'João Campos não tem legitimidade de ir contra Bolsonaro', diz Marília Arraes

Marília também defendeu que Haddad reúna lideranças para enfrentar Bolsonaro em 2022
Cássio Oliveira
Publicado em 10/02/2021 às 15:53
RIFADA PELO PT Deputada poderia disputar o Senado ou a reeleição Foto: FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM


A deputada federal Marília Arraes (PT) acredita que seu primo, João Campos (PSB), terá pouca legitimidade para criticar o governo Jair Bolsonaro por ter apoiado, nos bastidores, a candidatura de Arthur Lira (PP-AL) à Presidência da Câmara dos Deputados e ter feito uma campanha de "baixarias" para vencê-la na disputa pela Prefeitura do Recife.

"(João Campos) é um prefeito que se elegeu jovem e terá sempre essa marca de disputar eleição levando para baixaria. Ele não tem legitimidade nenhuma de ir contra Bolsonaro, agiu como bolosonarista, até pior que os bolsonaristas, pois Bolsonaro colocava fake news no WhatsApp. Eles (a campanha de João) colocaram na rede social e na TV, com alcance maior. Além disso, ele estava andando para cima e para baixo com o cadidato de Bolsonaro (Arthur Lira), fazendo pressão na bancada para ganhar votos a ele", disse Marília em entrevista ao programa Fórum Onze e Meia, da revista Fórum.

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O prefeito tinha prevista, inclusive, uma reunião nesta quarta-feira (10) com Arthur Lira, que se elegeu presidente da Câmara com apoio de Bolsonaro. Apesar de ter afirmado publicamente que não lhe caberia “interferir” no voto dos deputados federais do PSB, aliados e correligionários confirmaram o apoio de João dentro do partido pela eleição de Lira, contrariando o apoio formal do partido ao então candidato Baleia Rossi (MDB-SP).

Recife

CHICO BEZERRA/PJG - WAR Marília deu jogo de estratégia de presente para o prefeito evangélico Anderson Ferreira durante a campanha no Recife

Aos 27 anos, João Campos foi eleito prefeito do Recife após disputar o segundo turno contra Marília. O socialista recebeu 56,27% dos votos válidos e a petista ficou com 43,73%. Passada a eleição na capital, Marília já é cotada para disputar o Governo de Pernambuco em 2022. Na entrevista desta manhã, ela disse que "o futuro a Deus pertence" e votou a defender uma frente ampla para vencer o PSB no Estado. 

Hoje, o PSB tem em seu arco de alianças partidos como PDT e PCdoB, que em âmbito nacional são aliados do PT, mas que não apoiaram Marília no Recife. Assim, a deputada acredita que o melhor caminho é formar alianças locais, mesmo que seja com lideranças não progressistas. No último pleito, ela já contou com apoio de lideranças conservadoras no segundo turno, como o prefeito Anderson Ferreira (PL). A ideia é seguir dialogando para formar uma frente de oposição na próxima disputa.

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"Tem um partido que tem controle de boa parte do Estado e tem a capital e o governo estadual (o PSB), que mesmo mal avaliado, incorporou partidos que se dizem progressistas. É difícil nacionalizar a eleição em Pernambuco, pois tem uma prática no âmbito nacional e no local tem outra. A centro-direita (no Recife) nos ofendeu menos e as críticas foram políticas. Então, é necessário uma frente mais ampla para evitar que o Estado se torne um Maranhão como foi com Sarney. As lideranças devem colocar o ego no bolso e buscar melhor projeto para Pernambuco, separado do nacional", afirmou a deputada petista.

Marília já foi rifada de uma disputa pelo próprio partido por conta dessa nacionalização. Em 2018, ela buscou ser candidata a governadora, mas o PT fez um acordo para o PSB apoiar Haddad no segundo turno e retirou a candidatura da pernambucana.

Arthur Lira

Para Marília, a Câmara está direcionada a aprovar pautas do governo Jair Bolsonaro, principalmente, com a eleição de Arthur Lira. "O que temos visto é que toda a onda de retrocesso e a cortina de fumaça sobre a politica econômica do governo Bolsonaro vai enraizando e fica difícil reparar os danos. Discutimos a autonomia do Banco Central, vão entregar a economia do País aos bancos privados e ainda vem a reforma administrativa. Imagine um governo progressista governar com essa situação, é pouco tempo e muito retrocesso. O que vemos é que a Câmara está muito bem direcionada para a aprovação deste projeto e temos combatido e conversado voto a voto, mas as perspectivas não são as melhores", afirmou.

Haddad

Por fim, a petista ainda comentou o anúncio do professor e ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) que começará a rodar o país como pré-candidato à Presidência em 2022. Brigando na Justiça contra suas condenações, o ex-presidente Lula pediu a Haddad que colocasse o bloco na rua e se prepare para disputar novamente o pleito. 

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"É importante que Haddad coloque o bloco na rua. O PT já mostrou ter projeto de inclusão e que o povo é prioridade. Deve-se construir unidade em torno de Haddad, desmistificar o bolsonarismo e boa parte da população já começa a enxergar isso. A eles (bolsonaristas) interessa a pandemia, pois é difícil um impeachment sem manifestação na rua e com pandemia isso é difícil, por mais que mobilize nas redes. É importante que, Lula dando a orientação, Haddad rode o País e tente aglutinar lideranças e projetos contra Bolsonaro", afirmou.

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