Avanço de dengue, chicungunha e zika repete riscos da epidemia de 2015

Em Pernambuco, 34% dos 184 municípios apresentam alta incidência de arboviroses
Cinthya Leite
Publicado em 28/06/2019 às 9:21
Ministério da Saúde alertou para o combate ao mosquito Aedes aegypti Foto: Foto: Rodrigo Lôbo/Acervo JC Imagem


Com mais de 35 mil casos de pessoas que adoeceram apresentando sintomas de dengue, chicungunha e zika este ano e 53 óbitos suspeitos por alguma dessas três arboviroses, Pernambuco reproduz um cenário semelhante ao de 2015, quando chicungunha e zika começaram a circular no Estado. “Percebemos que o aumento de casos, iniciado em janeiro, permanece este mês, o que não era mais esperado. Historicamente, a queda das notificações ocorre em maio, mas isso não aconteceu”, destacou a gerente do Programa Estadual de Controle das Arboviroses da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Claudenice Pontes.

Ela frisa que a situação é muito parecida com a de 2015, quando houve a tríplice epidemia (vírus das três arboviroses circulando intensamente). “Naquele ano, as condições ambientais eram de chuvas seguidas de sol forte, como acontece atualmente. Em consequência, temos mais mosquitos e maior transmissão (dos vírus)”, acrescentou Claudenice Pontes, ontem, na Escola Estadual Professor Motta e Albuquerque, na Tamarineira, Zona Norte do Recife, durante distribuição do gibi da Turma da Mônica sobre o combate ao Aedes aegypti.

Hoje 62 (34%) dos 184 municípios pernambucanos apresentam alta incidência de arboviroses. Todos têm registro de dengue este ano. A situação também é preocupante para chicungunha e zika, que já se apresentaram em 125 e 110 cidades, respectivamente. As notificações de óbitos também ultrapassam as do mesmo período do ano passado. São 53 mortes – quatro a mais que em 2018.

“Notamos aumento das ocorrências no Sertão, além do adoecimento de crianças e adolescentes”, afirma o diretor-geral de Vigilância de Doenças Transmissíveis da SES, George Dimech. A curva crescente de casos, na faixa etária infantojuvenil, é o que leva as Secretarias Estaduais de Saúde e Educação a distribuírem gibis da Turma da Mônica entre os alunos das mais de mil unidades de ensino. Quando se analisa a incidência de casos prováveis na população do Estado, estimada por 100 mil habitantes, a maior incidência para dengue, chicungunha e zika está nas crianças até 9 anos.

“Com a revista da Turma da Mônica, queremos mobilizar os estudantes para que atuem em suas casas e em seus bairros como atores essenciais no controle do Aedes. Os jovens podem e devem ser voz indispensável para propagar informações, principalmente neste momento”, destaca o secretário André Longo.

Dengue 2

A identificação este mês da circulação do sorotipo 2 da dengue (DEN-2) também coloca em alerta autoridades de saúde e pesquisadores, pois é um subtipo não detectado no ano passado no Estado e tem se espalhado pelo Brasil. “Analisamos também amostras de pacientes de Alagoas, Rio Grande do Norte, Sergipe e Paraíba. O tipo 2 da dengue apareceu em testes nos quatro Estados. Isso requer monitoramento porque há mais pessoas susceptíveis à infecção pelo tipo 2”, alerta o pesquisador da Fiocruz Pernambuco Rafael França.

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