O senador Humberto Costa (PT) acredita que o relatório final a ser apresentado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid deverá pedir o indiciamento de até 100 pessoas, diante da importância de sua repercussão. De acordo com o parlamentar, não é papel da CPI julgar ou punir, mas fazer a investigação dos fatos.
"Ela possui algumas características que facilitam no que vai acontecer depois. Por exemplo, se nós chegarmos a conclusão de que houve crime de responsabilidade fiscal por parte do presidente da República”, afirmou Costa.
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Neste caso, a CPI da Covid-19 poderia pedir o impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e, diferente dos outros pedidos já impetrados no Congresso Nacional, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), seria obrigado a se manifestar em um prazo de 30 dias.
"O procurador geral da República, se houver crimes comuns cometidos pelo presidente, também tem prazo para opinar se abre ou não processo. Existem características que regem o funcionamento das CPIs, que têm essas essas diferenças e, nesse sentido, é difícil que vá chegar em a terminar em pizza", declarou Humberto Costa, em entrevista à Rádio Jornal Caruaru, nesta sexta-feira (23).
Ameaça
O senador pernambucano também comentou sobre a ameaça que o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, teria dito ao presidente da Câmara, Arthur Lira, condicionando a realização das eleições de 2022 à implantação do voto impresso e auditável das urnas eletrônicas, conforme publicação do jornal O Estado de S. Paulo. Ambos já se pronunciaram por meio de nota, negando essas as informações.
"Primeiro, a gente não pode nunca subestimar essas coisas, elas são muito sérias. A democracia é uma conquista da nossa população, que foi obtida com luta. Para nós, que somos democratas e sabemos que o desenvolvimento do Brasil depende de estabilidade política, de regras claras e de liberdade para a população, mesmo que seja uma ameaça feita por alguém segurando um pedaço de pau, a gente tem que dar seriedade a isso", declarou Costa.
Entretanto, o senador petista não acredita na viabilidade de um golpe, que esse movimento que está ocorrendo no país por "meia dúzia de bolsonaristas", estaria mais para uma "quartelada". "Porque o golpe mesmo, que se sustenta por anos, precisa ter o apoio de uma parcela da população e não há apoio para isso na nossa sociedade. Tem que ter apoio de uma parcela importante do empresariado, e hoje não há apoio para isso, tem que ter apoio político, parlamentar e não conseguiu ver isso além de uma meia dúzia de bolsonaristas ensandecidos, apoiando uma ilegalidade democrática", afirmou.