Milhares de pessoas tomaram as ruas de várias capitais brasileiras neste sábado (19) para protestar contra o presidente Jair Bolsonaro pela sua caótica gestão da pandemia, que deixa quase meio milhão de mortos no país.
Desde cedo, muitos se reuniram no Rio de Janeiro, Brasília e Recife, entre outras 15 capitais, defendendo slogans como "Fora Bolsonaro", "Fora genocida", "Governo da fome e do desemprego", "Vacina já" e "Vacina no braço e comida no prato".
- Manifestantes não seguem recomendação do MPPE sobre aglomerações e protestam contra Bolsonaro no Recife
- Veja imagens do ato contra Bolsonaro no Recife neste sábado (19)
No Recife, os manifestantes saíram da concentração na Praça do Derby, área central da capital pernambucana, por volta das 10h15. O protesto passou pela Avenida Conde da Boa Vista em direção à Avenida Guararapes. Na capital pernambucana, havia uma recomendação do Ministério Público para que lideranças políticas não realizassem atos que gerassem aglomerações, a qual não foi acatada.
A Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) acompanhou a realização do ato sem intervir. Este é o primeiro ato depois da ação truculenta do Batalhão de Choque no dia 29 de maio, que resultou na perda parcial da visão de dois homens que sequer participavam da manifestação e foram atingidos por balas de borracha. A vereadora do Recife Liana Cirne (PT) também foi agredida com spray de pimenta por policiais da Radiopatrulha.
A aposentada Edna Câmara parabenizou quem foi às ruas para participar da manifestação. "(Estão) certíssimos. As pessoas vêm à rua para trabalhar, em um ônibus lotado, para passar fome. Elas estão passando fome, dobrou o número de moradores de rua, então elas tem que vir protestar também", disse.
Participaram do ato políticos como os vereadores do Recife Ivan Moraes (Psol) e Dani Portela (Psol) o mandato coletivo das Juntas (Psol) e a deputada federal Marília Arraes (PT).
No Rio, a concentração começou por volta das 10h no Monumento Zumbi dos Palmares, na Avenida Presidente Vargas, principal via da região central.
A pista central da Avenida Presidente Vargas foi parcialmente interditada para a caminhada dos manifestantes em direção à igreja da Candelária. Guardas municipais e policiais militares acompanharam o protesto e orientaram o trânsito na região.
Entre as bandeiras e cartazes pedindo o impeachment de Bolsonaro, uma faixa culpa o presidente pelas 500 mil mortes da pandemia no Brasil, triste marca que pode ser atingida ainda hoje. Outros manifestantes exibem cartazes demandando a vacinação em massa da população, além de reivindicarem mais educação e saúde. Havia bandeiras de partidos como PT, PCdoB, PSTU, Psol.
Nas mobilizações pelas redes sociais, os manifestantes foram estimulados a usar máscaras de proteção, levar álcool em gel e manter distanciamento social durante o ato. Os organizadores distribuem máscaras para os participantes. Diferentemente da manifestação de 29 de maio, o ato não percorre ruas estreitas pelo Centro do Rio, para evitar aglomerações.
"A postura dele em relação à covid e ao negacionismo é absurda. Ele já fugiu da realidade, do bom senso, não tem mais explicação, é muito surreal", disse Robert Almeida, um fotógrafo de 50 anos que compareceu ao protesto no Rio de Janeiro.
Em Brasília, manifestantes ocuparam, pela manhã, o gramado central da Esplanada dos Ministérios. Com o Congresso isolado pelo policiamento, os manifestantes organizaram uma caminhada pela Esplanada até se posicionarem diante de um carro de som, estacionado no local mais próximo possível do Parlamento, que funciona como uma espécie de palanque improvisado para os discursos.
Com muitas faixas pedindo a saída do presidente e cobrando reforço nos auxílios sociais, a manifestação teve forte presença de militantes de partidos de oposição, especialmente PT e Psol. "Derrotar Bolsonaro não é uma tarefa para amanhã, derrotar Bolsonaro é uma tarefa para hoje", disse o deputado distrital Fábio Félix, do PSol.
A organização do protesto distribuiu máscaras e álcool gel para os participantes da manifestação. Embora tenha havido uma tentativa de reduzir a aglomeração com uma espécie de distribuição de setores separados por faixas de protestos, boa parte dos presentes acaba se reunindo em frente ao carro de som do evento.
Organização dos protestos
Os atos foram convocados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, formadas por dezenas de organizações sociais e sindicais, apoiadas por partidos e líderes políticos, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010).
Lula, no entanto, não planeja participar dos atos, informou sua assessoria de imprensa. Dois dias antes, o ex-presidente disse que não queria que sua presença dominasse "uma manifestação convocada pela sociedade brasileira".
Outros países
Os atos contra o governo Bolsonaro não ficaram restritos apenas ao Brasil. Dezenas de pessoas se reuniram neste sábado (19) diante do Portão de Brandemburgo em Berlim, na Alemanha, também em protesto contra os atos do governo. Segundo informou a agência de notícias Deutsche Welle em sua conta brasileira no Twitter, os manifestantes pediram mais vacinas e o impeachment de Bolsonaro, além de denunciarem a violência contra os povos indígenas.
Durante o ato em Berlim, cruzes no chão lembraram os quase 500 mil mortos pela covid-19 no Brasil. As vítimas do massacre do Jacarezinho também foram lembradas.
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