Igor Maciel*
O fiado é uma instituição que homenageia a força da palavra dada e a credibilidade. Uma das últimas fronteiras do fiado era o setor público. O que sempre se dizia era que vender para o governo era ruim porque se demorava a receber, mas se recebia no prazo.
Em Pernambuco, até essa fronteira está comprometida, porque o que garante o fiado é o pagamento e, por aqui, fornecedores ficam sem receber por tempo demais, ou simplesmente vão sendo deixados de lado. O mais forte sintoma dessa quebra de credibilidade pode ser observado na crise do óleo no litoral, essa semana.
O governo de Pernambuco está tendo dificuldades nas licitações para limpeza das praias, na compra de materiais, e isso simplesmente porque as empresas que fornecem produtos para a remoção de resíduos não compareceram. É como se nao tivessem interesse em vender. Algo parecido com o que acontece na Farmácia do Estado, fazendo muitas vezes com que faltem medicamentos para a população porque empresas temem não receber pelos produtos vendidos e se recusam a participar de licitações. Quanto mais emergencial, maior a preocupação.
O fiado é algo sagrado. O feirante e o dono do mercadinho sabem disso. O governo também precisa entender.
*Igor Maciel e titular da coluna Pinga Fogo