Sem definir candidato a sucessão da presidência da Câmara, Rodrigo Maia enfrenta resistência dos partidos da oposição

Baleia Rossi (MDB-SP) e Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) estão entre os nomes que estariam disputando a preferência do democrata
Mirella Araújo
Publicado em 16/12/2020 às 20:14
RELATOR Texto passou por Felipe Carreras em um grupo de trabalho criado para debater liberação Foto: INSTAGRAM/@FELIPECARRERAS


Corrida contra o tempo. É como tem sido definida a articulação do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) para viabilizar seu sucessor. A demora, inclusive, tem gerado desgastes entre os blocos que ainda não formalizaram um nome, a exemplo da oposição, já que o que tem sido colocado em jogo pelos partidos é os espaços que irão ocupar na Casa.

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“O fato é que os planos de Maia giraram em torno da sua reeleição, o que foi barrado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Agora, ele tenta aglutinar forças que, independente da escolha dele, não vão se sentir contemplados da mesma forma. Isso gera um desgaste.”, afirmou um parlamentar pernambucano, sob reserva. Entre os nomes que estariam disputando a preferência do democrata, está o deputado federal Baleia Rossi (MDB-SP) e Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) , que também são visto como postulantes que possuem alinhamento com o governo federal.

No PSB, enquanto o presidente nacional da legenda, Carlos Siqueira, voltou defender uma candidatura independente, publicando em seu twitter que, “Definido o ‘cavalo Troia’ governista, a oposição começa a tarefa de se articular para garantir uma candidatura que preze de fato a independência do Poder Legislativo”, parlamentares socialistas não descartaram o apoio ao deputado Arthur Lira (PP-AL), líder do Centrão.

Siqueira esteve reunido na casa de  Rodrigo Maia, nesta terça-feira (15), declarando que os partidos de esquerda, centro-esquerda e de centro vão reunir forças para "derrotar o candidato do presidente Jair Bolsonaro. Além dele, outros  líderes e dirigentes partidários, como o presidente do PDT, Carlos Lupi, e o vice-presidente Ciro Gomes, a presidente do PT, Gleisi Hoffman, o líder da Minoria, José Guimarães (PT-CE), além do líder do PSB na Câmara, Alessandro Molon, o líder do PDT, Wolney Queiroz, também estiveram com na residência oficial de Maia. 

O deputado federal Felipe Carreras, também usou seu perfil no twitter, para reafirmar que seu candidato à presidência da Câmara é o parlamentar alagoano. “Fique claro: sou oposição ao governo”, justificou, em seguida tecendo uma dura crítica aos partidos de oposição que aguardam a definição de Maia. “Veja a que ponto chegou a oposição em nosso país: na sucessão da casa, as siglas desse campo estão esperando a decisão de Rodrigo Maia e sendo liderados por ele”, completou.

Ao JC, Carreras lembra que Maia foi o grande protagonista na aprovação da reforma da Previdência e que o PSB chegou a punir os deputados que não votaram contra a matéria. Nove parlamentares, incluindo o deputado pernambucano, chegaram a ter suas atividades suspensas na Câmara. “Os candidatos que estão sendo colocados são da base do governo, todos votam com o governo em todas as matérias. Arthur Lira tem o compromisso de ter uma postura de independência da casa”, Felipe Carreras.

Ele acredita que entre quem “deu sua palavra” ao votar pelo apoio de Lira, no indicativo aprovado por 18 dos 31 deputados federais do PSB, no dia 9 de dezembro, manterá o posicionamento. Mesmo que isso contrarie a resolução aprovada no Diretório Nacional, dois dias depois, recomendando que não seja examinado a hipótese de apoio a Arthur Lira “ou qualquer candidatura oriunda do pleito do Palácio do Planalto”.

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Para o deputado federal Carlos Veras, do PT, é preciso lembrar que na eleição anterior da presidência da Câmara, o bloco de oposição não caminhou junto, mas que agora é importante a construção de uma unidade que possa “garantir a independência e manter a harmonia da Casa”. O Partido dos Trabalhadores adiou a decisão de formalizar apoio ao nome que deverá ser escolhido por Rodrigo Maia

Mas, segundo o petista, há tempo para que essa discussão seja melhor debatida entre as bancadas. “Nós estamos tentando trabalhar uma candidatura, que ganhe a eleição da Mesa Diretora. Não estamos em tempos normais, nossa responsabilidade é muito grande. Tivemos projetos aprovados e ações em curso que só ocorreram por causa da Câmara Federal, enquanto o presidente não fez nada para garantir a sobrevivência da população”, declarou Veras.

O parlamentar petista evitou citar nomes que possam ter a preferência da oposição. “Nós estamos conversando sim. Vale lembrar que na eleição anterior não foi possível juntar todo mundo. Nós apoiamos o deputado Marcelo Freixo do PSOL, o PSB teve a candidatura com JHC. Nós estamos dialogando e buscando harmonia com a bancada”, frisou.

O deputado federal Raul Henry, também espera que a oposição “se junte ao centro democrático independente” em torno de uma única candidatura. “Nós temos que enfrentar uma agenda de reformas que seja compatível com as necessidades do país”, declarou. De acordo com o emeedebista, o seu correligionário Baleia Rossi conseguiu reunir o partido e a bancada e que tem condições de ser uma candidatura competitiva. Ainda segundo Raul Henry, existe uma leitura equivocada de que Rossi seja visto como governista.

“Nós votamos a favor do Brasil. São coisas completamente diferentes. Se na agenda econômica houve acertos do governo, nós votamos a favor, Da mesma forma que houve erros na agenda ambiental, de costumes e relações internacionais, e que nós votamos contra.”

SENADO

No Senado, o MDB decidiu lançar um candidato único à sucessão de Davi Alcolumbre (DEM-AP). De acordo com nota divulgada pela bancada após uma reunião em Brasília, a decisão do partido "reflete a postura de ponderação e diálogo que tem pontuado a atuação da legenda no cenário nacional".

A legenda tem a maior bancada da Casa, com 13 integrantes. O partido ainda reforçou o compromisso de dialogar com todas as bancadas antes da eleição. Estão na disputa pela sucessão os senadores Eduardo Braga (AM), Eduardo Gomes (TO), Fernando Bezerra Coelho (PE) e Simone Tebet (MS). Com vários pré-candidatos, a nota da legenda destacou a palavra "unidade" com letras maiúsculas e negrito.

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