Em situação financeira delicada, o Sport deve receber outra notícia ruim neste começo de ano. O patrocínio da Caixa Econômica Federal, que estampa a camisa do Leão desde 2014, não deve ter sequência. A continuidade do investimento do banco estatal no futebol brasileiro virou uma grande interrogação, deixando em alerta 25 clubes. Na verdade, de acordo com informações da Folhapress, as equipes que tiveram contrato de patrocínio com a Caixa em 2018 receberam um aviso no final do ano passado. O banco não renovaria os acordos para 2019. A assessoria da Caixa disse que os contratos vigentes ou encerrados estão em reavaliação.
Na última segunda-feira, quem falou sobre o assunto foi o ministro da economia, Paulo Guedes, durante cerimônia de posse do presidente da Caixa, Pedro Guimarães. Ele sugeriu que “é possível fazer coisas 100 vezes melhores com menos recursos do que gastar com publicidade para o futebol”. O presidente Jair Bolsonaro, via Twitter, também já havia se pronunciado sobre o valor que o banco destinava à publicidade.
Depois de estampar a marca da Caixa sem receber nada por isso durante dez meses – estava sem todas as certidões negativas com a Receita Federal –, o Sport anunciou no dia 1º de novembro do ano passado a renovação do patrocínio até o próximo dia 28 de fevereiro. O Leão receberá R$ 2,8 milhões até o final desse contrato. Vale a pena lembrar que o Náutico também estampou a marca da Caixa em sua camisa em 2016 e 2017 – para a temporada atual, o clube da Rosa e Silva fechou com o Real Hospital Português. Já o Santa Cruz tentou algumas vezes fechar com o banco estatal, mas o acordo não se concretizou.
Apesar da ameaça da saída da Caixa do futebol, a nova diretoria do Sport preferiu não se pronunciar sobre o assunto. “O Sport não pode manifestar nada, porque não tem como especular. Não houve um comunicado formal sobre o encerramento do patrocínio, então não tem como avaliar uma situação que não é real até o momento”, observou o vice-presidente rubro-negro, Carlos Frederico.
Já outros dirigentes, como o presidente do CSA, Rafael Tenório, fala abertamente da situação. “A Caixa nos informou que não vai continuar. O que nos pagaram não foi um valor fora da realidade. Se tirar os impostos, são R$ 100 mil mensais. O ministro pode ficar tranquilo que a Caixa não vai quebrar por causa do CSA”, disse o dirigente. “Preocupa (a saída) porque fazemos planejamento com isso. O patrocínio é bom para o banco” opinou Marcelo Paz, presidente do Fortaleza.
A instituição estatal injetou no futebol R$ 191,7 milhões em 2018, segundo levantamento feito pelo Diário Oficial. Os dados incluem, além dos clubes, patrocínios para alguns torneios. Dos times que ficaram sem verba da Caixa no ano passado, somente tinham patrocínio principal fixo Chapecoense, Palmeiras, São Paulo, Grêmio e Internacional (os dois últimos de banco do governo do Rio Grande do Sul). Corinthians, Fluminense e Vasco tiveram anunciantes pontuais.
“A Caixa não entrou para fazer negócio, foi um assistencialismo do governo. Tanto que não há divulgação positiva para o banco, como um estudo que vendeu mais para torcedores do time X. Como não teve essa visão, o novo governo quer demonstrar austeridade”, disse Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM em São Paulo.
Considerado o faturamento de R$ 595 milhões do Flamengo em 2017 (segundo estudo do Itaú BBA), os R$ 32 milhões da Caixa representam 5,4% da receita anual. Menos do que o Ceará, que tem nos R$ 6,7 milhões pagos pelo banco 24,8% da arrecadação anual.
Há clubes que já começaram a se preparar no final do ano passado para a vida pós-Caixa. O presidente do Cruzeiro, Wagner Pires, afirmou que os contratos de patrocínio para o uniforme da equipe em 2019 estão quase completos.[/TEXTO] “Temos de respeitar a política da empresa. Se não continuar patrocínio para ninguém, tudo bem. Mas se acabar para alguns e continuar para outros, aí vou ficar indignado”, afirmou Robinson de Castro, presidente do Ceará.