A possível entrada do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no PL pode afetar a aliança que o partido possui em Pernambuco com PSDB e Cidadania, que nacionalmente estão na oposição ao governo do militar. Nesta segunda-feira (8), o chefe do Executivo federal afirmou à CNN que está “99% fechado” com o partido de Valdemar Costa Neto e que a chance do acerto dar errado seria “quase zero”.
Em Pernambuco, o PL é presidido pelo prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira, que recentemente selou uma aliança com PSDB, PSC e Cidadania visando a eleição de 2022. Dentro do grupo há dois pré-candidatos ao Governo do Estado, o próprio Anderson e Raquel Lyra (PSDB), prefeita de Caruaru. A expectativa é que o escolhido para o posto seja anunciado até o início de janeiro do próximo ano, sendo que Anderson já afirmou que também aceitaria disputar o Senado.
Segundo o presidente estadual do Cidadania, deputado federal Daniel Coelho, como “ainda não há nada concreto” com relação à entrada de Bolsonaro no PL, por ora ele não teria nada para comentar sobre o tema. O parlamentar, contudo, afirmou que o seu partido irá estudar a situação no futuro, não garantindo que a aliança vai se manter em Pernambuco caso a filiação se concretize. “Vamos analisar o fato quando ele acontecer”, disparou.
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Pela manhã, durante passagem pelo Recife do ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, Raquel Lyra deu resposta semelhante à reportagem ao ser questionada sobre o cenário, ainda hipotético. “(Falar sobre isso) É um exercício de futurologia. É impossível que a gente consiga fazer qualquer tipo de previsão diante de um cenário absolutamente incerto. Vamos aguardar os fatos e aí a gente se pronuncia sobre eles”, cravou a gestora.
Presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo pensa diferente. Mais cedo, ele afirmou que uma possível filiação de Bolsonaro ao PL não deve afetar arranjos locais que porventura os dois partidos tenham feito. De acordo com o tucano, esta não seria sequer a primeira vez que regionalmente a sua sigla estaria ao lado de um partido com o qual não conversa nacionalmente.
“Nós vamos ter uma frente ampla em Pernambuco que não vai nacionalizar o palanque. Nós podemos estar ao lado de eleitores de Lula, do PSDB, de Bolsonaro. Nós temos um firme propósito: a unidade para permitir que Pernambuco viva um novo ciclo administrativo, de esperança, de alternativas, que se modernize. (...) A formação dessa chapa vai estar vinculada aos compromissos de Pernambuco. Se o nosso senador vota no PSDB, se o nosso governador vota em outro candidato, se alguém vota em Lula, isso vai se definir no plano nacional. Em 2014, por exemplo, o PSDB formou aliança com o PCdoB no Maranhão. O governador Flávio Dino (PSB) vai passar o cargo agora em abril para um vice-governador do PSDB. A mesma coisa vai acontecer aqui em Pernambuco”, declarou Bruno.
Confira abaixo os pré-candidatos ao Governo de Pernambuco até o momento:
Ao ser perguntado se a prefeita de Caruaru estaria disposta a abrir mão da cabeça de chapa para apoiar uma possível postulação de Anderson ao governo estadual, o dirigente partidário afirmou não ter nenhuma dúvida de que a gestora estaria, sim, aberta a este cenário. “Raquel está disposta a construir a unidade que for necessária para a gente construir o processo de alternância. Raquel não é candidata dela. Anderson não é candidato dele. Eles são candidatos de um projeto de alternância, de um projeto de esperança para Pernambuco. É claro que eu, como presidente nacional do PSDB, acho que o momento da vida pública aponta para Raquel liderar esse projeto, mas ao lado de Anderson, que continua sendo para nós uma alternativa posta do mesmo jeito”, pontuou o ex-deputado federal.
Anderson Ferreira foi procurado pelo JC para comentar o tema, mas não atendeu às tentativas de contato da reportagem.