PERSEGUIÇÃO

Buscas por Lázaro Barbosa, o serial killer do DF, completam 11 dias

Caçador, o "serial killer do Distrito Federal" conhece bem a região onde está sendo procurado e tem facilidade em se esconder em áreas de mata

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Amanda Azevedo, Estadão Conteúdo

Publicado em 19/06/2021 às 0:56 | Atualizado em 19/06/2021 às 4:06
SUSPEITO Fugitivo teria roubado casa semanas antes de assassinato - REPRODUÇÃO/POLÍCIA CIVIL

A perseguição policial a Lázaro Barbosa, 32 anos, completou 11 dias neste sábado (19), concentrando-se na outrora pacata Cocalzinho de Goiás (GO), no meio do caminho entre Brasília e Goiânia. Por ser caçador, o "serial killer do Distrito Federal" conhece bem a região onde está sendo procurado e tem facilidade em se esconder em meio à vegetação.

Na noite desta sexta-feira (18), o secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, disse que acredita ter avistado Lázaro em um vale durante buscas. À tarde, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) tinha dito que o suspeito de ter matado quatro pessoas da mesma família em Ceilândia esteve em um chiqueiro, em uma chácara, e fugiu novamente para área de mata.

"A visualização foi de longe. Tenho quase certeza de que eu cheguei a vê-lo a um quilômetro de distância, do outro lado de um vale. A movimentação dele foi de uma pessoa que estiva ferida nas pernas, mas não deu para ver o resto", relatou o secretário.

Miranda acrescentou que os policiais estão focados em fazer a captura até a manhã deste sábado (19). "Cada dia a gente conhece mais ele. Cada dia a gente conhece mais o terreno. Cada dia a nossa tropa está mais preparada", disse.

A força-tarefa reúne mais de 200 agentes da Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal.  Os policiais usam helicópteros, cavalaria e cães farejadores. Um desses cachorros encontrou, nessa quinta-feira (17), um pano com sangue após uma troca de tiros entre policiais e Lázaro, indicando que o suspeito se feriu.

Moradores relatam medo

Cocalzinho de Goiás enfrenta dias de medo. Paulo de Souza Monteiro, de 58 anos, que trabalha em uma propriedade rural no distrito de Girassol, pertencente a Cocalzinho, resume o espírito dos moradores: "A gente não consegue nem dormir". O chacareiro afirmou que sua mulher está grávida e ele tem receio de que algo de ruim possa acontecer. "Penso mais nela."

"Estou com 58 anos, nunca vi um trabalho desses, nunca vi mesmo. Esse tanto de avião em cima de mim e eu andando, nunca vi", afirmou o chacareiro. Cocalzinho é uma cidade pequena, com pouco mais de 18 mil habitantes, a 115 km de Brasília. O município costuma apresentar baixos índices de homicídio. De acordo com dados mais recentes do Atlas da Violência, levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a taxa de homicídio na cidade era de sete por 100 mil habitantes em 2017.

Amanda Tavares, de 24 anos, dona de um salão de beleza na área urbana da cidade, afirmou que o cerco a Lázaro mudou drasticamente a rotina dos moradores. "O medo de ele aparecer na casa da gente só aumenta a cada dia que passa", afirmou.

Os crimes

Lázaro é acusado de matar, a tiros e facadas, três pessoas na zona rural de Ceilândia no último dia 9 de junho. Os mortos eram Cláudio Vidal de Oliveira, de 48 anos, e os filhos Gustavo Marques Vidas, de 21 anos, e Carlos Eduardo Marques Vidal, de 15 anos.

O foragido também é apontado como responsável pelo sequestro da mulher de Cláudio, Cleonice Marques de Andrade. O corpo dela foi encontrado no dia 12 à beira de um córrego, próximo da casa onde a família morava. Na terça-feira (15), ele fez uma família refém em uma chácara e atirou em um policial, que foi atingido de raspão.

Lázaro também é investigado pela morte de um caseiro em Girassol, no dia 5 de junho, quatro dias antes do assassinato da família.

Nascido na cidade baiana de Barra do Mendes, a 530 quilômetros de Salvador, Lázaro já respondeu, na cidade natal, a um processo por homicídio quando tinha 20 anos. Em 2011, já em Ceilândia, ele foi condenado por estupro e roubo com emprego de arma. Ele chegou a ser preso em 2018, em Águas Lindas de Goiás, mas fugiu do encarceramento poucos meses depois.

Linha do tempo 

Preso em Barra Mendes, na Bahia, pelo crime de duplo homicídio, mas fugiu da prisão depois de 10 dias, sendo considerado foragido.

Preso no DF pelos crimes de roubo, estupro e porte de arma.

Laudo aponta características de personalidade como "agressividade, ausência de mecanismos de controle, dependência emocional, impulsividade".

Passa para o regime semiaberto e é beneficiado com trabalho externo.

Foge da unidade prisional do regime semiaberto.

Lázaro é recapturado.

Foge do Presídio de Águas Lindas de Goiás (GO).

Justiça expediu novo mandado de prisão.

26 de abril: Lázaro teria invadido uma casa no Sol Nascente.

17 de maio: fez uma família refém na mesma região.

9 de junho: teria cometido um triplo homicídio em uma chácara, no Incra 9, em Ceilândia (DF).

10 de junho: rendeu o proprietário de uma fazenda, a filha dele e o caseiro.

12 de junho: polícia encontra corpo de vítima no Córrego da Cascalheira, localizado no meio da mata entre a BR-070 e a DF-180.

13 de junho: furtou um carro e o abandonou na BR-070, depois, ele continuou a fuga, pela mata.

14 de junho: polícias do DF e de Goiás fizeram um cerco em 34 propriedades rurais da região e continuaram as buscas.

15 de junho: fez mais uma família refém e baleou um policial.

16 de junho: polícia divulga possíveis disfarces de Lázaro.

17 de junho: trocou tiros com policiais.

18 de julho: foi visto por policiais.

 

 

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