Atualizada às 18h15
O PSB deverá realizar, no dia 15 de setembro, a convenção partidária que irá oficializar a candidatura do deputado federal João Campos à Prefeitura do Recife. O formato do evento ainda está sendo definido pela coordenação da campanha - diante da pandemia do novo coronavírus (covid-19), o Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) determinou que as aglomerações sejam evitadas. Alguns partidos tem adotado a realização da convenção por meio de plataforma online, para que todos os membros filiados possam participar.
Com uma data definida, o prazo agora é para oficializar mais alguns partidos que devem compor a Frente Popular do Recife, que tradicionalmente possui em seu bloco o maior número de legendas entre as demais candidaturas na cidade. Com a formalização do ingresso do PSD, na sexta-feira (28), o arco de alianças liderado pelos socialistas passou a contar com sete partidos confirmados. São eles: PSB, MDB, PROS, Avante, PSD, PV e Republicanos.
Ainda tem sido aguardado o posicionamento de legendas como a Rede Sustentabilidade, que descartou a possibilidade de ter candidatura própria no Recife e tem dialogado não apenas com João Campos, mas com o deputado federal Túlio Gadêlha (PDT) e a deputada federal Marília Arraes (PT), que também são pré-candidatos no Recife. O porta voz da Rede, Roberto Leandro, afirmou ao JC que há simpatizantes dentro da sigla que apoiam o palanque socialista, mas a instância municipal ainda não tomou nenhuma decisão.
O PDT, apesar de possuir duas pré-candidaturas (o partido também tem o nome da ex-secretaria de Habitação do Recife, Isabella de Roldão), encontra-se dividido entre um projeto próprio e manter-se na Frente Popular do Recife. O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, esteve reunido nesta segunda-feira (31), com o governador Paulo Câmara (PSB), que é vice-presidente nacional do PSB, a portas fechadas no Palácio do Campo das Princesas, para discutir o cenário local e nacional, já que há uma ameaça da Executiva Nacional do PSB em retirar o apoio em 25 municípios com mais de 200 mil eleitores.
Também estão sendo aguardados a formalização do PCdoB, que hoje ocupa a vice-governadoria e a vice-prefeitura das gestões estaduais e municipais do PSB. O Partido Progressista (PP) também é visto como aliado, mas ainda não referendou formalmente o apoio, apesar do presidente estadual da legenda, o deputado federal Eduardo da Fonte, já ter afirmado em entrevista ao JC, que João Campos "tem credenciais para chegar à cadeira de prefeito, mostrando sua capacidade administrativa", declarou. O partido, inclusive, já teria indicados quadros para ocupar uma vaga de vice na chapa encabeçada pelo socialista.
O pré-candidato à sucessão do prefeito Geraldo Julio (PSB) tem intensificado sua agenda no Recife ao lado dos vereadores que compõe a base do governo. Nesta terça-feira (1º), uma das agendas foi no Ibura, ao lado do vereador Wilton Brito (PSB). No dia anterior, Campos visitou a Ilha de Joaneiro, no bairro de Campo Grande, acompanhado dos vereadores Luiz Eustáquio (PSB) e Gilberto Alves (Republicanos).
A questão de possuir uma ampla frente de partidos apoiando o mesmo projeto majoritário, não é sinônimo de tranquilidade para o candidato que lidera esse bloco de aliados. O suposto equilíbrio, segundo a cientista política e professora da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda (Facho), Priscila Lapa, é muito relativo. Ao mesmo tempo que o postulante pode pulverizar os votos ao contar com o trabalho da chapa de vereadores e lideranças comunitárias, do outro lado da balança há uma disputa por espaços.
“Tudo na política tem um preço. As negociações com estes aliados pode acabar sendo mais duras, com brigas por espaços porque geralmente alguns elementos acabam entrando em discussão, como a vaga de vice e que tipo de protagonismo os partidos dentro da chapa vão ter”, explica a docente.
Ainda segundo Priscila Lapa, no caso do pré-candidato João Campos o desafio se torna maior, já que a os partidos que compõem a Frente Popular são os mesmo que já estiveram juntos em outras eleições. “Não é uma coligação nova, mas uma frente que já vinha disputando em outras eleições e que acaba se refletindo nas negociações de agora. Por exemplo, no PSB os desgastes que ocorreram em 2018, na formação de chapa em apoio a Paulo Câmara se reflete no que o partido tem hoje a negociar com os partidos da Frente”, afirma.
A saída do PT dentro desse arco de alianças, com a confirmação da pré-candidatura da deputada federal Marília Arraes, é um exemplo desse processo de negociações que vem desde outros cenários eleitorais. Em 2018, o PT havia rifado Marília na disputa pelo governo do Estado, para apoiar a reeleição do governador Paulo Câmara. “Existem mais dificuldades em manter-se a unidade, pois é uma frente que une vários partidos, mas o protagonismo é sempre de uma mesma legenda. Isso tem um custo político muito alto”, considera Priscila.
Autor do Projeto de Lei 3503/2020, que estende o pagamento do auxílio emergencial até o fim do período de calamidade pública e em seu valor integral de R$ 600, o deputado federal João Campos posicionou-se contra a decisão do Ministério da Economia de reduzir o benefício para R$ 300, anunciada nesta terça-feira (1º).
“O governo federal quer derrubar o auxílio emergencial de R$ 600 que nós, deputados e senadores, conseguimos aprovar contra o desejo do ministro Paulo Guedes [Economia]. Vale lembrar: desde o início das discussões, o Ministério da Economia defendia um auxílio de apenas R$ 200. Sou contra a redução do auxílio emergencial enquanto durar a calamidade", afirmou o parlamentar.
Ainda segundo Campos, a manutenção do valor já aprovado pelo Congresso Nacional não traria impacto fiscal a longo prazo, porque ele e os parlamentares aprovaram o chamado Orçamento de Guerra, justamente para conseguir sustentar esse valor. O auxílio emergencial foi criado em abril com o intuito de socorrer financeiramente trabalhadores informais que estão sem renda durante a pandemia e outras famílias que, juntas, não têm mais do que o valor de três salários mínimos (R$ 3.135) ou cuja renda domiciliar não ultrapasse R$ 522,50 per capita.