''Aquela máquina é para derrubar qualquer um'', diz ex-ministro Mendonça Filho sobre a Educação

Mendonça Filho disse que a educação não exige ideologização e negou ter expectativa de substituir Abraham Weintraub
Cássio Oliveira
Publicado em 31/01/2020 às 16:00
Mendonça Filho defende também a gratuidade da taxa de inscrição do Enem para todos os candidatos Foto: Foto: Wilson Dias/Agência Brasil


Ex-ministro da Educação do governo Michel Temer (MDB), o pernambucano Mendonça Filho (DEM) não vê com bons olhos ideologizar a pasta. Em entrevista à Rádio Jornal, nesta sexta-feira (31), o pernambucano também disse não ter expectativa de reassumir o Ministério caso ao atual ministro, Abraham Weintraub, perca o posto após a repercussão negativa da falha na correção das provas do Enem.

"Não trabalho com a expectativa de assumir o Ministério da Educação. Aquela máquina é para derrubar qualquer um. Quando assumi, muita coisa estava na gaveta, como promessa de ser entregue a reforma do ensino médio, mudanças no Enem. Houve confusão agora, mas todos os nossos exames foram tranquilos. Meu legado está feito, muita coisa foi realizada, nosso trabalho foi de base. Acho que a educação não exige ideologização, tem de ter foco, valorização do professor, foco no aprendizado do aluno para mudar a realidade do Brasil", afirmou Mendonça Filho.

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Com o cenário de crise no MEC, nomes começam a ganhar força para assumir a pasta, entre eles o do próprio Mendonça. De acordo com informações do correspondente da Rádio Jornal em Brasília, Romoaldo de Souza, fontes próximas do Palácio do Planalto afirmam que o grande impasse que pesa sobre a definição de Mendonça - que foi ministro do MEC no governo de Michel Temer (MDB) -, é o seu partido, o DEM. A sigla já ocupa três ministérios no governo Bolsonaro: Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

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Além disso, o Democratas também detém as presidências da Câmara dos Deputados, com Rodrigo Maia (RJ) e do Senado Federal, com Davi Alcolumbre (AP). Essa não é a primeira vez que o ex-ministro tem seu nome cotado para retornar ao Ministério. No período de transição do governo, ele participou ativamente desse processo para auxiliar a equipe de Bolsonaro.

Confira o debate:

No entanto, o escolhido sob argumento de ser um quadro técnico foi Ricardo Vélez Rodríguez - exonerado no dia 8 de abril, com menos de três meses de governo. "Acho que a educação não exige ideologização, tem de ter foco, valorização do professor, foco no aprendizado do aluno para mudar a realidade do Brasil", disse o pernambucano.

cabe lembrar, que em sua coluna desta sexta-feira (31), o colunista Alberto Bombig, da Coluna do Estadão, coloca o ex-ministro Mendonça Filho (DEM) como melhor opção para os eleitores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para disputar a Prefeitura do Recife, na eleições 2020. 

"Se houver um consenso em torno do meu nome, vou para a disputa com maior prazer e com muita determinação para mudar o Recife. Se meu nome não for o melhor para reunir a oposição, tenho total disposição de apoiar nomes fortes como é o caso do deputado Daniel Coelho sem problema", afirmou o ex-ministro.

PREOCUPADO COM LIKES

A pressão para que o presidente substituta o ministro Weintraub vem em uma crescente nos últimos meses, mas ficou ainda maior na última semana por causa da falha no Enem, que levou à suspensão do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Também presente no debate da Rádio Jornal, o líder do Cidadania na Câmara dos Deputados, Daniel Coelho, afirmou que o Ministério da Educação precisa de um perfil técnico e não de alguém que se preocupe em ganhar likes, em referência ao perfil do ministro nas redes sociais, que é considerado polêmico.

"O MEC é um grande desafio. O problema do atual ministro, nem acho que seja falta de conhecimento técnico, acho que ele tem algum. A questão é que toda hora ele quer criar polêmica, fazer confusão, jogar para a plateia, se trocar com aluno sobre erro no Enem no Twitter. Falta equilíbrio para um ministério importante. Acho que ele começa com bons projetos como o Future-se, é um bom debate para o Brasil, mas o ministro precisa de compostura. Não pode postar foto colocando a cabeça onde os escravos colocavam para levar chicotada. O ideal era que tivéssemos alguém preocupado com resultados e não preocupado com quantos likes ganha nas redes sociais", afirmou.

Outro líder da Câmara, desta vez o do Solidariedade, Augusto Coutinho, disse ter a impressão de que o ministro quer mostrar serviço ao chefe (o presidente Bolsonaro) e cria embraço ao governo. "O sentimento é de que o ministro está muito desgastado, e esse sentimento não é só em Brasília", disse.

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Coutinho ainda disse ser normal as críticas do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, à gestão do MEC. Maia afirmou nesta semana que o ministro da Educação é um "desastre" e atrapalha o futuro das novas gerações. "Ele está comprometendo o futuro das novas gerações, e a cada ano que se perde com ineficiência e com o discurso ideológico de péssima qualidade, prejudica os anos seguintes da nossa sociedade. Mas quem nomeia e quem demite é o presidente", criticou.

"Acho que as criticas de Maia fazem parte. Bolsonaro desde o início fez questão de que o tratamento com o parlamento fosse diferente e foi até bom, pois hoje há uma independência, há uma harmonia em temas importantes para o Brasil, como foi a Previdência, mas a Câmara tem sua pauta, sua agenda. E tem pontos que o presidente da Câmara, como representatividade de todos os deputados, é natural que se posicione. Ele não é aliado, nem oposição, a independência é boa. Ele se posiciona, ele diz muitas vezes o que as pessoas queriam dizer. Hoje, temos um Brasil que está polarizado, ou você adora Bolsonaro ou adora a esquerda e o PT. Não é assim, temos quem aplaude ações do governo e critica quando é preciso", afirmou o deputado federal Augusto Coutinho.

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