A candidata a prefeita do Recife Marília Arraes (PT) permaneceu com os mesmo índice de 14% das intenções de voto na segunda rodada da Pesquisa Ibope/JC/Rede Globo divulgada na noite desta quinta-feira (15). Na primeira rodada a petista disputava o segundo lugar apenas com o candidato Mendonça Filho (DEM). Mas agora, além de Mendonça, que caiu de 19% para 18%, ela também briga pela segunda colocação com a Delegada Patrícia (Podemos), que subiu de 11% para 13%. Os três estão empatados tecnicamente, considerando a margem de erro máxima de três pontos para mais ou para menos, e estão atrás do 1º colocado João Campos, com 33%.
Na pesquisa espontânea, ela subiu três pontos percentuais em relação a rodada anterior, saindo de 5% para 8%. A expectativa de vitória - quando é perguntado ao entrevistado quem ele acredita que vai vencer independentemente do seu voto - ela caiu de 13% para 9%. Já a rejeição da candidata diminuiu um ponto percentual da primeira para a segunda rodada da pesquisa, saindo de 20% para 19%.
Já na pesquisa estimulada, a intenção de voto na candidata é equilibrada entre homens (12%) e mulheres (16%). Considerando a idade dos entrevistados, ela tem a menor preferência entre os de 35 a 44 anos e maior (17%) com o eleitorado de 25 a 34 anos. Sob o recorte da escolaridade, a maioria das intenções de voto está no eleitorado com ensino superior (22%), enquanto fundamental é de 8% e ensino médio 13%. No quesito religião, ela tem vantagem entre os católicos, com 15%, dos evangélicos possui 9% e "outros", 20%.
A simulação de segundo turno mostra que a candidata perde de João e de Patrícia, e empata tecnicamente com Mendonça. Neste caso, o democrata tem 40% e ela 41%. A maior desvantagem é com João Campos, que em uma eventual disputa com Marília pontua 44% enquanto ela tem 33%. Com Patrícia, ela perde por 38% a 42%.
Por meio da sua assessoria, a candidata informou que não comentaria o resultado da pesquisa.
Marília segue buscando polarizar com João Campos e vem intensificando as suas críticas ao candidato e também a atual gestão municipal, da qual o socialista representa uma continuidade.
Durante a sua participação no "III Fórum Torcida - Soluções para Esporte e Lazer no Recife", realizado na manhã desta quinta (15), ela falou da necessidade de requalificar espaços de lazer e "colocar os jovens como protagonistas nestes locais, seja através do esporte, da dança, ou do passinho".
Ela também acusou a Prefeitura do Recife e o governo estadual de marginalizarem quem dança o passinho. "Por que a gente não organiza esses jovens que criam toda essa cultura, os compositores das nossas comunidades. Vamos organizar esse pessoal, vamos colocar esses jovens como protagonistas de ações culturais e de lazer nos espaços públicos requalificados", disse.
Ainda no Fórum Torcida, ela falou que tem discutido sobre a obrigatoriedade das disciplinas de educação física nas escolas serem ministradas por profissionais habilitados. "Um professor de Pedagogia está ali, vários professores falam para a gente que ele não está ali apto, preparado para ministrar uma disciplina de educação física, para fazer a avaliação daquela criança", completou Marília.
Mais cedo, no seu quadro "Café Logo Cedo", publicado nas suas redes sociais, ela seguiu a mesma linha de ataque a João e alfinetou o socialista, sem citar seu nome, sobre o uso do passinho em um jingle "como se fosse para modernizar, para se aproximar das pessoas, mas que o seu grupo, o grupo que ele representa bota é a polícia", disse. "Candidato que usa passinho desse jeito na verdade, votar nele é dar um passinho para trás", completou a candidata.
A edição do quadro nesta quinta (15) foi na casa do produtor cultural Lucas Tiné, recém filiado ao PT, para falar sobre a situação da cultura do Recife, incluindo atrasos no pagamento de cachês para artistas locais que se apresentam em eventos públicos. "É uma falta de respeito essa questão de pagamento de cachê. Eu fui autora de um projeto de lei (na Câmara do Recife) para que 50% do cachê viesse em adiantado para os artistas", lembrou a candidata.
O que seria um anúncio de dissidência dentro do PT para declarar apoio à candidatura de João Campos (PSB) acabou virando a notícia de que Oscar Barreto entregaria o seu cargo de secretário de Saneamento Básico do Recife como cumprimento a uma determinação do Diretório Nacional do PT.
A permanência do PT no governo de Geraldo Julio (PSB) era questionada, considerando que a sigla saiu da Frente Popular - ao menos no âmbito municipal - e tem candidatura própria na eleição do Recife.
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Oscar é um dos que critica, segundo ele e o seu grupo, a falta de defesa por parte de Marília do PT e do ex-presidente Lula e do pouco uso do vermelho e do símbolo da estrela na campanha. Na coletiva em que fez o anúncio nesta quinta (15), ele voltou a cobrar de Marília esse posicionamento.
"A partir de agora, sem o problema de estar no governo, nós não vamos dar trégua a uma campanha que não tem política, cor e lado. Nós somos dissidente dessa política. Ou melhor, quem tá dissidente do partido é ela (Marília Arraes)", disse Oscar.
Ele também criticou o guia eleitoral da candidata. "Ela não falou uma palavra contra o governo Bolsonaro em seu guia, não falou nada sobre Lula. Não é só colocar o Lula, é defender Lula e Dilma. E muito menos falou do legado do PT", alegou.
No mesmo dia, a candidata veiculou um novo vídeo nas suas redes sociais em que defende o legado do seu avô, o ex-governador Miguel Arraes, do PT, e do ex-presidente Lula. A presença dos símbolos e de referência a Lula e ao seu partido vem sendo intensificada na campanha da petista.
"Arraes não é só meu sobrenome e o PT não é só meu partido. São símbolos de um projeto de transformação social. Eu sou Marília Arraes, do PT e pense em um orgulho que eu tenho de carregar no sangue e no lado esquerdo do peito essa história de luta, de resistência, de defesa à democracia, de combate às desigualdades. Mas não esqueça: Eu sou Marília", diz a candidata no vídeo.
Em comemoração ao Dia dos Professores, a petista fez uma homenagem aos profissionais no seu guia eleitoral desta quinta. Segundo ela, a pandemia do novo coronavírus (covid-19) as disparidades no acesso à educação e falta de investimento. "A gente precisa voltar a valorizar o professor. Não teve pandemia que parasse esses profissionais, pelo contrário, eles se reinventaram, ressignificar a palavra dedicação", disse.
Entre as propostas do programa de governo de Marília na área da educação básica, estão a formação continuada para profissionais do magistério, instituição de uma mesa de negociação permanente com os sindicatos e garantia de condições dignas de trabalho para gestores, docentes e servidores da rede municipal.
Além da participação no Fórum Torcida, a candidata também fez caminhada no bairro de San Martin, na Zona Oeste do Recife, acompanhada dos candidatos a vereador Henrique Costa (PT, Suzi Rodrigues (PT), Coletivo Recife Pela Igualdade (PT), Áureo Cisneiros (PSOL), Bruno Morais (PTC), Davi José (PTC) e Bosco Cantor (PT). "O que mais ouvi das pessoas foi a necessidade de transformar o Recife numa cidade qe as trate como merecem. Que tenha creche, que invista em saneamento básico e realmente tenha um projeto eficiente de combate às desigualdades", afirmou em suas redes sociais.