Entenda por que a movimentação do óleo nas praias de Pernambuco é imprevisível

Especialistas explicam por que algumas praias do Litoral Sul foram atingidas e outras não
JC Online
Publicado em 23/10/2019 às 13:53
Foto: Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem


O ineditismo do desastre ambiental que vem trazendo vestígios de petróleo cru às praias do Nordeste brasileiro e, de forma ainda mais intensa, ao Litoral Sul pernambucano, trazem questionamentos ainda sem respostas aos melhores cientistas e técnicos do país. Até o momento sabe-se apenas que a origem do material é da Venezuela, mas de onde ele vem ainda é um mistério. Além disso, os próximos caminhos a serem percorridos pelo poluente ainda são imprevisíveis.

Não há espaço para afirmações vazias e simplistas. É o que explica o presidente do Ibama, Eduardo Fortunato Bim. “Manifestações do tipo: 'está acabando' ou 'está apenas começando' não são fundadas em nenhuma base técnica, porque a gente não tem a origem do óleo. Não tem a volumetria desse óleo. Está muito errático, não tem modelo para isso. Uma situação inédita”, disse.

Porém, especialistas no curso das marés elaboram hipóteses do que pode ter acontecido para que o petróleo tenha atingido algumas praias e outras não, a partir de um estudo prévio sobre as marés e a direção dos ventos.

Como acontece o movimento do óleo no Litoral

Só na cidade de Ipojuca, foram recolhidas quatro toneladas do óleo até o dia 19 de outubro. Porém, a praia de Porto de Galinhas, cartão-postal de Pernambuco e pertencente ao município que também agrega as adjacentes Muro Alto e Maracaípe, não foi atingida de maneira extensa. O fato levantou o questionamento de como seria a distribuição da mancha que, de acordo com o Oceanógrafo Marcus Silva, “não ocorre de forma linear, mas depende do sistema de ventos e de maré para jogá-lo até a costa”.

O engenheiro de pesca Leonardo Veras explica que, nessa época do ano, o sistema de correntes marítimas se dirige do sul até o norte. “Uma vez que o óleo percorre o sistema costeiro, ele vai segui-lo. Neste momento a direção predominante é do Sul para o Norte, mas isso pode mudar. Caso o sistema de ventos mude, a corrente marítima também é alterada”, disse. Por isso, São José da Coroa Grande, localizada no extremo sul do litoral do estado, foi a primeira cidade em que foi observado o reaparecimento das manchas, no dia 17 de outubro.

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