Após mais de 15 horas de trabalhos com o auxílio de voluntários, o Corpo de Bombeiros conseguiu resgatar, no fim da noite desta quarta-feira (24), o corpo da jovem que havia desaparecido após um deslizamento em Caetés I, Abreu e Lima, no Grande Recife. Maria Eduarda da Silva, 21 anos, estava grávida de oito meses. Ao todo, em Abreu e Lima, foram registradas cinco mortes. Em toda a Região Metropolitana do Recife (RMR), o número chega a 12.
A tragédia em Caetés I foi a primeira registrada por causa das chuvas em Abreu e Lima. Segundo o coordenador da Defesa Civil da cidade, Júnior Lopes, a área era monitorada e as barreiras eram contidas com lonas e muros de arrimo, o que não foi suficiente para evitar as mortes. A prefeitura declarou situação de emergência devido às chuvas constantes, que chegaram aos 46 milímetros em 24h, e aos deslizamentos.
Em um dos imóveis atingidos, estava Adalmir Ferreira dos Santos, de 53 anos, que teve o corpo encontrado no início da manhã desta quarta-feira (24). Na outra casa morava uma família. O pai, Silvano da Silva, 49, e um dos filhos, Luiz Henrique da Silva, 15, foram encontrados sem vida. A filha, identificada como Mariana da Silva, 19, chegou a ser resgatada, mas morreu a caminho do hospital. A mãe, Hariana Tereza Xavier da Silva, 39, também foi encontrada com vida e encaminhada ao Hospital Miguel Arraes (HMA), em Paulista. Maria Eduarda da Silva era a filha mais velha do casal. Segundo o marido, ela havia ido passar a semana na casa dos pais.
Muita lama e destroços. Esse foi o cenário visto após uma barreira deslizar e matar um casal de idosos na Rua Ageu, bairro de Passarinho, Zona Norte do Recife. As vítimas estavam dentro de casa quando, na madrugada desta quarta-feira (24), foram surpreendidas pelo barro. A residência dos idosos, reformada recentemente, ficou destruída. No local, para evitar uma tragédia ainda maior, os Bombeiros interditaram várias casas que têm risco de desabamento.
A Zona Norte do Recife também viu outra tragédia acontecer. Por volta das 4h desta quarta-feira (24), uma árvore caiu em cima da casa de Josafá Barbosa da Costa, conhecido por seus amigos e vizinhos como Zezinho, no Córrego do Curió, em Dois Unidos. Ele trabalhava como pedreiro e ficou soterrado após conseguir tirar seus filhos de dentro de casa. "Ele saiu com os filhos, deixou eles do lado de fora e tentou voltar para pegar um objeto, móveis e infelizmente não deu", contou um morador da localidade Ainda de acordo com a testemunha, vizinhos tentaram ajudar Zezinho, mas não conseguiram. "Infelizmente, a gente só escutou os gritos. Saímos de casa para tentar ajudar, mas infelizmente não teve condições", lamentou.
Nas ruas Arcoverde e Aquarela, no bairro de Águas Compridas, em Olinda, duas pessoas morreram. Elas foram identificadas como Abraão Batista da Silva, 25 anos, e Iraci Maria da Conceição, 78, respectivamente. A cidade também registrou as mortes de Diego e Elisângela, cujas idades não foram informadas.
Recife:
Josafá Barbosa da Costa, 34 anos - Dois Unidos
Natalicio Vicente da Silva, 69 anos - Passarinho
Ivonete Maria da Silva, 63 anos - Passarinho
Olinda
Abraão Batista da Silva, 25 anos - Águas Compridas
Iraci Maria da Conceição, 78 anos - Águas Compridas
Elisângela, idade não revelada - Passarinho
Diego, idade não revelada - Passarinho
Abreu e Lima
Mariana da Silva, 19 anos - Caetés
Luiz Henrique, 15 anos - Caetés
Silvano da Silva, 49 anos - Caetés
Adalmir Ferreira dos Santos, 53 anos - Caetés
Maria Eduarda da Silva, 21 anos - Caetés
As chuvas já provocaram 23 mortes no Grande Recife este ano. Além das 12 vítimas de desta quarta-feira (24), sete pessoas morreram em Camaragibe e uma em Jaboatão dos Guararapes por causa de deslizamentos de barreiras durante as chuvas de junho. No mesmo mês, uma mulher morreu afogada em um túnel no bairro do Pina, Zona Sul do Recife. Em Paulista, duas crianças morreram em março após a casa onde viviam ser atingida pela lama de uma barreira durante a madrugada.
Em Pernambuco, todas as mortes relacionadas a complicações pelas chuvas este ano foram contabilizadas na Região Metropolitana do Recife, segundo a Coordenadoria de Defesa Civil de Pernambuco (Codecipe). Quando comparado com anos anteriores, o número chega a ser assustador. Nos anos de 2015, 2016 e 2017 o número de óbitos foi igual. Três mortes. Em 2018 não houve registro. Já em 2019, antes mesmo do fim do período chuvoso, que de acordo com a média histórica da Agência Pernambucana de Águas e Climas (Apac) segue até final de julho e início de agosto, o Estado já acumula 23 mortes devido a deslizamento de barreiras, alagamentos e outros transtornos causados pelas fortes chuvas.
O Recife registrou, nas últimas 24 horas, o equivalente a 15 dias de chuva. Entretanto, a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) informou que os modelos atmosféricos indicam estabilidade. Isso significa que nas próximas 24 horas as chuvas devem diminuir.
A previsão do tempo para esta quinta-feira (25) é de chuva fraca a moderada na Região Metropolitana do Recife e Zona da Mata, alem de chuva fraca no Agreste e no Sertão.