O líder do governo Bolsonaro no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB), afirmou na tarde desta terça-feira (3) que o presidente da República vai anunciar a concessão da BR-232 no Estado, incluindo as obras do Arco Metropolitano. Jair Bolsonaro (sem partido) chegou hoje a Pernambuco e, durante a tarde, reuniu-se com um grupo de empresários em um hotel no bairro de Boa Viagem, no Recife. Na ocasião, o militar da reserva recebeu das mãos de representantes da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe) e da Associação Comercial e Empresarial de Caruaru (Acic) uma carta que solicitava do chefe do Executivo federal atenção em diversas frentes para auxiliar na dinamização da economia local. A BR-232 e o Arco Metropolitano estão entre os itens mencionados pelos empresários.
"Os estudos para a concessão da BR-232 estão avançando, incluindo o Arco Metropolitano. Os estudos de viabilidade econômica foram concluídos essa semana e a concessão da 232 permite a inclusão do Arco Metropolitano, então essa é a melhor notícia que o presidente vai anunciar nesse encontro. Vai haver um chamamento público e a expectativa é que o contrato de concessão possa ser assinado já no primeiro semestre do ano que vem. É uma obra que estava parada, mas sempre foi sonhada, idealizada pelas forças políticas do Estado, e o presidente Bolsonaro vai não só entregar a retomada das obras da Transnordestina, como também vai entregar a maior obra hídrica do Estado, que é o Ramal do Agreste, e agora essa notícia que certamente será dada pelo presidente, que é a concessão da 232, incluindo o ramal metropolitano", detalhou FBC.
Na última quinta-feira (2), FBC e o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, anunciaram a autorização para a construção do trecho da Transnordestina até o Porto de Suape. O empreendimento foi incluído no programa de autorizações que o governo federal está lançando junto com a Medida Provisória 1.065/2021, que institui o Marco Legal das Ferrovias. Há algumas semanas Tarcísio chegou a afirmar que o trecho não seria mais tocado pelo governo, momento em que diversas lideranças do Estado iniciaram um trabalho para tentar reverter a decisão.
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O Arco Metropolitano é uma obra de infraestrutura pensada para integrar cidades através de uma malha rodoviária na região. As obras, contudo, nunca foram adiante e estiveram sempre cercadas por polêmicas de cunho técnico e ambiental. "Ela (a obra) tem que respeitar a legislação. Eu acho que essa discussão já amadureceu bastante, há a participação da sociedade, do Tribunal de Contas do Estado, o importante é que ela seja feita respeitando a legislação ambiental, pois a Região Metropolitana, um importante centro logístico do Nordeste, precisa dessa obra para desafogar tanto o trânsito de veículos de transporte de passageiros, quanto o transporte de carga", observou o senador.
Ricardo Essinger, presidente da Fiepe, afirmou no fim do encontro que ficou bastante satisfeito com os anúncios feitos pelo presidente, mas demonstrou preocupação com a possibilidade de questões políticas interferirem no andamento das ações que devem ser tocadas no Estado. "(O presidente) Falou de várias possibilidades de investimento. Reforçar a pista do aeroporto de Caruaru, com cooperação do governo federal, agora vai depender muito da cooperação da bancada e do governo estadual. Muita coisa o governo estadual pode atrapalhar, em vez de ajudar", pontuou.
Franco Vasconcelos, presidente do conselho da Acic, explicou que empresários de cidades como Santa Cruz do Capibaribe, Toritama, Recife, entre outras, participaram do evento e ficaram satisfeitos com o que foi apresentado pelo presidente. Ele conta, ainda, que Bolsonaro apresentou as dificuldades que possui para tirar todos esses planos do papel e cobrou esforços também do governo estadual.
"Ele (Bolsonaro) elencou alguns problemas que o governo federal está tendo na questão da pandemia, todos os valores disponibilizados, escassez de recursos para infraestrutura, mas sempre com uma palavra de otimismo. O governo federal tem se desdobrado para fazer o máximo nessa questão de infraestrutura. Ele falou sobre carga tributária, inflação, impostos sobre os combustíveis, o que os Estados poderiam fazer para reduzir essa questão, que os governadores têm de fazer seu dever de casa. O presidente deixou bem claro que o esforço não pode ser só do governo federal, é preciso que os governos estaduais também façam sua parte, assim como os municípios", disse Vasconcelos.
"Na reunião foi tratado sobre o Arco Metropolitano, Transnordestina e outras coisas boas que estão para vir para o nosso Estado. O presidente é sempre muito presente no nosso Estado, diferente do presidente antigo que nós tínhamos. Sempre interessado em fazer o melhor para o Brasil", declarou o vereador Alcides Cardoso (DEM), na saída da reunião.
PAUTA
Na carta apresentada pelos empresários ao presidente, além dessa questão, há outros dez pontos que eles acreditam que merecem ser observados com atenção pelo governo federal para "mitigar os prejuízos acumulados pelas empresas locais, principalmente pelas micro e pequenas empresas do Estado" durante a pandemia. Segundo a Fiepe, a classe teme que "com o aumento nos preços dos insumos, além da falta dos mesmos, e com a diminuição do fluxo de caixa", haja " redução na produção, aumento do desemprego e até mesmo o encerramento das atividades" no setor.
Para evitar esse cenário, a entidade sugere ao presidente ações relacionadas à melhoria do acesso ao crédito para empresas que possuam dificuldades, a escolha de Pernambuco para a implantação na nova Escola de Sargentos do Exército, a conclusão do Ramal Suape da Ferrovia Transnordestina, a continuidade das obras do Canal do Sertão e da adutora do Agreste e a duplicação da BR-104, por exemplo.
OUTRA CARTA
O grupo multissetorial Atitude Pernambuco entregou uma segunda carta-manifesto ao presidente durante o evento no Recife, com pautas bastante similares ao do documento da Fiepe e da Acic. O documento pede o destravamento de empreendimentos considerados estratégicos para a infraestrutura de Pernambuco e do Nordeste. Entre as solicitações estão: o Arco Metropolitano (Grande Recife), a manutenção da BR-232 e a Ferrovia Transnordestina.
No documento, os empresários também solicitam que seja devolvida a autonomia do Porto de Suape, retirada pela União em 2013. O encontro com o presidente aconteceu meses após reunião de trabalho realizada com o ministro de Infraestrutura, Tarcísio Freitas.
“É necessário que todos os governantes participem da construção de consensos em torno de uma agenda propositiva que compreenda e promova o desenvolvimento econômico e social de cada uma de nossas regiões e que ao Nordeste seja dada uma atenção especial não apenas pelas demandas do nosso povo, mas também pela relevância da sua economia”, defende o grupo na carta.
AGENDA
Bolsonaro e a primeira-dama Michele chegaram ao Recife por volta das 14h40 e seguiram para a sede da Orquestra Criança Cidadã, no Cabanga, onde participaram da cerimônia de inauguração das novas instalações da Escola de Formação de Luthier e Archetier do projeto social. De lá, o casal e a comitiva presidencial seguiram para o encontro com os empresários em Boa Viagem.
À noite, mais precisamente às 20h, Bolsonaro participa da cerimônia de Passagem de Cargo do Novo Comandante Militar do Nordeste, do General Marco Antônio Freire Gomes para o General Richard Fernandez Nunes. A solenidade vai contar com a presença do governador Paulo Câmara (PSB) e de outras autoridades.
No sábado (4), após seguir de helicóptero do Recife para Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste, o presidente participará de uma motociata com apoiadores. A previsão é que o grupo se reúna às 8h e siga até Caruaru, passando por Toritama. A dispersão está programada para ocorrer ao meio-dia.