Colocado como “plano A” do PSB para sucessão do Governo de Pernambuco, o ex-prefeito do Recife e secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Julio, poderá não disputar as eleições de 2022. O próprio socialista tem pontuado nos últimos meses de que não será candidato a governador. Diante deste cenário, alguns nomes começam a surgir como possíveis quadros a serem considerados na bolsa de apostas.
A ausência nas recentes agendas do governador Paulo Câmara pelo interior do Estado e nas coletivas de imprensa da Secretaria de Desenvolvimento Econômico para tratar das ações do Executivo no enfrentamento da covid-19, além dos escândalos envolvendo contratos da Secretaria de Saúde e Educação, em sua gestão, que estão sendo investigados pela Polícia Federal e órgãos de controle, são alguns dos pontos que levantam dúvidas a respeito de sua permanência na disputa.
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Nas eleições municipais de 2020, o então candidato a prefeito João Campos foi acusado inúmeras vezes pelos adversários de esconder o seu antecessor, por causa dos índices negativos nas pesquisas de opinião. Segundo informações exclusivas da coluna Cena Política, o próprio auxiliar teria confidenciado a amigos, que estaria “desanimado com os rumos da política e decepcionado com o ambiente que convive”.
Entretanto, uma fonte ligada ao Palácio do Campo das Princesas, afirma que o ex-prefeito tem realizado uma articulação interna ao reconhecer a postura de recolhimento de Geraldo em eventos com mais visibilidade. “Não existe outra hipótese hoje no PSB, que não seja a candidatura de Geraldo. O que temos construído hoje no partido, é o nome dele e não tem nada diferente disso”, frisou.
Outro socialista, também sob reserva, pontua que além do entendimento em torno do nome de Geraldo Julio, não haveria menor possibilidade de o partido abrir mão do protagonismo da disputa majoritária para qualquer outro partido do bloco de alianças formado pela Frente Popular. “Não há nomes fortes que possam reunir tantas condições assim, como Geraldo. E os partidos já trabalharam com ele durante os oito anos que esteve à frente da Prefeitura do Recife, sabem que ele consegue manter essa unidade”, frisou.
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Nesta quinta-feira (19), Geraldo Julio voltou a afirmar que não será candidato. “Gostaria de deixar claro que desde o mês de abril comuniquei ao Governador e declarei publicamente a minha decisão de não ser candidato a governador. Reafirmo essa decisão”, disse, em resposta ao blog de Edmar Lyra. Em junho, ele também havia se pronunciado ao Blog de Jamildo, afirmando que não era candidato a governador e quem conduziria esse processo seria Paulo Câmara.
Diante do cenário em que o ex-prefeito possa não concorrer às eleições de 2022, outros nomes começam a ganhar força no cenário. O secretário da Casa Civil, José Neto, o secretário estadual da Fazenda, Décio Padilha, o ministro do Tribunal de Contas da União, José Múcio, e mais recentemente a secretaria de Infraestrutura, Fernandha Batista, são alguns dos quadros que circulam entre as possibilidades postas dentro do PSB
“Nas agendas de ruas e mais política, o que está fazendo é a secretária Fernandha, que vem recebendo um grande destaque e vem conduzindo todas as ações da Secretaria de Infraestrutura com toda maestria, até por ser uma pasta com obras mais relevantes”, afirmou um socialista, em reserva.
Aliados da Frente Popular
Entre lideranças dos demais partidos que compõem a Frente Popular, há certa resistência em tratar abertamente sobre possíveis desentendimentos no PSB relacionados ao pleito de 2022, muito embora alguns desses caciques, como o deputado federal Sebastião Oliveira (Avante), por exemplo, já tenham declarado publicamente seu apoio à postulação de outros socialistas que não Geraldo Julio. Quando questionados se haveria chances do PSB abrir mão da vaga para o governo estadual na chapa majoritária, porém, todos parecem pensar da mesma forma, e dizem que isso é praticamente impossível de acontecer.
“Eu não creio que o PSB vá abrir mão da cabeça de chapa. Eles vão discutir internamente essa questão da candidatura e devem acabar se entendendo. Mesmo que Geraldo não queira disputar, o PSB não é um partido de uma nota só, eles têm outros bons nomes, como o secretário José Neto, os deputados Danilo Cabral e Tadeu Alencar, e podem até filiar alguém como o ministro José Múcio Monteiro. Opções não vão faltar”, declarou um aliado dos socialistas que preferiu não se identificar.
Uma outra fonte ligada à Frente Popular afirmou que a aparente resistência ao nome de Geraldo no PSB e na coligação pode não necessariamente estar ligada a uma antipatia à figura do secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, mas aos interesses pessoais de parte dos líderes desse grupo. “Claro que essas confusões que aparecem nos jornais refletem, de alguma forma, a realidade que existe dentro do partido. Aparentemente há conflitos dentro do PSB, mas eu acho que eles são capazes de contornar isso. Agora, sobre essa suposta rejeição ao nome de Geraldo entre os partidos da coligação, é necessário analisar caso a caso. É possível que ela ocorra realmente ou pode ser uma forma que algumas pessoas encontraram para se valorizar, pois podem vir a ser consideradas para consultas do candidato ao governo no momento da construção de uma unidade”, observou.
Posição do partido
De acordo com o presidente estadual do PSB, Sileno Guedes, que enviou nota à coluna Cena Política nesta quinta-feira (19), o partido “não discute eleições agora”. “Engana-se quem pensa que o pleito majoritário é a prioridade atual do nosso partido. O PSB de Pernambuco, representado pelo conjunto de lideranças que integram a gestão e liderado pelo governador Paulo Câmara, está trabalhando arduamente no combate à pandemia da Covid-19, na retomada de investimentos para Pernambuco, na geração de emprego e na ampliação de políticas sociais a quem mais precisa. É isso que o povo precisa neste momento e é isso que estamos focados em fazer”, frisou o dirigente, em um dos trechos.
A postura de Sileno em meio a esses rumores de conflitos entre os socialistas difere e muito de gestos adotados por ele anteriormente, em situações em que o nome de Geraldo foi posto à prova e ele declarou que o ex-prefeito seria “o melhor quadro para o PSB disputar o governo de Pernambuco”.