Emocionado, presidente da Amupe pede que ''disputas miúdas'' sejam deixadas de lado durante combate à pandemia

Segundo o socialista, a situação dos municípios pernambucanos com relação à covid-19 é ''gravíssima'' e deve ser enfrentada com mais humanidade por gestores públicos e pela população
Renata Monteiro
Publicado em 18/03/2021 às 11:20
AMUPE Patriota defendeu distribuição das vacinas feita pelo Estado Foto: LEO MOTTA/ACERVO JC IMAGEM


Em entrevista à Rádio Jornal na manhã desta quinta-feira (18), o presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), José Patriota (PSB), se emocionou ao relatar a atual situação dos municípios do Estado com relação à covid-19 e comentar as críticas que têm ouvido a respeito da implementação de medidas mais restritivas impostas pelo governo para evitar a escalada do coronavírus. De acordo com o socialista, o quadro pernambucano é "gravíssimo" e só poderá ser revertido quando as "disputas miúdas" forem deixadas de lado.

"A situação é gravíssima. Eu até estou jogando mais duro de ontem para cá, para ver se as pessoas têm mais cristandade. Se deixam de amar mais às coisas, aos bens materiais e passam a amar mais as pessoas. E quem mais reclama são os endinheirados, são pessoas que podem passar vários anos se alimentando do que têm. Todo mundo perde (com a quarentena). O setor público perde, porque deixa de arrecadar, ninguém ganha. Mas a gente nasce e morre nu. Mas o apego aos bens materiais, a falta de apego aos valores cristãos de alguns segmentos é uma coisa que dói na alma", afirmou Patriota.

Ex-prefeito de Afogados da Ingazeira, o representante dos gestores municipais também relatou, com a voz embargada, a situação de cidades do Estado que sequer têm leitos de UTI para internar seus doentes com covid-19. "Nós estamos com uma fila de gente já esperando por UTI, uma ameaça grave de faltar insumos, estamos em um estado de nervos muito abalado. Ontem, por exemplo, o diretor de um hospital ligou para mim chorando, secretário de saúde chorando, desesperados. Porque se você tiver uma pessoa da sua família, meu irmão, se acabando, morrendo sem fôlego, você pode ter o maior dinheiro do mundo e não vai adiantar, porque a rede privada também está na mesma situação. É uma questão humanitária, a gente tem que deixar toda a besteira, disputa miúda, e a raça humana precisa dar as mãos", observou o presidente da Amupe.

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Durante a entrevista, Patriota também comentou as queixas que alguns prefeitos têm direcionado ao Palácio do Campo das Princesas com relação à distribuição das vacinas no Estado. Conforme publicado na última semana no Blog de Jamildo, depois que o prefeito do Recife, João Campos (PSB), anunciou que iniciaria a vacinação nos idosos a partir dos 70 anos, gestores de outras cidades começaram a acusar o Executivo estadual de beneficiar a capital.

"Esse assunto foi discutido em reunião com o governador, com os secretários presentes, e não são todos os prefeitos que estão se queixando disso. Dois prefeitos levantaram esse tema no encontro, a Secretaria de Saúde explicou os critérios de distribuição das vacinas, o governador disse, inclusive ao lado do Ministério Público, que seria o primeiro a abrir uma investigação sobre o caso se houvesse alguma prova dessa distorção. Claro que as populações de todos os municípios também têm direito, só que cada prefeito, dentro do grupo preferencial de vacinação têm formas de gerenciamento diferentes", argumentou Patriota.

OUTRO LADO

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), sempre que Pernambuco recebe um lote de vacinas, 20% do seu total é distribuído de maneira igualitária para todos os municípios. Os 80% restantes são divididos proporcionalmente entre as cidades que têm mais idosos e mais profissionais de saúde, público que tem prioridade na imunização. O cálculo, feito pelo Ministério da Saúde, leva em conta os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, para os idosos, e da última campanha contra a Influenza, para os profissionais de saúde.

A pasta reforça, contudo, que caso algum município acredite que a distribuição não está correta ou precise ser ajustada, seu gestor pode procurar o governo estadual para que possíveis modificações possam ser analisadas pelo Executivo.

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