O Brasil corre contra o tempo para fazer com que a cobertura das principais vacinas do calendário volte a atingir taxas recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para conferir proteção contra agentes infecciosos que causam doenças graves e geralmente letais, como o sarampo e meningite. Analisar essas taxas de imunização requer um trabalho criterioso, responsável, disciplinado e dinâmico, pois os índices dão pistas sobre risco de ocorrência de surtos ou epidemias. Para fazer essa observação, profissionais de saúde, técnicos e gestores se debruçam no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), que é formado por ferramentas digitais que não se limitam à carteirinha de papel.
Entre elas, estão a Avaliação do Programa de Imunizações, que registra as doses de imunobiológicos aplicadas e calcula a cobertura vacinal, e o Programa de Avaliação do Instrumento de Supervisão em Sala de Vacinação – um sistema utilizado pelos coordenadores estaduais de imunizações para padronizar o perfil de avaliação, capaz de agilizar a tabulação de resultados. “Em Pernambuco, passamos agora por um processo de transição do sistema de acompanhamento por doses de vacinas aplicadas para o SI-PNI, que é bem mais completo, pois traz um conjunto de informações importantes sobre quem tomou ou deixou de receber determinadas vacinas e o local de residência de cada indivíduo. Dessa maneira, sabemos quem, de fato, foi protegido, e não apenas o número de doses aplicadas”, esclarece a coordenadora do Programa Estadual de Imunização, Ana Catarina de Melo.
É a partir desse conhecimento que é possível estimar coberturas vacinais cada vez mais fidedignas por localidade.
Em Pernambuco, segundo Ana Catarina, cerca de (apenas) 50% dos municípios utilizam o SI-PNI, especialmente nas Regionais de Saúde do Sertão, como Salgueiro e Arcoverde. As cidades da Região Metropolitana do Recife e da Zona da Mata estão em processo de conclusão da implantação do sistema. “O SI-PNI é realmente uma ferramenta de que precisamos. O surto de sarampo pelo qual o Estado passou, em 2013, mostra a falta que faz um sistema como esse. Naquela época, em que não usávamos o SI-PNI, vacinamos muitas pessoas com a tríplice viral (protege contra sarampo, caxumba, rubéola), e os casos da da doença continuavam a aumentar. Sabe por quê? Estávamos imunizando quem já tinha recebido anteriormente a dose, porque não tínhamos como ter a certeza se a pessoa já estava vacinada ou não”, recorda a gestora.
Com o SI-PNI (adequadamente implantado), que computa a dose aplicada por cada pessoa, essa realidade poderia ter sido evitada. Ou seja, com o registro, seria possível alcançar as pessoas que estavam sem proteção e consequentemente em risco de adoecimento.
O objetivo fundamental do SI-PNI é possibilitar uma avaliação do risco de epidemias, a partir do registro das vacinas aplicadas e do quantitativo populacional vacinado, que são agregados por faixa etária, em determinado período de tempo e localidade. “Além disso, o sistema nos mostra a movimentação dos estoques nas salas de vacina e perdas de imunobiológicos, que podem ocorrer por quebra de frasco, por vencimento ou por queda de energia. São detalhes importantes que fazem a diferença”, diz Ana Catarina.
O SI-PNI já está em funcionamento desde 2010. A expansão de utilização do novo sistema, contudo, não foi impulsionada de imediato pela falta de equipamentos de informática em todas as salas de vacina do País, segundo o Ministério da Saúde. “Na prática, o sistema começou a ser usado a partir de 2013, quando o ministério passou a destinar recursos para a compra de computadores para as salas de vacina”, complementa Ana Catarina.
Para facilitar o entendimento e apoiar a utilização do sistema, o PNI produziu uma série com videoaulas que auxiliam no treinamento para utilização da ferramenta de registro individual dos dados de imunização de todos os residentes do Brasil. O material está disponível no canal do Ministério da Saúde no YouTube e pode ser acessado por qualquer pessoa interessada em conhecer o sistema e solucionar as dúvidas.