Os arredores do Edifício Andréa, que desabou na última terça-feira (15) começam a voltar à rotina no primeiro dia útil após o fim das buscas de vítimas no último sábado, 19. A menos de 100 metros do local, comerciantes procuram voltar à rotina. Na esquina da rua Joaquim Nabuco com a Tomás Acioli, donos e funcionários dos estabelecimento vão tirando a poeira, varrendo a calçada e organizando os produtos.
Na travessa Potiguar, Adalberto da Silva, o Bolinha, também espera que a vida volte, aos poucos, ao seu trajeto cotidiano. Com galões de água ainda cobertos de areia e chão por varrer, o salgadeiro conta que parou a vida há uma semana. Desde o primeiro impacto, o barulho “como se fossem cinco vagões virando”, o movimento na cozinha passou a ser para fornecer doações aos trabalhadores, familiares e voluntários. “As lojas começaram a abrir hoje, mas ainda é difícil pela retirada dos entulhos”, explica.Ele opina que mesmo com a volta do comércio, “ainda ficará mais difícil”. “Ninguém sabe o que será feito aí, se será uma pracinha ou um novo prédio, mas nada será como antigamente”, projeta, mencionando o medo e a tristeza que ainda se sente no ar.
Na manhã desta segunda-feira, 21, a movimentação de carros e pedestres na área está próximo do normal. Apenas quatro cruzamentos seguem interditados; o trânsito será completamente liberado somente quando todos os entulhos forem retirados do local.
- Rua Tibúrcio Cavalcante X Avenida Antônio Sales
- Rua Dr. Walder Studart X Rua Joaquim Nabuco
- Rua Walter Bezerra de Sá X Rua Nunes Valente
- Rua Tomás Acioli X R Joaquim Nabuco
Uma manhã que de longe parece comum foi mostrando, nesta segunda, as cicatrizes deixadas pelo desabamento conforme se observa mais de perto. Caminhões caçamba entram e saem pela rua Joaquim Nabuco com a frequência que os trabalhos da perícia permitem. Pertences pessoais, destroços de veículos, lembranças e utensílios domésticos se misturam ao ferro e concreto do que há uma semana formava o prédio de 38 anos.
A Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) e a Defesa Civil de Fortaleza trabalham para elucidar as causas da tragédia ao mesmo tempo em que preservam tudo que ainda é possível. Os materiais estão sendo armazenados e serão disponibilizados para moradores e familiares em espaço ainda não definido pela Prefeitura. Viaturas da Guarda Municipal e da Polícia Militar ainda guardam o lugar.
Pessoas que passam caminhando param nas grades e tentam saber informações. Trabalhadores que garantem a segurança dos bloqueios contam que ao menos uma dezena de curiosos para a cada turno do dia. Alguns deles observam de longe e sacam seus celulares para registrar o momento. Uma parte mora nas proximidades, outra apenas aproveita que está por perto.
Alguns voluntários seguem na região para atender às necessidades dos trabalhadores que retiram os entulhos. Mesas e isopores montados ao lado das grades de bloqueio na rua Tibúrcio Cavalcante são organizados pelas mãos de dois ou três voluntários por vez. Movidas pela solidariedade, elas fornecem água, suco, frutas, biscoitos e outros alimentos que chegam por doação.
“O voluntariado diminui bastante com o fim das buscas, mas a gente permaneceu. Temos recebido algumas doações e fazendo como a gente consegue para dar um apoio aos trabalhadores”, explica Fábio Menezes. O publicitário que mora na Praia de Iracema explica que um grupo de oito pessoas formou-se desde a tragédia em “uma grande corrente de ajuda”.
Na noite desta segunda-feira, completa-se uma semana desde o desabamento. Em homenagem às vítimas e suas famílias, o grupo está organizando uma pequena celebração a partir das 19 horas.
Ao menos sete imóveis vizinhos ao prédio foram afetados pelo desabamento. Por isso parte do trabalho da Defesa Civil é fazer a vistoria das residências a fim de garantir a segurança e providenciar apoio aos moradores desapropriados. Nesta manhã, o coordenador da Defesa Civil de Fortaleza, Luciano Agnelo, afirmou que cinco casas continuam interditadas. A pasta deve fornecer mais informações durante esta tarde.