Com a rejeição do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi ao nome do enfermeiro Rodrigo Patriota - indicado por Túlio Gadêlha - para compor a vice da chapa encabeçada por João Campos, o PSB está em compasso de espera por uma nova indicação dos pedetistas. O prazo para isto, porém, está apertado, pois o último dia para a realização das convenções é a próxima quarta-feira (16), data que estava marcada a convenção do PDT. Já a do PSB será na terça (15).
Ao JC, o presidente do PSB em Pernambuco, Sileno Guedes, diz que a postura do partido "é de aguardar" e ressalta que podem ser apresentados outros nomes para a vaga de vice. "Não nos cabe antecipar, até porque a gente tem que aguardar as conversas internas do PDT se esgotarem", disse.
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Em coletiva de imprensa ocorrida nessa sexta (11), o deputado federal Túlio Gadêlha anunciou sua desistência para concorrer à Prefeitura do Recife nas eleições deste ano. Na mesma ocasião, após fazer uma série de críticas ao PSB, Túlio anunciou a indicação de Rodrigo Patriota, um opositor ferrenho ao partido.
Túlio pautou sua decisão em um pedido da direção nacional do PDT pela manutenção da aliança no âmbito nacional com o PSB. "Infelizmente a declaração do presidente Carlos Siqueira, do PSB, nas reuniões com Lupi, foi de que o PSB deixaria de apoiar o PDT em 25 grande municípios com mais de 200 mil eleitores", disse, na coletiva.
Carlos Siqueira ressaltou neste sábado ao JC o tom de reciprocidade durante as negociações, considerando uma série de apoios consolidados entre as duas siglas nas eleições municipais. Ele cita alianças em pelo menos oito capitais do País, a exemplo de São Paulo (Márcio França do PSB na cabeça de chapa e Antonio Neto do PDT na Vice), além do Rio de Janeiro, Fortaleza, Goiana, Porto Alegre, Maceió e Rio Branco.
"A nossa parceria com o PDT, Rede, PT foi toda montada na base da cooperação e da reciprocidade nunca houve nem da minha parte nem de Lupi qualquer tipo de ameaça nem de chantagem, agora houve sim o pedido de reciprocidade", disse o presidente do PSB.
Para Túlio Gadêlha, a indicação de Rodrigo possibilitaria uma oportunidade do PSB fazer uma autocrítica nas eleições deste ano. O gesto foi visto como uma demonstrativo da insatisfação do pedetista por ter sido preterido e uma tentativa de afetar as articulações entre os dois partidos, já que os socialistas esperavam que Adriana Rocha - candidata ao Senado em 2018 - fosse a indicada.
Ainda se cogita o nome de Isabella de Roldão, ex-secretária de Habitação do Recife. Ela se descompatibilizou durante a janela partidária considerando a possibilidade de concorrer às eleições e também se colocava como pré-candidata a prefeita.
A própria votação interna para a indicação do vice foi apertada. Foram 12 votos a favor de Rodrigo Patriota e 10 em prol de Adriana Rocha. Nos bastidores, comenta-se que o clima foi tenso durante a votação, ainda que Túlio e Rodrigo tenham apontado um cenário de consenso.
Na noite da sexta (11), Carlos Lupi agradeceu o declínio de Túlio ao pleito e informou que o partido vai indicar o nome do vice "após ajustes entre as direções partidárias inclusive dos demais partidos que integram a aliança", sem qualquer menção a Rodrigo Patriota. Nomes do próprio PSB e também aliados reclamaram da indicação, a exemplo do secretário de Segurança Urbana do Recife, Murilo Cavalcanti (MDB)
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Sileno Guedes considera as discordâncias naturais nessa fase anterior à decisão definitiva das candidaturas. "Esse momento é de conversa, de ouvir as opiniões, tem gente que concorda que discorda, o que cabe ao PSB que lidera a Frente Popular é funcionar como uma espécie de árbitro dessas discussões, é isso que a gente está fazendo. João Campos está com muita habilidade, ouvindo todos os partidos para receber a decisão dos partidos e tomar uma decisão coletiva", disse o presidente estadual.