Estudo pernambucano com pele de tilápia vai ser lançado ao espaço

Projeto foi selecionado pela Nasa e será lançado no dia 20 de junho
Editoria de Cidades
Publicado em 29/05/2019 às 8:04
Projeto foi selecionado pela Nasa e será lançado no dia 20 de junho Foto: Foto: Filipe Jordão/ JC Imagem


Após ganhar repercussão nacional e internacional, o estudo pernambucano que utiliza pele de tilápia para tratamento de queimaduras e feridas vai ganhar, literalmente, o espaço. O feito é do estudante Luis Gabriel de Sales Castillo, de 15 anos. O carioca é membro do Clube de Astronomia Louis Cruls, no Rio de Janeiro, e foi selecionado pela Nasa para participar do projeto Cubes is Space, programa mundial que levará 80 experimentos de todo o mundo para o espaço.

Esta é a segunda vez que o estudante é selecionado. “Estávamos procurando algum projeto para inscrever na edição deste ano e encontramos esse estudo, desenvolvido aqui em Pernambuco. Achamos muito interessante. Entramos em contato com o professor Marcelo Borges, que desenvolveu esse trabalho. Ele aceitou nos apoiar nessa pesquisa e nos enviou as peles de tilápia”, conta Luis.

As amostras serão colocadas em um cubo de quatro centímetros e enviadas à estratosfera, com o objetivo de analisar como a pele de peixe se comporta em diferentes condições de pressão, temperatura e gravidade. “Os cubos podem pesar no máximo 64 gramas. Enviamos eles para a Nasa, que os lança até o espaço e traz de volta. Em seguida, o material é devolvido para que a gente possa fazer as análises”, explica o estudante.

O lançamento vai acontecer no dia 20 de junho. O processo dura poucos minutos. “É um foguete supersônico, que viaja acima da velocidade do som. Ele fica de dois a três minutos em microgravidade e volta. Ao todo, são seis minutos”, detalha o jovem cientista. Luis Gabriel ainda terá a oportunidade de apresentar seu projeto durante o RocketFest 2019, no dia 18 de junho. “É uma honra muito grande, porque estarei representando meu País.” Além do trabalho dele, outros seis, todos do Rio de Janeiro, serão lançados pela Nasa.

O tratamento poderá ser utilizado em astronautas. “A proposta é ajudá-los em futuras explorações espaciais. Eles podem sofrer queimaduras no processo e essa pele pode ajudar a tratar de forma mais rápida e sem dor, em comparação aos tratamentos convencionais”, argumenta o estudante.

ESTUDO

O estudo que comprovou a eficácia da pele de tilápia é do cirurgião plástico Marcelo Borges, professor da Faculdade de Medicina de Olinda e coordenador da SOS Queimaduras e Feridas do Hospital São Marcos, onde a pesquisa teve início. “Ela já beneficiou mais de 300 pacientes em todo o País, especialmente no Ceará e em Pernambuco. Os dados foram extremamente satisfatórios no alívio da dor, redução do tempo de tratamento e dos custos. É um projeto que aguarda a tramitação pela Anvisa para se transformar, em até dois anos, em produto para a saúde. Fico lisonjeado que, através da ideia genial desse jovem cientista, ele seja colocado no plano espacial.”

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