Entrevista

Ministro Marcelo Queiroga se irrita com pergunta sobre compra da Covaxin: 'Eu falei em que idioma?'

O MPF investiga contrato do Ministério da Saúde com a Precisa Medicamentos para a compra do imunizante

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Estadão Conteúdo

Publicado em 23/06/2021 às 14:48 | Atualizado em 23/06/2021 às 16:50
Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga - JEFFERSON RUDY/AGÊNCIA SENADO

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, se irritou após jornalistas questionarem sobre a compra da vacina da Covaxin, fabricada pela Bharat Biotech, nesta quarta-feira (23). Segundo Queiroga, o Ministério da Saúde "não comprou sequer uma dose da vacina Covaxin", afirmou, depois de evento de abertura do Fórum sobre Proteção Integrada de Fronteiras e Divisas, no Palácio do Planalto.

Como mostrou o Estadão/Broadcast, o preço fechado para a compra do imunizante, de US$ 15 por dose, foi 1.000% mais alto do que o estimado pela própria fabricante, seis meses antes. Ainda, conforme noticiou o Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) levou a denúncia de um suposto esquema de corrupção envolvendo a compra do imunizante, no dia 20 de março, para o presidente Jair Bolsonaro.

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"Todas as vacinas que têm registro definitivo da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) o Ministério considera para aquisições", declarou o ministro nesta quarta-feira. Queiroga acrescentou que o governo espera o posicionamento do órgão regulador para tomar uma posição acerca "não só dessa vacina, mas de qualquer outra vacina que obtenha registro emergencial ou definitivo". "Já temos hoje número de doses de vacinas contratadas acima de 630 milhões, e o governo federal tem feito a campanha acelerar", afirmou.

Ao ser questionado se o governo compararia a vacina com o preço acima da média, Queiroga se irritou e respondeu: "Eu falei em que idioma? Falei em português. Então, não foi comprada uma dose sequer da vacina Covaxin nem da Sputnik". "Futuro é futuro", finalizou Queiroga, abandonando em seguida a entrevista.

O Ministério Público Federal em Brasília investiga contrato do Ministério da Saúde com a Precisa Medicamentos para a compra do imunizante. Esta foi a única compra de doses contra Covid pelo governo federal realizada com intermediário privado e sem vínculo com a indústria de vacinas.

A negociação também está em análise por senadores da CPI da Covid. Pelo contrato assinado em fevereiro, as primeiras doses da Covaxin chegariam ao Brasil em maio, 70 dias após o fechamento da compra. Até agora, nenhum frasco foi entregue.

As doses foram negociadas ao preço unitário de US$ 15 – 50% acima dos US$ 10 pagos por cada dose da vacina da Pfizer, por exemplo. Como as remessas não chegaram, o Ministério da Saúde ainda não fez nenhum pagamento nesse contrato. A Covaxin ainda não tem registro definitivo na Anvisa.

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