Sustentabilidade no Polo de Confecções do Agreste

Artista Leopoldo Nóbrega faz experimentações em seu ateliê em Toritama
Adriana Guarda
Publicado em 17/06/2019 às 15:28
Artista Leopoldo Nóbrega faz experimentações em seu ateliê em Toritama Foto: Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem


Há 20 anos, o multiartista Leopoldo Nóbrega começou a cruzar a BR-232 para fazer uma imersão criativa no Polo de Confecções do Agreste. Primeiro, encantou-se pelo universo da estamparia em Santa Cruz do Capibaribe e, depois, apaixonou-se pelo jeans de Toritama. Montou um ateliê na terra do índigo e continua desbravando a região até hoje. Foi a partir das sobras das fábricas que surgiu a inspiração para criar figurinos com retalhos em formas triangulares e geodésicas. A ideia acabou vestindo o Galo da Madrugada deste ano, que teve como tema "Galo Artesão".

Depois de assinar a escultura do Galo, Leopoldo criou uma coleção que recebeu o título de "Pele de Galo" – em exposição até o próximo dia 30 no Marco Pernambucano da Moda, no Bairro do Recife – e terá uma nova edição no dia 5 de julho no Itep de Caruaru, durante inauguração do Marco Pernambucano da Moda no Agreste. “O Polo de Confecções é meu ambiente experimental da moda disruptiva. Passei muitos anos lá investigando, conhecendo, conversando com os empresários da região e produzindo”, diz Leopoldo, contando que atualmente o ateliê se dedica à pesquisa em desenvolvimento sustentável com os resíduos do Polo de Confecções. “Minha ideia é empreender, entender e gerar matrizes conceituais para que o polo tenha uma linguagem contemporânea de moda. Durante muito tempo se falou em agregar design, mas isso já virou obrigatoriedade para qualquer produto. O que precisa agora é ter consciência ambiental e responsabilidade com o que se está produzindo”, defende.

Distribuído por dez municípios, com destaque para Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe, o Polo de Confecções do Agreste tem mais de 15 mil negócios espalhados pela região e gera emprego para 100 mil pessoas. Criado por iniciativa dos próprios empreendedores locais, o Polo foi desenvolvendo e tentando aperfeiçoar a produção, que encontra nas regiões Norte e Nordeste seus principais compradores. Ao longo dos anos, vem enfrentando questões como o alto índice de informalidade, a deficiência na padronização das peças, a incorporação de design e a adesão à sustentabilidade.

MODA 4.0

“A moda vem sofrendo processos radicalíssimos dentro da indústria 4.0. E não se trata de ser catastrófico ou apocalíptico, mas o Polo de Confecções terá que acompanhar esse movimento se não quiser ficar desconectado desse universo. Hoje não existe desemprego na região, mas amanhã poderá ter uma região toda desqualificada por conta dessa mudança comportamental que o negócio da moda exige. Minha utopia é vivenciar o momento em que o polo terá um produto desejável pelas pessoas pelo seu valor percebido”, deseja Leopoldo.

Hoje algumas empresas do setor já utilizam tecnologias como unidades de tratamento de água e máquinas de laser, que geram menos resíduos e otimizam processos como corte, desgaste do jeans, gravação de texturas, digitação de textos, etiquetas e embalagens.

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