Pré-candidato ao governo de Pernambuco, o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), ainda não conquistou o aval do seu partido para encarar a disputa de 2022, mas já começa a traçar estratégias para tentar enfraquecer aquele que pode vir a ser o seu principal adversário no pleito, o PSB do governador Paulo Câmara. Além de tentar reunir apoio para a sua postulação dentro do grupo de oposição do qual faz parte, Miguel tem flertado com aliados dos socialistas, segue focado em tirar o MDB estadual da Frente Popular e garante: se a sigla oficializar o desembarque da base do governo, outros partidos da coligação o seguirão.
De passagem pelo Recife nesta quinta-feira (10), o gestor municipal encontrou-se com Marcos Amaral, ex-presidente do PSL-PE, para "debater o futuro de Pernambuco". A reunião ocorre na mesma semana em que os pesselistas abocanharam a presidência do Porto do Recife, fato que levantou especulações de que o partido do deputado federal Luciano Bivar estaria de malas prontas para voltar à base socialista.
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Em abril, Miguel já tinha ido à mesa com outro aliado do PSB no Estado, o deputado federal Wolney Queiroz, que preside o PDT local, deixando a porta da oposição aberta para a adesão da agremiação ao grupo. Atualmente, os pedetistas disputam com o PT o apoio nacional dos socialistas nas eleições do próximo ano. À imprensa pernambucana, Wolney já informou que, caso o PSB opte por apoiar o ex-presidente Lula (PT) no pleito, o desembarque será inevitável, pois a legenda teria que construir um palanque no Estado para o presidenciável e ex-ministro Ciro Gomes (PDT).
“Eu acredito que esse projeto (de candidatura) não será apenas da oposição. Nós vamos construir um novo bloco político para um novo projeto para Pernambuco, então todos serão bem-vindos, como o PSL, por exemplo. Todo mundo que tem um cargo público tem o compromisso e a responsabilidade de querer um Pernambuco melhor, e o que tem de gente insatisfeita na banda de lá não cabe em uma mão”, declarou Miguel Coelho.
A respeito das tratativas no MDB para consolidação da sua candidatura ao governo estadual, Miguel disse que segue na expectativa de um encontro com o senador Jarbas Vasconcelos (MDB) e que está otimista com a adesão dos correligionários à construção de um projeto visando o Palácio do Campo das Princesas. “(Com uma candidatura majoritária) A gente vai conseguir ter mais de um deputado federal, que é o que temos hoje, podemos fazer quatro ou até mais. Além disso, poderemos crescer na Assembleia Legislativa, uma Casa importante, onde só temos um deputado. O que eu tenho dito a Raul (Henry, presidente do MDB-PE), é que eu quero viabilizar esse projeto, mas se não der para ser Miguel, que seja outra pessoa, pois eu acredito que o MDB tem potencial e muito a oferecer para o Estado”, observou o prefeito.
Um dos motivos pelos quais Jarbas e Raul, opositores duros de Bolsonaro (sem partido), resistem em romper com o PSB em prol de uma candidatura de Miguel é o fato do gestor sertanejo ser filho de Fernando Bezerra Coelho (MDB), líder do governo do presidente no Senado. Sobre o tema, Miguel argumenta que não tem que decidir seu voto a presidente agora, porque o MDB já afirmou que só definirá o seu candidato ao Planalto em março de 2022. Além disso, o prefeito diz que não concorda em “menosprezar” candidatos, sobretudo faltando tanto tempo para a eleição.
“Política não se faz menosprezando ninguém. Fazer uma avaliação sobre o presidente hoje é muito fácil, mas nós só vamos definir chapas em julho do ano que vem. Tem um ano pela frente. Muita coisa pode acontecer nesse período, inclusive nada”, cravou. Nos últimos meses, Miguel teve várias reuniões com políticos alinhados com o bolsonarismo, como o ministro do Turismo, Gilson Machado, o Coronel Meira (PTB), e até com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), filho do presidente, que esteve em Petrolina no mês de maio.
Além de Miguel Coelho, o grupo de oposição tem outros dois nomes que podem vir a disputar o governo estadual, os também prefeitos Raquel Lyra (PSDB), de Caruaru, e Anderson Ferreira (PL), de Jaboatão dos Guararapes. Segundo o emedebista, no coletivo os debates acerca da disputa estão sendo feitos de maneira serena, equilibrada, e ele, que antes defendia com veemência o lançamento de uma candidatura única nesse campo, hoje já admite apoiar que dois postulantes vão às urnas pelo grupo no próximo ano.
“Se o PT e o PSB saírem juntos, como parece que vai acontecer, talvez seja interessante que duas candidaturas de oposição sejam lançadas, uma mais ao centro e outra mais à direita, para provocar um segundo turno. Eu defendo que nesse bloco fique todo mundo junto, na maior união possível, e se for para ter duas candidaturas, que elas sejam únicas, não sete, como foi no Recife (em 2020). Se for para ser assim, é melhor nem ter”, disparou Miguel.