O julgamento do sobre a suspeição do ex-ministro da Justiça Sergio Moro no Supremo Tribunal Federal (STF) na condenação do ex-presidente Lula (PT) no caso do triplex no Guarujá teve posicionamentos inesperados dos ministros, avalia o senador Humberto Costa (PT). Mas a decisão final da Corte, que decidiu que Moro foi imparcial por três votos a dois, foi comemorada pelo petista.
"Eu acho que o resultado foi muito bom. Com isso eu creio que não há mais o que questionar a recuperação dos direitos políticos do presidente Lula, mas o mais importante do que tudo isso é o fato do ex-juiz Sérgio Moro ter sido considerado suspeito nas suas ações, atitudes e a própria Lava Jato entra em suspeição", disse Humberto ao JC.
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O senador disse ter ficado surpreso com o posicionamento do ministro Kassio Nunes Marques, que votou contra a suspeição de Moro. O ex-juiz é desafeto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desde quando renunciou ao cargo de ministro da Justiça no seu governo acusando-o de interferência no comando da Polícia Federal. Nunes Marques foi o primeiro ministro do STF indicado por Bolsonaro.
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Cármen Lúcia
Humberto salientou o novo voto de Cármen Lúcia como decisivo no resultado do julgamento. "Em compensação (ao voto de Kassio Nunes Marques) a ministra Cármen Lúcia, que é totalmente insuspeita para tratar desse tema, votou (pela parcialidade de Moro) e sem dúvida é o reconhecimento de que os fatos são muito graves realmente", declarou Humberto Costa.
Nunes Marques era o único ministro da Segunda Turma do STF que ainda não havia declarado seu voto no caso. No último dia 9, o julgamento foi suspenso com um empate de 2 votos a 2 depois que o magistrado pediu mais tempo para analisar o processo. Os ministros Edson Fachin e Cármen Lúcia já haviam votado contra a suspeição de Moro, enquanto Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski foram a favor.
Cármen Lúcia, porém, afirmou que gostaria de fazer outra manifestação de voto. Ela modificou o voto que deu em 2018, quando o julgamento foi iniciado, e passou a considerar o ex-magistrado parcial no caso. Com a mudança, três ministros da Segunda Turma da corte (Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowiski e Carmén Lúcia) dão razão à defesa de Lula, e dois (Nunes Marques e Edson Fachin) são contra os argumentos dos advogados do ex-presidente.
O início do julgamento sobre a parcialidade de Moro nas ações foi em 2018, mas, na ocasião, o ministro Gilmar Mendes pediu vista do processo. O magistrado decidiu retomar a análise do caso agora em março, depois que Edson Fachin resolveu anular todas as condenações de Lula na Lava Jato.