Empresas que se dizem de marketing multinível e são suspeitas de praticarem esquemas de pirâmide financeira, um crime contra a economia popular, estão ensaiando voltar ao mercado. A paulista BBom teve autorização do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF/1ª) para movimentar contas, pagar débitos como luz e água e também para vender produtos – desde que longe da fórmula polêmica de lucro fácil e alto que motivou sua paralisação pela Justiça. A empresa já anunciou um novo modelo de negócios. Já a pernambucana Priples, cujo processo corre em segredo de Justiça, publicou nas redes sociais mensagens sugerindo novidades para a próxima semana. Os movimentos preocupam o Ministério Público Federal (MPF) e a Associação Brasileira de Vendas Diretas (ABEVD), que recomendam “máxima cautela” aos interessados.
Na segunda-feira passada, ao julgar um mandado de segurança da BBom, o TRF da 1ª Região autorizou a empresa a fazer vendas diretas, comércio efetivo de produtos, com bonificação por indicação de clientes. A decisão veta a “prática de pirâmide financeira nos moldes como a empresa praticava anteriormente”. A BBom conseguiu ainda a liberação de verbas exclusivamente para “pagamento de dívidas trabalhistas e tributárias devidamente comprovadas, bem como para pagar água, luz e material de expediente, necessários para o funcionamento da empresa”, segundo nota oficial do MPF de Goiás.
Na mesma nota, o Ministério Público alerta para a massiva divulgação de um “novo modelo” de negócios em implantação pelo grupo e alerta os consumidores para terem “máxima cautela” antes de aderir ao novo plano. Destacando não fazer pré-julgamento do novo modelo, ainda não revelado ao público, os procuradores da República Mariane Guimarães e Hélio Telho orientam os interessados a realizarem uma detalhada análise da proposta, tendo em vista o histórico da empresa.
Ontem, no site da BBom, parte do Grupo Embrasystem, havia duas opções: acessar o site do modelo “antigo” e o novo – quando o internauta clica neste último, aparece apenas uma tela de acesso com a marca Embrasystem. No antigo, três comunicados, com textos distintos e em diferentes páginas, falam do caso, com alertas como “a BBOM não está recebendo a adesão de novos associados, seja através de seus sites ou de seus associados, e, por conseguinte, não está recebendo as mensalidades daqueles admitidos no sistema”. Nas redes sociais há mais orientações, indicando que os associados passariam pelas seguintes etapas: atualização cadastral, confirmação dos dados, apresentação do novo modelo, portfólio dos produtos e lançamento.
No caso da Priples, o dono da empresa, Henrique Lima, postou no fim do mês passado a mensagem “em 11/11/2013 #Inovapriples”, mesmo conteúdo da última postagem nas redes sociais da empresa. Mas o site oficial ainda exibe a mensagem publicada por determinação da Justiça, informando que “estão proibidas novas adesões à empresa Priples. (...) Estão proibidos os pagamentos de comissões, bonificações e quaisquer outras vantagens aos participantes”.
Consultado sobre a volta da empresa sob um novo modelo de negócios, um dos advogados da Priples, Ronnie Duarte, comentou que “depende de autorização do poder judiciário”. No entanto, ele admite que “está sendo verificada a hipótese de uma reestruturação da própria empresa, sempre a partir do poder judiciário”.
“Estamos trabalhando para poder comprovar a regularidade do modelo de negócios da Priples”, declarou o advogado. Em relação à mensagem das redes sociais, Duarte informou que somente Henrique Lima poderia explicar, o que não teria sido possível ontem – até o início da noite, o advogado informou não ter conseguido contato com o empresário.
Confira a reportagem completa na edição desta quarta (6), do Jornal do Commercio.