Habitacional iniciado há 11 anos no Recife é tocado por empresa de pequeno porte que mantém metade dos trabalhadores que deveriam estar na obra

Hoje, segundo a Cehab, a obra conta com 45 funcionários e mantém previsão de entregar 272 apartamentos no mês de dezembro
Lucas Moraes
Publicado em 25/08/2022 às 6:52
ALTERNATIVA Sem moradias populares, governo quer abater entrada da compra de imóveis para quem tem até dois salários mínimos Foto: GUGA MATOS/JC IMAGEM


Duzentas e setenta e duas famílias esperam há pelo menos 11 anos, quando foi assinada a ordem de serviço do habitacional Mulheres de Tejucupapo, na Iputinga, Zona Oeste do Recife, para terem uma casa própria. Após tanto tempo, a promessa é de que no próximo mês de dezembro, o empreendimento será entregue às famílias, que nem alimentam mais a esperança. “A ansiedade a gente não tem mais. Queremos os apartamentos, mas não tem expectativa. Eu mesma prefiro que, na situação que está, entreguem só no ano que vem”, desabafa a auxiliar de serviços gerais Maria do Carmo, 53 anos.

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Antes mesmo da ordem de serviço, ela ocupava o terreno onde vieram a ser erguidos os prédios, com outros moradores. E atualmente por lá, fora as ‘edificações ocas’ que já subiram, pouca coisa mudou.

“Além de moradora, eu faço parte da comissão de fiscalização. Essa já é a terceira construtora que o Estado coloca. E a gente vê, assim, talvez, se fosse obra particular já tivesse terminado”, detalha do Carmo.

Segundo ela, a primeira construtora parou porque identificaram tudo abandonado na obra. A segunda, também parou de repente. “O prazo que deram inicialmente a gente era de quatros anos. A gente sabe que não tá perdido, porque já vimos outras situações. Mas é muito tempo que estamos no aguardo”, diz ela.
A última visita dos moradores foi feita no mês passado. Por lá, foram informados pela Cehab de que a obra seria entregue no mês de dezembro deste ano.

DAY SANTOS/JC IMAGEM - Desafios especial habitacionais, personagem: Maria do Carmo

“A construtora falou para a gente que entregava em fevereiro ou março de 2023. Mas o engenheiro da Cehab falou que teria de ser até dezembro, por conta da verba. Se a verba acabar, como vai construir? Ainda tem essa preocupação. Só tem dinheiro até dezembro. A gente não tem mais expectativa. É tanto que foi a gente mesmo que disse pro mestre de obra e dono da construtora que, se desse, daqui para fevereiro, março era melhor”.

Hoje, segundo a Cehab, a obra conta com 45 funcionários, mas segundo os futuros moradores, a promessa é de que a esta altura o número de funcionários seria de 80.

 

“A quantidade de funcionários alocados na obra para atendimento do prazo de execução é de responsabilidade da empresa contratada, e a mesma diz que em função da demanda pode vir a realocar profissionais qualificados, já contratados, de outras obras em andamento ou contratar novos profissionais”, afirma em nota a Cehab.

A construtora em questão, Multiset Engenharia, tem seu registro na Receita Federal como empresa de pequeno porte, ou seja, tem até 99 funcionários.

Mas além do contrato de R$ 14,5 milhões com o governo para concluir o habitacional, ainda mantém três contratos com a Prefeitura do Recife para: Revitalizar os quiosques da Praia de Boa Viagem; construir a Escola municipal Jardim Uchôa e a Unidade de Educação CMEI Campina do Barreto.

GUGA MATOS/JC IMAGEM - ELEIÇÕES 2022 - Problemas que os novos governantes irão enfrentar - Habitacional Mulheres de Tejucupapo

Ainda assim, a Cehab diz que a previsão de entrega está mantida para o mês de dezembro, com garantia orçamentária.

O JC entrou em contato com Ministério do Desenvolvimento Regional para consultar a disponibilidade orçamentária da obra, mas não houve resposta. A construtora também foi procurada para detalhar os prazos das obras e consequentente distribuição de pessoal nas construções, mas não retornou o contato. 

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