'Irmandade', da Netflix, reúne Seu Jorge, Naruna Costa e Pedro Wagner

Oito episódios estreiam dia 25 de outubro e contam história de facção criminosa
Márcio Bastos'
Publicado em 13/10/2019 às 8:00
Oito episódios estreiam dia 25 de outubro e contam história de facção criminosa Foto: Netflix/Divulgação


As desigualdades que estruturam a sociedade brasileira – em termos de classe, raça e gênero, entre outros – estão na base das questões abordadas pela série Irmandade. A nova produção brasileira da Netflix, que estará disponível para streaming a partir do próximo dia 25, aborda a realidade conturbada do sistema carcerário brasileiro a partir da história da facção criminosa que dá título à série.

Irmandade é a primeira produção da O2 para a Netflix e fortalece o investimento da gigante do streaming em séries originais brasileiras (até agora, já foram lançadas obras como O Mecanismo, 3%, Samantha!, Coisa Mais Linda e Sintonia). Com elenco principal formado por Seu Jorge, Naruna Costa, os pernambucanos Hermila Guedes e Pedro Wagner, Lee Taylor, Danilo Grangheia e Wesley Guimarães, a obra é, segundo Pedro Morelli, seu showrunner, um trabalho de gênero.

No caso, um thriller. Por isso, os oito episódios da primeira temporada são pontuados por tensão. No entanto, ao invés de investir em um produto pasteurizado, a produção buscou construir uma narrativa instigante e com personagens complexos. Na trama, uma advogada, vivida por Naruna Costa, se vê obrigada a colaborar com a polícia na perseguição à facção criminosa comandada por seu irmão, Edson (Seu Jorge), a quem ela não via há 20 anos, e por Carniça (Pedro Wagner).

“Pedro tem uma escuta muito grande, ele colheu nossas experiências e nos deixou livres para traduzi-las nas personagens. A Cristina, por exemplo, tenta o tempo todo ser guiada pelo caminho do que acredita ser correto. Só que a ideia de correto se quebra à medida em que ela conhece as causas e efeitos de cada situação”, pontuou Naruna em entrevista com a imprensa, quarta-feira (9), em São Paulo.

Para Morelli, não cair em maniqueísmos ou reforçar estereótipos foi uma preocupação que guiou o processo de construção do trabalho, especialmente diante do momento de intolerância que se vive no Brasil e em outras regiões do mundo.

“As pessoas não se ouvem hoje em dia. A bipolarização é muito extrema e parece que tem uma coisa com as mídias sociais que você acaba segmentando cada vez mais esses pólos (...) Nesse sentido, fazer uma série para a Netflix, que é uma plataforma, além de global, mas que no Brasil também se comunica com todo mundo, é um grande privilégio de se comunicar com todos os lados”, pontuou Pedro Morelli.

Ainda de acordo com Morelli, foram cerca de dois anos entre todas as etapas, da elaboração do roteiro até a pós-produção. Ele ressaltou ainda que o roteiro foi resultado de muita pesquisa sobre a realidade carcerária do país, o surgimento das facções criminosas nos presídios, e o contexto histórico nacional (a série é ambientada em 1994).

“A gente conversava muito sobre esse senso de responsabilidade para não ser compreendido de forma leviana, ao mesmo tempo deixando liberdade para que o olhar do espectador tenha espaço para tirar suas próprias conclusões. Essa contradição está em todos os personagens, nos dilemas”, afirmou Pedro Wagner.

IMERSÃO

Os números de Irmandade impressionam: foram 85 dias de filmagens, muitos deles em uma ala desativada de um presídio em Curitiba, cerca de 40 locações e 500 figurantes. Sobre o clima de filmagens, Seu Jorge lembra que estar em uma unidade carcerária localizada em um complexo que ainda abriga vários detentos o colocou em um estado reflexivo.

“Senti muito forte o valor que tem a liberdade. Foi rico, não ficamos só no plano da fantasia, ficamos bem perto de uma realidade que está aí e fomos acolhidos com respeito. De todos os aprendizados que tive nos projetos que fiz, esse foi um dos mais importantes, me deu a possibilidade de entender o quanto é valioso estar em qualquer lugar onde você queira estar, com as pessoas que você ama”, reforçou Seu Jorge.

* O repórter viajou a São Paulo a convite da Netflix.

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