Em visita à redação do Jornal do Commercio na manhã desta quarta-feira (4), a pré-candidata a governadora Raquel Lyra (PSDB) demonstrou que o alvo prioritário das suas críticas na campanha deste ano não será o deputado federal Danilo Cabral (PSB), postulante apoiado pela situação, mas o governador Paulo Câmara (PSB), que está na chefia do Executivo pernambucano há quase oito anos. Durante bate-papo com jornalistas do SJCC, a ex-prefeita de Caruaru disse acreditar que os atuais problemas do Estado estão diretamente ligados à gestão do socialista, queixou-se da falta de diálogo do Palácio do Campo das Princesas com as prefeituras e disse que vai trabalhar para que os problemas locais não sejam deixados de lado em nome da nacionalização da disputa.
Ao lado da deputada estadual Priscila Krause (CID), que frequentemente é cotada para ocupar um espaço na majoritária encabeçada pela tucana, Raquel declarou que se for eleita pretende reduzir a distância entre o gabinete da governadora e os municípios, pois dessa maneira considera que gargalos em setores como a educação e saúde, por exemplo, poderão ser sanados com mais facilidade. “O problema do Estado, hoje, é que ele trabalha com os municípios como se seus adversários fossem. Eles sacodem o problema para os municípios, denunciam que é com eles. É preciso liderança”, cravou.
-
Mendonça Filho aparece em evento de Priscila Krause, aliada de Raquel Lyra -
No Recife, Raquel Lyra lança plataforma para elaboração colaborativa do seu plano de governo -
Raquel Lyra diz que queda de teto no HR é 'retrato de abandono na saúde' em Pernambuco -
Raquel Lyra critica falta de atenção do Governo de Pernambuco a eventos como o Festival Nacional de Jericos
Entre as propostas de governo que já apresentou até o momento, Raquel disse que pretende construir cinco grandes maternidades em Pernambuco. A iniciativa, defende a pré-candidata, evitaria que as gestantes do interior do Estado precisassem fazer grandes deslocamentos para dar à luz os seus bebês, como, segundo ela, já estaria ocorrendo atualmente.
“Eu me reuni recentemente com lideranças da área médica e eles me contaram que existe um plano de rede materno-infantil ao longo do Estado de Pernambuco que é lançado e relançado todos os anos, mas não construíram sequer um leito de maternidade. O Hospital da Mulher não acabou e eles assinaram ontem outra ordem de serviço, como eles fizeram em todas as eleições, dizendo que vão concluir a obra, orçada em R$ 35 milhões”, queixou-se a ex-gestora.
“Esse é o governo da acomodação, e isso é desde o começo. Por conta disso, agora não pode apresentar nada. Ele não pode falar sobre água, sobre emprego, sobre educação, sobre nada”, completou Raquel.
Apontando a falta d’água como um dos principais problemas a serem enfrentados pelo governo estadual, Raquel defendeu um novo modelo de gestão para a Compesa, e não se colocou contrária à adoção de uma parceria público-privada para o setor, desde que isso ajude a população de todas as regiões pernambucanas a terem água nas torneiras. “Eu vivo na região de pior balanço hídrico do País. É onde tem mais gente e menos água. Há um racionamento enorme e mais da metade do que a gente produz acaba se perdendo em uma rede que é da década de 1960. (...) Eu não vou descansar enquanto não tiver água na torneira do povo de Pernambuco”, disparou.
Ao falar sobre articulações políticas, Raquel Lyra reafirmou que está aberta ao diálogo com os demais pré-candidatos e lideranças de oposição, e que nenhuma composição estaria descartada no momento. A respeito da presença de Priscila na chapa, a deputada estadual afirmou que essa possibilidade de fato existe, mas que o martelo só será batido com relação a isso no futuro. Por enquanto, diz a parlamentar, ela é candidata à reeleição na Assembleia Legislativa.
Com um candidato bolsonarista na corrida eleitoral - Anderson Ferreira (PL) - e outros dois disputando o apoio do ex-presidente Lula (PT) - Marília Arraes (SD) e Danilo Cabral -, Raquel declarou que o seu papel na campanha será fazer com que o foco do debate local sejam os interesses dos pernambucanos, não questões nacionais. "Eu fui prefeita, eu sei como o povo vive e ele quer saber como é que os problemas das cidades se resolvem. O que nós vamos fazer é debater os problemas do Estado com quem quer que seja o presidente da República", observou.