Os participantes do ato deste sábado (19) no Centro do Recife contra o presidente Jair Bolsonaro fizeram um balanço positivo da manifestação, que foi pacífica e sem a ação da Polícia Militar como ocorreu no ato anterior, realizado no dia 29 de maio, onde duas pessoas que não estavam no protesto ficaram parcialmente cegas após serem atingidas pela pela polícia. A manifestação ocorreu a despeito da recomendação do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) para a não realização de atos que provocassem aglomerações.
O ato reivindicava sobretudo o impeachment de Bolsonaro, vacina contra a covid-19 para a população. Os manifestantes expuseram seus pleitos por meio de cartazes e faixas, como dizeres como "Vacina para Todos", "Fora Bolsonaro", "Nunca foi uma gripezinha", "Genocida", "Povo na rua", "O SUS salva vidas", "Testagem em massa e vacina para todo pelo SUS", "Ninguém aguenta mais Bolsonaro e seus generais" e "O povo tem fome e Bolsonaro gastou R$ 90 milhões em remédios ineficazes.
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Um grupo do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) empunhava objetos que remetiam ao formato de seringas, cada um com uma frase diferente, a exemplo de "Viva o SUS", Coronavac" e "Tá passada?", em referência ao vídeo do roteirista e humorista "Esse menino" em que faz uma sátira dos e-mails enviados pela Pfizer ao governo federal oferecendo a vacina contra a covid-19, que foram ignorados.
A manifestação foi convocada por movimentos sociais, sindicatos e partidos de esquerda, como as Frentes Povo sem Medo e Brasil Popular, Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, PT, PSOL, Central Única dos Trabalhadores (CUT), União Nacional dos Estudantes (UNE) e União dos Estudantes de Pernambuco (UEP).
O presidente da CUT-PE, Paulo Rocha, relatou uma maior público no ato deste sábado (19). "A gente tinha um problema com a chuva, que a gente estava com medo. Mas teve um público muito bom, foi positivo. A primeira avaliação é de que foi extremamente importante a gente ter mantido (o ato) na medida de que a gente continua com o governo federal sem uma postura correta na defesa da vacina, com auxílio, continua desdenhando da vida das pessoas", disse.
A equipe de reportagem da TV Jornal presenciou a formação de aglomerações, mas todas as pessoas utilizavam máscaras e tentavam manter o distanciamento social. Em determinados momentos, os manifestantes fizeram fila indiana durante o percurso.
"Todo mundo de máscara boa, todo mundo com distanciamento, está rolando muito álcool 70% na mão de todo mundo. A gente está aqui para mostrar que para tirar o genocida precisa de muita gente organizada na rua e na rua com responsabilidade, é isso que a gente faz", disse Ivan Moraes em vídeo publicado nas suas redes sociais.
Participaram do ato políticos como a deputada federal Marília Arraes (PT), o mandato coletivo das Juntas (Psol) na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), os vereadores do Recife Ivan Moraes (Psol) e Dani Portela (Psol) e o ex-deputado federal Paulo Rubem Santiago (Psol).
"Essa gestão está sendo uma vitrine negativa para o Brasil em relação ao restante do mundo. É preciso unificar a luta contra Bolsonaro. O ato de hoje foi muito importante e cada vez mais vamos reunir as pessoas pedindo o Fora Bolsonaro", disse Marília, por meio de nota.
As Juntas gravaram um vídeo em conjunto, publicado nas redes sociais. "Estamos aqui no final ato do Fora Bolsonaro, 19 de junho", disse Robeyoncé Lima. "Estamos aqui pedindo comida no prato e vacina no braço e moradia digna para a população", afirmou Joelma Carla. "Mais uma vez o povo nas ruas, lotando as ruas do País para dizer que o governo é muito mais perigoso nesse vírus", relatou Kátia Cunha. "A gente não poderia deixar de estar aqui nesse ato hoje que agora finalizou. Deu tudo certo, nada errado e Fora Bolsonaro", avaliou Jô Cavalcanti. "E vamos simbora por um novo país. Fora Bolsonaro genocida. Por mais igualdade, comida no prato e vacina no braço", afirmou Carol Vergolino.
Ação policial
Este foi o primeiro ato da manifestação no dia 29 de maio, que resultou na ação violenta do Batalhão de Choque da Polícia Militar que resultou na perda parcial da visão de dois homens que sequer participavam da manifestação e foram atingidos por balas de borracha. A vereadora do Recife Liana Cirne (PT) também foi agredida com spray de pimenta por policiais da Radiopatrulha.
A TV Jornal avistou viaturas da PM apenas na esquina da Rua da Aurora com a Avenida Conde da Boa Vista durante o ato.
Liana Cirne não participou do ato. Por meio de nota, a assessoria de imprensa da parlamentar informou que ela o acompanhou pelas redes sociais, por medida de segurança. "A vereadora elogiou a organização da manifestação, que transcorreu sem incidentes e que mobilizou um contingente expressivo de pessoas, lotando toda a Av. Conde da Boa Vista no clamor pelo impeachment do presidente", diz a nota.
Agentes de Conciliação do Governo de Pernambuco também estiveram presentes no ato para fazer a interlocução entre as autoridades e os manifestantes. A equipe é formada por 24 profissionais das secretarias de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude, Justiça e Direitos Humanos, Defesa Social, Políticas de Prevenção à Violência e às Drogas, Casa Civil e do MPPE e atuou em campo pela primeira vez neste sábado (19).
"Constituímos uma mesa permanente de diálogo com a sociedade para assegurar a segurança e o direito à manifestação de todos. Os Agentes de Conciliação tiveram um papel importante durante todo o ato, se colocando disponíveis para facilitar a interação entre os participantes e as autoridades", afirmou secretário de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude, Sileno Guedes por meio de nota.
"É um gesto importante, embora a gente lamente muito que ele seja necessário, mas ele é", disse Ivan em outro vídeo publicado nas suas redes sociais.
Ainda de acordo com a pasta, a equipe se reuniu nesta semana com os organizadores do ato neste sábado (19) e do domingo (20), este por sua vez em apoio ao presidente Bolsonaro. O ato organizado pelo Aliança Por Pernambuco foi cancelado oficialmente, mas apoiadores do presidente que não integram grupos organizados mantiveram a decisão de ir às ruas.
No final do ato, os manifestantes deram um abraço simbólico em volta das pontes Princesa Isabel e Duarte Coelho, com flores vermelhas nas mãos, locais onde o adesivador Daniel Campelo da Silva, de 51 anos, e o arrumador de contêiner Jonas Correia de França, foram atingidos com balas de borracha no dia 29 de maio.
"Terminando o ato de maneira pacífica, em segurança e respondendo à ação truculenta da polícia que ocorreu no dia 29. Hoje terminamos o ato como deveria ser, unidos, juntos e em uma só voz gritando pelo Fora Bolsonaro, por uma política que tire o Brasil novamente do mapa da fome. São quase 15 milhões de desempregados e não podemos esperar até 2022. É urgente interromper esse governo", afirmou Dani Portela.
"A gente passou próximo do palácio do governo, em cima da ponte, e não teve problema nenhuma. A gente circulou as duas pontes na maior tranquilidade confirmando o que a gente já tinha apontado na atividade passada que a gente não ia fazer nenhum ato de vandalismo", apontou Paulo Rocha.
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Manifestantes
A promotora de vendas Bárbara Queiroz, disser ter escolhido participar da manifestação como uma forma de "lutar por um país melhor". "Contra tudo isso que está acontecendo no nosso país com esse governo genocida que está nos matando a cada dia sem vacina, sem educação, sem moradia, sem saúde, sem alimentação, e a gente precisa muito disso. Eu estou cansada disso", afirmou Bárbara, emocionada.
Ela também se queixou da ação da PM no último ato no dia 29 de maio, do qual ela também participou. "A Polícia Militar, da outra vez nos atacou, a gente em um movimento pacífico enquanto eles nos atacava, com bombas, pegando em gente de família que a gente só quer um país melhor", disse.
"Importante protestar porque a gente quer um Brasil melhor do que já tivemos e agora o Brasil é a vergonha do mundo. Para pedir Fora Bolsonaro, só isso. Nós vamos tirá-lo. Dias melhores virão", afirmou a aposentada Edna Câmara.
Edna parabenizou quem foi às ruas para participar do ato. "(Estão) certíssimos. As pessoas vem a rua para trabalhar, em um ônibus lotado, para passar fome. Elas estão passando fome, dobrou o número de moradores de rua, então elas tem que vir protestar também", disse.