O Partido Progressista anunciou, na última segunda-feira (5), que vai apoiar Daniel Coelho (PSD) nas eleições de outubro, mas esse apoio não se restringe à capital. Em cidades consideradas estratégicas para o governo estadual, como Caruaru e Petrolina, o presidente pepista Eduardo da Fonte também já estendeu a mão aos nomes apoiados por Raquel Lyra.
Em Caruaru, no Agreste, base eleitoral de Raquel, o PP já anunciou que vai apoiar o atual prefeito Rodrigo Pinheiro (PSDB), que era vice da governadora na época em que ela geriu a cidade. A decisão foi vista como aceno direto a Raquel.
Já em Petrolina, no Sertão, o Partido Progressista havia declarado apoio ao atual prefeito Simão Durando (União Brasil), mas mudou a rota e decidiu se aliar à candidatura de Julio Lossio, do PSDB de Raquel. A aliança também passou pela mesa do deputado estadual Kaio Maniçoba, presidente municipal do partido.
Em Ipojuca, na Região Metropolitana, o PP tem candidatura própria de Adilma Lacerda, apoiada pela atual prefeita Célia Sales, e já garantiu apoio do PSDB de Raquel, em articulação que passou pelas mãos da governadora e do deputado estadual Romero Sales Filho, herdeiro da atual gestora.
Esse apoio, que passa pelas pelos gabinetes da Assembleia Legislativa, demonstra o interesse de Raquel Lyra em ampliar sua base de aliados dentro da Alepe. Rompida com o presidente Álvaro Porto, seu correligionário, a tucana busca dar novo rumo à relação com os parlamentares por meio dos apoios às candidaturas municipais. Recentemente, já viu projetos importantes serem aprovados.
Em contrapartida, o PP vem ganhando cada vez mais espaço dentro do governo estadual. O partido vem indicando nomes para cargos dentro da gestão em substituição a servidores que haviam sido indicados por Anderson Ferreira (PL), de quem Raquel já foi mais próxima.
A direção do Detran e o novo secretário de Turismo e Lazer, Paulo Nery, que substitui Daniel Coelho, por exemplo, foram indicações da legenda.
A aliança no Recife garante, ainda, mais tempo de propaganda eleitoral para Daniel Coelho, no Recife. A integração do PP à chapa pode garantir mais um minuto de exibição do candidato, que pode chegar a dois minutos e meio de guia eleitoral.
Casos divergentes
Os diretórios do PP em Olinda e Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana, vivem situações diferentes nesse meio de campo. Na Marim dos Caetés, por exemplo, o partido oficializou candidatura própria de Márcio Botelho, vice-prefeito da cidade rompido com o atual gestor, Professor Lupércio.
Lupércio, por sua vez, lançou sua ex-secretária Mirella Almeida, com apoio da governadora Raquel Lyra e do PSD de Daniel Coelho. "As mulheres precisam ocupar mais espaços de poder. É muito importante eleger Mirella, que está pronta para ser a próxima prefeita de Olinda", comentou Raquel na convenção.
Em Olinda, a negociação da prefeitura ocorreu de forma paralela, devido à relação desgastada com Lupércio. Ele e Márcio trocaram acusações públicas e partiram até para a Justiça para resolver questões administrativas. Era impossível para o PP manter apoio à chapa da situação.
Em Jaboatão, o PP terá candidatura de Clarissa Tércio, bolsonarista e evangélica rompida com o Partido Liberal, liderado por Anderson Ferreira — que por sua vez apoia a reeleição do atual prefeito Mano Medeiros, que foi seu vice.
Nessa cidade, Raquel Lyra vai evitar apoiar Clarissa Tércio para não se aproximar de um bolsonarismo do qual vem tentando se distanciar nos últimos tempos. Ela também não deve apoiar Mano Medeiros do PL nem Elias Gomes, do PT de Lula. Em Jaboatão, Raquel deve adotar a mesma imparcialidade que impôs na eleição presidencial de 2022.
Embora a possível candidatura de Michele Collins no Recife tenha sido colocada como barganha de Eduardo da Fonte, que queria apoio de Raquel a Clarissa, em Jaboatão, a governadora não deu o braço a torcer. Da Fonte acabou cedendo e retirou o nome de Collins do pleito.