“Não tenha medo de meter a colher em briga de marido e mulher.” O recado está estampado no cartaz produzido para a campanha Violência Doméstica Aqui Não, da startup Mete a Colher em parceria com o Instituto Maria da Penha (IMP), e é endereçado a moradores e síndicos de condomínios. O objetivo é fornecer informações sobre o ciclo de violência e como realizar a denúncia. A campanha nacional foi lançada após Pernambuco aprovar uma lei que obriga síndicos e administradores de prédios a denunciarem casos de agressão contra mulheres, jovens e idosos.
Moradores, síndicos ou administradores podem acessar a plataforma violenciadomesticaaquinao.com e baixar o cartaz e uma cartilha informativa. O material pode ser fixado em elevadores, murais ou outras áreas comuns de prédios e condomímios.
“Se trata de um material educativo, para conscientização. Enquanto comunidade, precisamos intervir. A vítima precisa saber que o prédio está de olho, para se sentir mais protegida e amparada. O maior inimigo dela é o silêncio”, defende Renata Albertim, uma das fundadoras do Mete a Colher.
A autônoma Alcione Nobre, 46 anos, imprimiu cartazes para fixar no condomínio onde mora, em Candeias, em Jaboatão dos Guararapes. “Se o vizinho ouvir uma agressão e ficar calado, contribui para que a vítima não saia do ciclo de violência.” A síndica, Danielly Parisio, 39, abraçou a ideia. “Desde que assumi, em setembro, alguns casos já aconteceram. Sempre tivemos a postura de mostrar para o agressor que estávamos por perto, seja tocando campainha, mandando o porteiro interfonar ou chamando a polícia. A portaria é autorizada a deixar qualquer viatura entrar.”
Em junho, o Estado sancionou lei, de autoria da deputada estadual Gleide Ângelo (PSB), que determina que síndicos e administradores devem denunciar casos de violência, sob pena de pagamento de multa de até R$ 10 mil. “Sabemos da importância de proteger esses grupos vulneráveis, mas muitos síndicos ficaram apreensivos quanto às repercussões da denúncia”, afirmou Márcio Gomes, presidente do Sindicato da Habitação de Pernambuco (Secovi-PE).
Para a vice-presidente do IMP, Regina Célia Barbosa, a cartilha cumpre a função de orientar nesse processo. “Foi uma conquista importante, mas precisamos de campanhas educativas como essa para que a denuncia seja feita de forma segura e orientada.”