O presidente Jair Bolsonaro(PSL) afirmou na noite desta terça-feira (29), em transmissão ao vivo pelo Facebook, que não deve nada a ninguém e que "não tinha motivo nenhum para matar quem quer que seja no Rio de Janeiro". Bolsonaro usou a live para responder à reportagem do Jornal Nacional, da Rede Globo, veiculada pouco antes, que afirmou que um suspeito da morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) visitou o condomínio onde ele mora no Rio no dia do crime. "Nós vamos resistir, a verdade está ao meu lado", afirmou o presidente.
Ainda na live, realizada em Riad, na Arábia Saudita, onde está em viagem oficial, Bolsonaro atacou o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC). O presidente acusou o antigo aliado de ter vazado o inquérito sobre Marielle, que "está em segredo de Justiça". Bolsonaro acusou o governador do Rio de querer "destruir" a sua família para "chegar à Presidência da República". "Por que essa sede pelo poder, senhor governador Witzel?", questionou.
Durante toda a transmissão, realizada durante a madrugada saudita, Bolsonaro mostrou-se bastante irritado, falou em tom exaltado e conteve o choro ao menos uma vez. Ele disse estar à disposição para falar com a polícia na investigação sobre a morte de Marielle. "Eu gostaria muito de falar neste processo, conversar com esse delegado", disse. Bolsonaro afirmou que, "pelo que tudo indica", o processo sobre a morte de Marielle está "bichado" e pediu ao Conselho Nacional do Ministério Público que "supervisione o processo".
Bolsonaro disse que estava na Câmara no dia em que o suspeito foi ao condomínio, informação também divulgada pela reportagem do Jornal Nacional.
O presidente também relatou que seus filhos estão sofrendo por causa de investigações. "Vocês não têm como me pegar e ficam inventando patifaria", reagiu, enfático. "Eu seguro a onda, tenho uma tremenda responsabilidade", disse. Bolsonaro declarou que trabalha para o bem do País: "Se o Brasil der errado, todo mundo vai para o espaço".
Na live, o presidente disse também que quer saber quem mandou matá-lo, em referência à facada da qual foi vítima durante a campanha presidencial, em Juiz de Fora (MG). O autor do atentado, Adélio Bispo, foi declarado inimputável pela Justiça.
Ao citar a crise no PSL, Bolsonaro pediu ao partido "transparência". "Porque vai dar problema nas contas do partido e, se eu não tivesse tomado providência, eu ia pagar o pato", declarou, sobre o pedido de auditoria que fez.
Durante a transmissão, Bolsonaro afirmou que não irá "perseguir" a Rede Globo no processo de renovação da concessão da TV, em 2022. No entanto, disse que o processo tem de "estar limpo". "Se não estiver limpo, legal, não tem renovação da concessão de vocês (Globo) e de TV nenhuma", disse.
Um pouco depois do fim da transmissão, Bolsonaro reiterou as declarações em entrevista ao Jornal da Record, da RecordTV.