Em 18 de julho de 2006, um jovem alto, magro, com visual de roqueiro compareceu ao Fórum Barra Funda, em São Paulo. Era Andreas von Richthofen, que foi até o local para prestar depoimento sobre o crime que mudou totalmente a sua vida quatro anos antes: os assassinatos de seus pais, Manfred e Marísia von Richthofen, articulado pela sua única irmã, Suzane. O caso voltou à tona após os lançamentos dos filmes "A Menina que Matou os Pais" e "O Menino que Matou Meus Pais". Veja o que disse Andreas no julgamento que condenou Suzane e os irmãos Cravinhos.
Segundo a reportagem da Folha de S.Paulo, publicada no dia seguinte ao depoimento do jovem, o rapaz desmentiu a irmã ao dizer que ela não aparentava estar drogada na noite do crime e que a arma encontrada em um urso de pelúcia era mesmo de Suzane. Foi a primeira vez que Andreas deu sua versão sobre os fatos.
- Após lançamento de A Menina Que Matou Os Pais e O Menino Que Matou Meus Pais, veja como estão os envolvidos no Caso Richthofen atualmente
- Leonardo Bittencourt revela o que ele e Carla Diaz fumavam durante as gravações dos filmes sobre o caso Von Richthofen
- Filmes do caso von Richthofen: Quem estava falando a verdade e o que a Justiça diz sobre o caso?
- Chega ao fim namoro de Suzane von Richthofen e Rogério Olberg, diz revista
Na ocasião, o jovem pediu para prestar depoimento sem a presença de Suzane, Daniel e Cristian Cravinhos, pessoas de quem era próximo na época dos assassinatos dos pais. Andreas disse não acreditar no arrependimento de Suzane e que não a perdoava. Além disso, ele afastou a hipótese de que a irmã abriria mão da herança dos pais e até chegou a rir quando o advogado de defesa de Suzane disse que ela assinaria um documento desistindo de sua parte da fortuna.
Os direitos sobre o patrimônio da família ocuparam boa parte do depoimento de Andreas, que relatou que a irmã, mesmo presa, fez "uma palhaçada", obrigando à contagem de tudo o que havia na casa da família: "talheres, louças, sofás, camas".
Avaliada em cerca de R$ 11 milhões, a fortuna da família von Richthofen ficou submetida à análise da justiça. Em 2011, após o julgamento de Suzane, que ocorreu em 2006, foi decidido que a jovem era indigna de receber o patrimônio. A decisão foi oficializada em 2015.
>> Onde está o irmão de Suzane? Saiba o que que aconteceu com Andreas von Richthofen
>> Chega ao fim namoro de Suzane von Richthofen e Rogério Olberg, diz revista
O que que aconteceu com Andreas von Richthofen depois?
Desde a morte trágica de Manfred e Marísia, Andreas passou a viver recluso, sob a tutela da avó, Lourdes Maganani Abdalla e o do tio, Miguel Abdalla Neto. O jovem passou a estudar em uma das melhores escolas de São Paulo e era muito protegido pela família. A avó do rapaz faleceu quatro anos depois dos assassinatos.
Em 2005, Andreas foi aprovado no vestibular para o curso de farmácia e bioquímica da Universidade de São Paulo (USP) em terceiro lugar. O rapaz também passou em outras quatro faculdades, mas optou por estudar na USP, onde era visto como um aluno excelente.
Após concluir a graduação, o filho do casal von Richthofen foi aprovado para o doutorado na Faculdade de Química, também da USP. Com isso, Andreas passou a viajar para eventos de divulgação de trabalhos desenvolvidos na instituição.
>> Chega ao fim namoro de Suzane von Richthofen e Rogério Olberg, diz revista
Em 2015, 12 anos após o crime, Andreas von Richthofen se pronunciou publicamente pela primeira vez e única vez sobre o crime arquitetado pela irmã Suzane. O rapaz concedeu uma entrevista e divulgou uma carta à Rádio Estadão. Nela, ele diz que o assassinato cometido pela irmã "é nojento" e defende a memória do pai de uma acusação feita pelo procurador de Justiça Nadir de Campos Junior de que o ex-funcionário da Dersa S/A mantinha contas no exterior.
Carta
A carta começa cumprimentando o trabalho do procurador na condenação do trio. "É em nome do excelente trabalho do qual o Sr. participou, ao condenar a minha irmã Suzane Louise von Richthofen e aos irmãos Cristian e Daniel Cravinhos, e também de toda sua história na justiça brasileira que me sinto compelido a abordá-lo", diz trecho da carta.
"Escrevo-lhe esta mensagem por vias igualmente públicas às quais o Sr. se vale para comentar o caso da minha família. Entendo que sua raiva e indignação para com estes três assassinos seja imensa e muito da sociedade compartilha esse sentimento. E eu também. É nojento", escreve.
Em seguida, ao se dirigir ao promotor, ele pede provas das acusações. "Encare da perspectiva existencialista. No entanto observo que o Sr. faz diversos apontamentos referindo a um suposto esquema de corrupção, do qual meu pai, Manfred Albert von Richthofen, teria participado e cujos resultados seriam contas no exterior em enormes montantes. Gostaria que o Sr. esclarecesse essa situação: se há contas no exterior, que o Sr. apresente as provas, mostre quais são e aonde estão, pois eu também quero saber e entendo que sua posição e prestígio o capacitam plenamente para tal", considera.
"Mas que se isso não passar de boatos maliciosos e não existirem provas, que o Sr. se retrate e se cale a esse respeito, para não permitir que a baixeza e crueldade deste crime manche erroneamente a reputação de pessoas que nem aqui mais estão para se defender, meus pais Manfred Albert e Marísia von Richthofen", completa a carta.
Detido por pular muro de residência
Apesar da promissora vida acadêmica, o trauma fez com que Andreas se entregasse ao consumo de álcool e drogas. Em 2017, aos 29 anos, ele foi abordado por policiais após pular o muro de uma residência em São Paulo. Na ocasião, o jovem dizia frases desconexas e parecia assustado. Quando questionado sobre quem ele era teria respondido “não queiram saber da minha vida.”
Andreas só foi reconhecido como o irmão de Suzane no Hospital Municipal do Campo Limpo, para o qual foi levado. O rapaz estava com a roupa rasgada e possuía escoriações e ferimentos pelo corpo, provavelmente advindas da ação de pular o muro da residência. Ele carregava consigo uma caixa de joias que continha uma medalha cunhada com o sobrenome von Richthofen.
No mesmo dia, Miguel Abdalla foi à unidade de saúde para receber os pertences do sobrinho, mas o jovem havia sido transferido para a clínica São João de Deus, especializada na recuperação de usuários de drogas e conveniada com o Sistema Único de Saúde (SUS). Andreas assumiu fazer uso de álcool e maconha, mas afirmou que, naquele dia, não havia consumido nenhuma das substâncias recentemente.
* Quando você compra por meio de links em nosso site, podemos receber comissão de afiliado.