Em meio a reaproximação entre o PT e o PSB, com a possibilidade da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o prefeito do Recife, João Campos, mantém o posicionamento de que o PSB tem condições de apresentar uma terceira via alternativa para as eleições presidenciais em 2022. “A gente tem que encontrar um projeto que possa unir os brasileiros, buscando suas convergências, e não numa divisão sem fim que tem se desenhado no Brasil, onde parece que as pessoas acordam de manhã bem cedo e vão brigar, e vão dormir pensando em briga”, disparou Campos.
O gestor é tido como uma das principais lideranças do Partido Socialista Brasileiro contrário a essa movimentação entre o seu partido e os petistas, sobretudo, pelos desgastes resultantes das eleições municipais de 2020. Na visão de João Campos, a “última pessoa” que teria tentando enfrentar e propor soluções para os reais problemas do Brasil, foi o seu pai, o ex-governador Eduardo Campos, ao se candidatar para a presidência em 2014. Inclusive, o socialista afirma que o programa de governo apresentado na época pelo ex-governador ao lado da ex-senadora Marina Silva, valeria para os dias atuais.
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“Eu defendo que o PSB possa discutir um projeto de país que possa abarcar os principais valores essencialmente democráticos. Nós não podemos abrir mão da democracia, das conquistas que nos trouxeram até aqui do ponto de vista social. Mas, construir um estado que seja mais eficiente, justo socialmente e com responsabilidade fiscal. Acho que o PSB tem total condições de construir esse projeto e poder liderar esse campo democrático”, declarou João Campos, em entrevista à Rádio Clube, nesta terça-feira (20).
No entanto, ao defender um “outsider”, o prefeito do Recife evitou apontar possíveis nomes para esse projeto político próprio do PSB. Nos bastidores, João Campos também foi apontado como um dos articuladores para que o partido se aproxime de nomes como o do apresentador global, Luciano Huck, e da empresária Luiza Helena Trajano. Ele também criticou o fato de as lideranças políticas do país estarem tratando as eleições de 2022, quando deveriam estar focados em acelerar o processo de vacinação da população brasileira e propor ações de enfrentamento da pandemia da covid-19.
“As forças políticas devem gastar suas energias em como salvar vidas e intensificar a velocidade de vacinação, e não pensando na construção de palanques eleitorais, que são importantes, mas que o momento não é esse, é mais para frente”, destacou Campos durante a entrevista.
Mas o PSB continua dividido sobre o possível estreitamento da relação com o PT. O deputado estadual Clodoaldo Magalhães, acredita que o PSB estará no palanque do ex-presidente Lula, caso sua candidatura seja consolidada. “Acho que é natural o diálogo aberto com o PT. O presidente Lula quando governou o Brasil esteve em sintonia com o PSB, de maneira muito frutífera. Agora, essa aliança não é automática, o partido tem que dialogar com todos do campo da esquerda e de oposição ao governo Bolsonaro, para que possam conciliar as propostas e construírem juntos alternativas para o Brasil, baseado nos pilares do desenvolvimento social”, comentou o parlamentar, ao JC.
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Nas redes sociais, o deputado federal Felipe Carreras (PSB), criticou o debate sobre as eleições tanto a nível nacional quanto estadual. “Falar sobre nomes da sucessão nacional e estadual no momento que estamos atravessando é estar desconectado com uma realidade do nosso povo. Em 2022, liderados por Paulo Câmara, João Campos, e lideranças da Frente Popular, vejo que será o momento adequado para essa pauta”, disparou Carreras, que nunca escondeu sua desaprovação com relação ao PT.
PERNAMBUCO
Mesmo que oficialmente a máxima dos socialistas seja que “2022 só será tratado em 2022”, nos bastidores o fator “Lula” poderá impactar, inclusive, na escolha do candidato e na formatação da Frente Popular de Pernambuco. Recentemente, o Avante levantou a possibilidade do PSB apresentar outro nome além do ex-prefeito Geraldo Julio, atual secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado. O secretário da Casa Civil, José Neto, foi apontado como uma alternativa também por parlamentares do PP e PL, mesmo sem ter disputado nenhum cargo eletivo.
“A decisão sobre este assunto será do PSB, mas o PT sendo aliado no Estado tem impacto sim. Essas construções também serão feitas com os partidos aliados, que compõe essa frente. Os petistas, por exemplo, devem ter mais simpatia por Zé Neto, do que por Geraldo Julio, diante do confronto nas últimas eleições”, afirmou um socialista, em reserva.
O prefeito João Campos chegou a ser questionado sobre as estratégias a serem adotadas em Pernambuco, caso o PSB esteja no mesmo palanque que Lula a nível nacional, porém ele evitou falar sobre esse assunto, afirmando que o momento pede pelo enfrentamento da pandemia e não para tratar das próximas eleições.