O senador Álvaro Dias, líder do Podemos no Senado, explicou a decisão do partido de não apoiar eventuais novos pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Em entrevista à Rádio Jornal, na manhã desta quinta-feira (9), Álvaro alegou que um processo do tipo poderá piorar a crise política e econômica vivida pelo país.
"Seria mais confortável para nós, e para mim que sou crítico do governo, pedir o impeachment. Mas, é possível ou seria vender ilusão ao povo? Há possibilidade do presidente da Câmara (Arthur Lira) acolher ou manterá na gaveta? Nós temos de acreditar ou não que ele (Bolsonao) comanda a Câmara por intermédio do Centrão? Por que ele investiu tanto em toma lá da cá para eleger o presidente da Câmara? Para sofrer impeachment? Venderíamos ilusão frustrando a população", afirmou Álvaro Dias.
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Outro impedimento, segundo o senador, está relacionado ao tempo. Álvaro explicou que o processo de impeachment gira em torno de um ano. Assim, entraria em 2022 e, segundo ele, "contaminaria" o processo eleitoral do próximo ano.
"Se for instaurado o processo, quando seria? Quanto tempo levaria para o presidente da Câmara aceitar? Um impeachment dura cerca de um ano, o processo de impeachment é lento e doloroso, invadiríamos o processo eleitoral, conflagraríamos o país que vive em meio a ameaças constantes, que eu acredito que sejam bravatas do presidente, mas seus seguidores acreditam", comentou.
Crise
Em nota, o Podemos havia afirmado que "a abertura de uma nova crise política, em meio à pandemia do coronavírus, desemprego e crise econômica, só agravaria o sofrimento das camadas mais vulneráveis, que já vivem em situação de extrema dificuldade".
Segundo o partido, o foco do governo deve ser a população brasileira e que as atuais disputas devem ficar para as eleições do próximo ano. "(A legenda) Podemos trabalha para solucionar os problemas da vida real do brasileiro e pacificar o país, e entende que disputas políticas devem ser resolvidas por meio das urnas, nas eleições de 2022".
Por fim, o Podemos justificou que trabalha em um projeto de terceira via, que tem seus próprios nomes para as eleições de 2022 e que seguirá adotando "posição de partido independente, votando no Congresso a favor e contra o governo, sempre que entender necessário, mantendo-se fiel às suas bandeiras, como o combate à corrupção e o fim do foro privilegiado, e vigilante pela preservação das instituições democráticas, rejeitando toda e qualquer bravata autoritária em todos os poderes".
A nota foi assinada pela presidente do partido, deputada Renata Abreu, e pelos líderes no Senado, Álvaro Dias, e na Câmara, Igor Timo.