuído à imprensa.
Ao todo, foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão domiciliar no Recife e em Toritama. Cinco foram em relação a pessoas físicas, todos na capital, e quatro contra pessoas jurídicas, sendo três no Recife e um no Interior.
A reportagem entrou em contato com a assessoria da Prefeitura de Paulista e foi informada de que, no momento, não há posicionamento oficial sobre o assunto.
Segundo a polícia, a investigação é um desdobramento da Operação Locatário I, deflagrada em julho deste ano. Na época, foram cumpridos mandados em endereços de empresários e agentes públicos nas cidades do Recife e de Olinda, Paulista, Surubim e Sairé.
A primeira fase teve o objetivo de apurar a prática dos crimes de dispensa indevida de licitação para contratar imóveis para prédios públicos, peculato, uso de documento falso, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
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A operação de julho, inclusive, foi uma das duas ações policiais que resultaram no afastamento do prefeito. Ele já retornou ao cargo após o Supremo Tribunal Federal (STF) deferir uma liminar que determina a suspensão do afastamento.
Na decisão, o ministro Dias Toffoli afirmou que o afastamento de prefeito, via de regra, "não deve ocorrer por tempo indeterminado, sob pena de a medida acautelatória se configurar antecipação dos desdobramentos de um suposto juízo condenatório".