Bolsonaro diz que 'pegou' gravação em condomínio, mas nega obstrução de Justiça

'Não fizemos cópia de nada, não levamos a secretária eletrônica a lugar nenhum', disse o presidente
JC Online
Publicado em 02/11/2019 às 21:37
'Não fizemos cópia de nada, não levamos a secretária eletrônica a lugar nenhum', disse o presidente Foto: Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil


Após ter dito mais cedo que "pegou" as gravações da portaria de seu condomínio no Rio de Janeiro "antes que fossem adulteradas", o presidente Jair Bolsonaro disse, em entrevista ao site "O Antagonista", que é "forçação de barra" interpretar a ação como uma suposta obstrução de justiça.  

“Não fizemos cópia de nada, não levamos a secretária eletrônica a lugar nenhum. Meu filho foi lá, botaram na tela 14 de março do ano passado e onde tinha ligação para as duas casas, para a minha e a dele, ele clicou em cima e gravou o áudio. Nada mais além disso. Qualquer outra interpretação é forçação de barra", declarou o presidente. 

No fim da manhã deste sábado (2), Bolsonaro disse a jornalistas em Brasília que "pegou" as gravações de ligações da portaria do Condomínio Vivendas da Barra "antes que fosse adulterada". Na fala, o presidente não especificou a data do suposto acesso ao arquivo, nem disse quem acessou. 

Depoimento

Na última terça-feira (29), o Jornal Nacional, da TV Globo, apontou que um porteiro do condomínio de Bolsonaro, em depoimento, disse que Élcio Queiroz, um dos suspeitos de assassinar Bolsonaro, pediu autorização na casa de Jair Bolsonaro para entrar. Após a ligação, Élcio seguiu para casa de Ronnie Lessa, outro suspeito de participar do assassinato. O Ministério Público desmentiu o depoimento do porteiro.

No dia seguinte à revelação, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) mostrou gravações da portaria do condomínio e insinuou que não havia registro de ligação para a casa de Bolsonaro

Oposição denuncia

Após a fala do presidente, os líderes da oposição na Câmara e no Senado, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) e senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vão apresentar uma denúncia contra o presidente Jair Bolsonaro por obstrução de justiça na Procuradoria-Geral da República. 

"Acompanhamos com perplexidade o presidente da República confessar publicamente que se apropriou ilegalmente de provas essenciais para a investigação de um crime que acaba de completar 600 dias sem solução. Não cabe ao presidente da República determinar a apreensão de provas”, disse Alessandro Molon. “Esperamos que se determine o quanto antes a devolução do material apreendido pelo presidente da República e que o mesmo responda perante a Justiça pelo ilícito que confessou ter praticado”, afirmou Molon.

Repercussão

A fala do presidente Bolsonaro repercutiu imediatamente nas redes sociais. "É o caos. É o fim. Se nada acontecer depois disso, acabou a justiça”, postou neste sábado (2) nas redes sociais o youtuber Felipe Neto, crítico do presidente. Felipe Neto acusou ainda Jair Bolsonaro de agir com obstrução de justiça no caso Marielle. 

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