Além das baterias, as possibilidades que estão sendo estudadas pelo setor elétrico brasileiro para armazenar energia incluem o acúmulo em hidrogênio, em usinas reversíveis, em ar comprimido em cavernas de sal, entre outros. E isso não faz parte de um futuro distante. Essas propostas foram aprovadas como projetos de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que considera estratégico o desenvolvimento de sistemas de armazenamento de energia “de forma integrada e sustentável”.
A Companhia Hidro Elétrica do São Francisco está trabalhando num projeto que vai permitir a acumulação da energia num fluido térmico, aquecido por um sistema de geração solar. “Durante o dia, a geração solar aquece o fluido térmico. À noite, esse fluido térmico vai se transformar em vapor, sendo colocado numa turbina a vapor, que vai gerar energia”, resume, de uma forma didática, o superintendente da engenharia de geração da Chesf, Douglas Nóbrega. Esse tipo de geração é chamada de heliotérmica.
E, nesse caso, traz uma grande vantagem: permite que a geração dessa energia que tem como fonte a radiação solar ocorra à noite. A planta do futuro projeto será inferior a 1 megawatt. “O importante é entender como funciona. É interessante manter o que a gente já conhece, mas procurar as inovações, porque isso vai dar frutos em breve”, conta Douglas.
“As empresas do setor elétrico devem se preparar para armazenar energia. O projeto que trabalho prevê um armazenamento de 500 quilowatts-hora (kWh) em hidrogênio comprimido em tanques. Esse processo devolve 30% do que foi armazenado no hidrogênio”, conta o professor colaborador do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético da Universidade de Campinas (Unicamp), Ennio Peres da Silva. Entre as opções de armazenamento estudadas, ele acredita que o bombeamento de água pode se tornar a mais convencional. A água bombeada por um sistema solar armazena energia.
Ennio defende que as grandes hidrelétricas brasileiras deveriam instalar painéis solares nos reservatórios. “Elas trabalham com uma capacidade que varia de 50% a 70%, por não terem estoque de água suficiente. O jogo de armazenamento de energia seria na forma de água (dos reservatórios) e geração fotovoltaica. As hidrelétricas têm subestações, linhas de transmissão que estão subestimadas e aí passariam a receber mais energia sem ter um custo adicional”, conclui. A Chesf colocou 3,7 mil placas fotovoltaicas em cima do lago de Sobradinho que vão começar a gerar energia em 1º de julho próximo.