Foi o telhado mais comentado do ano recém-encerrado. O Cais Rooftop Lounge Bar não deu para quem quis no quesito confraternização. E como poderia ser diferente? A localização é “matadora”: de frente para o Parque das Esculturas assinado pelo genial Francisco Brennand, tendo como bônus, na frente, o verde infinito do mar e, atrás, a majestade do conjunto arquitetônico do Bairro do Recife, cuja joia central é a Torre Malakoff. Cravado no teto do Museu Cais do Sertão, que homenageia o Rei do Baião, Luiz Gonzaga.
Passada a euforia das festas de fim de ano, pudemos apreciar a proposta com mais vagar. Aliás, pensar em tempo e em pressa é tudo o que não se quer quando se está ali. A chegada é feita através do elevador localizado à direita do vão central e uma triagem já começa por ali. Recepcionistas atenciosos direcionam os clientes: desejam ficar no ambiente externo ou interno?
A pergunta é importante porque as duas áreas têm perfis distintos. A primeira delas, e mais concorrida, permite desfrutar a vista, e a brisa marinha, sem obstáculos. É lá também que estão localizados os lounges, que podem ser reservados por grupos, entre 12 e 20 pessoas, desde que se assuma o compromisso de um consumo mínimo pelo uso da área privativa.
Na área externa não são servidos os pratos principais, apenas belisquetes e bebidas. Um couvert artístico de R$ 15 por pessoa é cobrado para remuneração do DJ, que despeja uma trilha sonora bacanérrima, tocando de tudo um pouco que combina com o clima balneário chique – bem a proposta do lugar. Vale a pena? Demais. A experiência de uma cobertura naquelas dimensões, voltada para o mar e aberto ao público é algo bem raro, se não inexistente, no Recife.
Além dos lounges, que ao fim do projeto completado totalizarão quatro unidades (por enquanto são 3), existem mesinhas espalhadas pelo local, mas não são muitas, daí a disputa acirrada. Ilhas para preparo de drinques e entrega de bebidas estão convenientemente localizadas.
No ambiente “fechado” é servido o cardápio completo – e ele vale por cada escolha. As aspas acima são cabíveis porque a sensação de enclausuramento inexiste no Cais Rooftop Lounge Bar. O projeto assinado pelo escritório Humberto Zirpoli cuidou para que nenhuma parede de alvenaria fosse erguida, de maneira que nos sentimos dentro de um aquário. “A própria vista é o grande elemento decorativo neste projeto. Tivemos o cuidado de sermos fiéis à proposta do museu, que dialoga com a história do entorno”, afirma Zirpoli.
Na elaboração do cardápio e à frente da cozinha está o chef Renato Valadares, um globe trotter que andou trabalhando em muitos lugares e agora se diz enraizado e pronto para pôr em prática o que aprendeu em suas andanças.
E fez um trabalho primoroso. O fio condutor escolhido por ele, em coerência com sua trajetória, é o da culinária que representa a diversidade brasileira. A ideia é não se deixar engessar, nem em formato, nem em fronteiras. Uma vez a cada mês, as opções menos solicitadas são retiradas e substituídas. E isso oferece, de cara, duas vantagens: a lista não fica muito extensa e também não cai na mesmice. O segundo cardápio estreia hoje.
No primeiro menu, em vigor desde a inauguração da casa, em 10 de dezembro, já despontaram dois grandes favoritos, que permanecem: o Capitu (uma porção de bolinhos de rabada com chutney de manga, R$ 36) e o Sinhá Vitória (porção de pastel de festa de inspiração nordestina-marroquina com molho ponzu, R$ 32).