Diferente dos grandes eventos realizados pelo PSB, com direito a orquestras, bandeiras e grande número de militantes para oficializar a chapa de seu candidato majoritário, este ano em virtude da pandemia do novo coronavírus (covid-19), a convenção partidária ganhou um novo formato. Com acesso presencial restrito, inclusive da imprensa, o evento que oficializou nesta terça-feira (15), a candidatura do deputado federal João Campos à Prefeitura do Recife, contou com a presença apenas dos dirigentes da executiva estadual e municipal do partido, além da candidata a vice-prefeita, Isabella de Roldão (PDT), escolhida por aclamação.
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A reunião partidária, iniciada às 10h, ocorreu no Recife Praia Hotel, localizado no bairro do Pina, Zona Sul do Recife. Apesar do decreto assinado pelo governador Paulo Câmara (PSB), uma semana antes da realização da convenção partidária, autorizando a realização de eventos corporativos com capacidade para até 100 pessoas, o evento foi esvaziado se comparado com outras convenções realizadas em eleições anteriores, para enaltecer a formação de um amplo palanque de aliados.
Vídeos dos representantes dos 12 partidos que compõem a Frente Popular do Recife (PSD, PDT, PV, Rede Sustentabilidade, PROS, Avante, Republicanos, MDB, PcdoB, PP, Solidariedade e PSB) e da chapa de candidatos à Câmara Municipal, foram transmitidos online, através do Youtube do PSB Pernambuco. Com o pronunciamento ao vivo marcado para às 12h, o deputado federal João Campos chegou ao local, por volta das 11h30, se dirigindo rapidamente ao auditório reservado para a convenção.
O contato com a imprensa só ocorreu às 15h, através de coletiva concedida virtualmente. Ao responder os questionamentos dos jornalistas, João Campos afirmou que sua principal proposta como candidato é a redução da desigualdade social no Recife, mas que também foi atribuída por ele como um problema em todo o país. “Nós vamos focar na qualificação profissional, na geração de emprego e renda, consolidando e avançando nas iniciativas da educação. Isso não estará apenas no nosso discurso, mas na nossa prática”, declarou.
Mesmo com uma postura crítica e de oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Campos também explicou que não terá “dificuldade de ir até Brasília para pleitear o que for melhor para o Recife”. Questionado se poderia receber críticas dos seus apoiadores por não hesitar em manter o diálogo com o governo Federal, a exemplo do que ocorreu com a deputada federal Marília Arraes (PT), acusada de ir contra o movimento “Fora Bolsonaro”, por uma fala semelhante, o parlamentar respondeu que “o exercício do diálogo faz parte da política”.
“Quero deixar muito claro que não terei nenhum receio de fazer todos os enfrentamentos necessários para defender a nossa cidade. Quem for contra o Recife terá de nossa parte o enfrentamento”, disparou.
Sobre o fato de o PT ter caminhado junto aos socialistas nas eleições de 2018, mas que agora irá oficializar nesta quarta-feira (16) a candidatura majoritária da deputada Marília Arraes, mesmo ainda mantendo quadros petistas nas administrações municipais e estaduais do PSB, João Campos afirmou que não será nenhuma novidade enfrentar o partido nas eleições do Recife. “Hoje é um dia de grande celebração por estarmos aqui oficializando a Frente Popular do Recife, a frente mais ampla destas eleições com muito diálogo, escuta e entendendo que a nossa precisa construir uma unidade política, para construir essas soluções. Nós enfrentamos o PT em 2012, em 2016, e vamos enfrentar novamente nestas eleições”, afirmou.
Se estar em palanque oposto aos petistas não é novidade, é com os pedetistas que se configura um cenário diferente e também de críticas. Parte do PDT Recife é contra o apoio sancionado pela executiva nacional ao PSB. O deputado federal Túlio Gadêlha voltou a anunciar sua pré-candidatura a prefeito, apesar de ter sido destituído do comando da comissão provisória municipal e do presidente Carlos Lupi intervir para selar o apoio a Frente Popular.
Questionado pela reportagem do JC sobre como pretende lidar com essa postura de parte do diretório municipal da legenda que ocupa a vaga de vice em sua chapa, e também sobre o fato de no passado, Isabella de Roldão ter sido crítica ao governador Paulo Câmara e ao prefeito Geraldo Julio, o socialista esclarece que na política é natural ter discordâncias.
“O apoio do PDT é importante, por ser um partido com história e compromisso com o nosso país. A companheira Isabella tem uma história de vida que mostra o seu compromisso com as pessoas, com as mulheres, com as mães e quem mais precisa da nossa cidade, muito me honra ter Isabella compondo nossa chapa”, declarou João Campos.
“Na vida, minha gente, não é diferente da política. Ao longo de uma caminhada é natural termos discordâncias, mas aprendi a fazer política principalmente com o meu pai (Eduardo Campos), unindo. A política precisa de gente para construir pontes, chega de muro, segregação e divisão. Eu vou fazer a política olhando para a frente, porque é no futuro que quero construir a cidade que desejo”, destacou.