O sol está mesmo de rachar. Basta caminhar alguns minutos ao ar livre para sentir como a temperatura a radiação têm se espalhado com mais intensidade. A impressão de que vivemos numa fornalha exige cuidados para nos prevenirmos dos transtornos que se tornam comuns quando o termômetro sobe. Neste verão, a temperatura se elevou mesmo, sem dó nem piedade. Em Pernambuco, as médias históricas de temperatura máxima e de sensação térmica são, respectivamente, de 31.1°C e 34°C no trimestre (dezembro, janeiro, fevereiro). “Este ano, esses valores devem ser superados no período e chegar aproximadamente a 31.9°C (temperatura máxima) e 34.9°C (sensação térmica). É praticamente um grau acima da média história”, frisa o meteorologista Romilson Ferreira, da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac).
Sem cuidados, além de favorecer a desidratação, o calor traz outras consequências para a saúde. Em novembro de 2018, um relatório da revista científica The Lancet já havia alertado para esse cenário mundial e listou problemas associados a altas temperaturas, como estresse por calor, insuficiência cardíaca e lesão renal aguda por desidratação. Outra apreensão, principalmente no Brasil, são as arboviroses.
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De acordo com o dossiê do The Lancet, a capacidade de transmissão do vírus da dengue, em 2016, foi a mais alta já registrada globalmente: subiu 9,1% para o Aedes aegypti em relação ao ano anterior.
É preciso redobrar os cuidados também com a saúde vascular. Entre os problemas que podem ocorrer mais comumente na estação, estão, inchaço nas pernas, sangramento de varizes, infecção e ulceração nos pés das pessoas com diabetes. Outro detalhe é que a desidratação torna o sangue mais grosso, o que faz a frequência cardíaca aumentar e favorece maiores incidências de infartos e derrames, especialmente em pacientes com fatores de risco para doenças cardiovasculares.
A ciência explica por que esse calor está fora do padrão. “Os oceanos estão mais quentes do que o normal, e isso traz mais calor para o Recife. Além disso, estamos num período de poucas nuvens. Sem elas, perde-se barreira para os raios”, diz o meteorologista Ranyere Nóbrega, professor da Universidade Federal de Pernambuco. Ele desenvolve pesquisas que analisam as ilhas de calor – fenômeno que ocorre principalmente nas cidades com elevado grau de urbanização. “São locais onde houve substituição do ambiente natural por asfaltos e prédios. Esse cenário torna áreas da cidade mais aquecidas. É o caso do Ipsep e da Imbiribeira (ambos na Zona Sul do Recife). Esses bairros poderiam ser refrescados pelos ventos de Boa Viagem, cujos prédios bloqueiam o ar em movimento”, explica Ranyere, que alerta: “Não temos um dia, até fevereiro, com conforto térmico para realização de nossas atividades. O mormaço é intenso devido à umidade alta”. O especialista destaca que 39°C é o valor máximo a que a sensação térmica pode chegar em alguns pontos do Recife, devido à mescla entre ilhas de calor e umidade alta.
É exatamente isso que faz o calor grudar no corpo. E como a gente se defende? Beber bastante água ao longo do dia, fazer refeições leves, usar roupas de cor clara e caprichar nas doses de filtro solar são medidas essenciais para garantir a boa saúde durante todo o verão.